Moedas digitais ganham espaço como alternativa à moeda tradicional
No Brasil, o mercado de criptomoedas está se expandindo rapidamente, mas o país tem se destacado por seu sistema financeiro avançado
As moedas digitais estão se tornando cada vez mais presentes no cenário financeiro global, sendo vistas tanto como uma alternativa à moeda tradicional quanto como uma forma de investimento. A digitalização da economia avançou rapidamente e, no futuro, as transações financeiras podem ser realizadas exclusivamente por meio de moedas digitais, eliminando a necessidade de dinheiro físico.
No Brasil, o retorno de Neymar ao Santos também impactou o mercado de criptoativos. O Fan Token do clube, um ativo digital lançado em dezembro de 2021, teve uma valorização de quase 20% em 24 horas. Segundo dados do CoinGecko, seu preço saltou de US$2,81 para US$3,36 na terça-feira (28), impulsionado pela excitação da torcida e pelo impacto midiático da volta do jogador. Os fan tokens garantem benefícios exclusivos aos torcedores, como participação nas decisões do clube, mas seu valor pode oscilar devido à especulação do mercado.
Samuel Leão, jornalista e empresário, compartilha sua experiência como investidor conservador no mercado de criptomoedas. Para ele, uma das formas mais seguras de operar é através do hold , uma estratégia de compra e manutenção dos ativos por um longo prazo, na esperança de que eles se valorizem. “Eu faço exclusivamente hold, que é comprar moeda pelo preço que ela está, trocando por dólar ou real e guardá-la, esperando realmente de médio a longo prazo”, explica Samuel. Ele compara essa abordagem à compra de dólar, onde o objetivo é fazer com que o ativo se valorize com o tempo.
Essa estratégia de longo prazo, que envolve a compra de moedas e a esperança pela valorização natural do mercado, é considerada mais segura para investidores que buscam construir patrimônio sem se expor ao risco constante de flutuações de curto prazo.
No entanto, Samuel também destaca outra prática popular no universo das criptomoedas: o trade . Diferentemente do hold, o comércio envolve transações rápidas, onde o investidor compra e vende ativos em curtos períodos, aproveitando as variações do mercado. “O comércio é famoso porque consegue, através de alavancagens, aumentar os ganhos, mas também pode aumentar as perdas. É uma operação de risco que exige experiência constante e acompanhamento do mercado”, alerta Samuel.
Porém, o economista Luiz Carlos Ongaratto, embora reconheça o potencial de valorização das criptomoedas, ressalta que, devido à volatilidade extrema, esses ativos devem ser tratados com cautela. “O consumidor, o investidor, precisa entender que uma criptomoeda é um investimento altamente volátil. Não é uma renda fixa, é mais uma aposta em relação às oscilações do mercado. Se você precisa de segurança para a aposentadoria, esse não é o caminho ideal” , destaca Ongaratto, refletindo sobre o risco envolvido nesse tipo de ativo.
Ongaratto também destaca que, ao contrário das moedas tradicionais, as criptomoedas não possuem a segurança e o último que as moedas nacionais, como o real, garantem. As moedas digitais emitidas por bancos centrais, como o real digital, são regulamentadas e baseadas em sistemas financeiros robustos, oferecendo maior proteção aos investidores. Já as criptomoedas, por serem descentralizadas, seguem regras próprias, sem uma base sólida de segurança. “As criptomoedas seguem suas próprias regras de emissão, quantidade e último, sem a segurança que um banco central pode oferecer. Isso faz com que elas não sejam comparáveis às moedas emitidas pelos bancos centrais”, explica o economista.
Enquanto Samuel compartilha sua experiência de sucesso com investimentos conservadores em criptomoedas, Ongaratto alerta sobre o potencial de impacto dessas transações na economia real. Quando os investidores optam pelas criptomoedas, eles deixam de direcionar recursos para setores tradicionais da economia, como habitação e agronegócio. “Quando o investidor coloca seu dinheiro em criptomoedas, esse recurso deixa de ser destinado a financiamentos tradicionais, como a habitação ou o agronegócio”, afirma Ongaratto.
No Brasil, o mercado de criptomoedas está se expandindo rapidamente, mas o país tem se destacado por seu sistema financeiro avançado e pela infraestrutura robusta para transações digitais. “O Brasil está entre os países com a tecnologia financeira mais avançada, com uma digitalização da economia crescente e um alto nível de bancarização”, observa Ongaratto. Ele vê com otimismo a implementação de moedas digitais oficiais, como o real digital, que devem proporcionar mais segurança nas transações e fortalecer o sistema financeiro do país.