Adolescentes e a dificuldade de distinguir o real do falso na era da IA
Estudo revela que jovens enfrentam desafios para avaliar a autenticidade das informações online, gerando uma onda de ceticismo em relação ao conteúdo digital
Um estudo da Common Sense Media, intitulado “Adolescentes, confiança e tecnologia na era da IA”, trouxe preocupaçõe sobre a capacidade dos adolescentes de discernir entre o que é real e o que é falso no ambiente digital. Realizada com 1.045 jovens entre 13 e 18 anos nos Estados Unidos, a pesquisa revelou que mais de 40% dos adolescentes já se depararam com imagens ou vídeos que, embora parecessem reais, eram manipulados. Essa dificuldade em identificar conteúdo autêntico levanta questões sobre a confiança dos jovens nas plataformas digitais e nas informações que consomem.
Os dados mostram que 35% dos adolescentes relataram ter sido enganados por conteúdos falsos circulando na internet, enquanto 22% admitiram compartilhar informações que posteriormente descobriram ser falsas. Essa situação é exacerbada pela ascensão das tecnologias de inteligência artificial, que não apenas facilitam a criação de conteúdos manipulados, mas também geram incertezas sobre as interações digitais. Mais de um quarto dos entrevistados (28%) expressou dúvidas sobre se estavam conversando com um humano ou um chatbot em ambientes virtuais, evidenciando a crescente complexidade das interações online.Além disso, o uso de ferramentas de IA generativa para tarefas escolares trouxe à tona novas preocupações.
Aproximadamente 39% dos adolescentes que utilizaram essas ferramentas encontraram imprecisões nas respostas fornecidas. Essa experiência negativa contribui para um sentimento geral de desconfiança em relação às empresas de tecnologia, onde 64% dos jovens afirmaram não confiar que essas organizações priorizam seu bem-estar. A falta de transparência e a sensação de impotência em relação ao controle sobre seus dados pessoais intensificam essa desconfiança.
A pesquisa também destacou a necessidade urgente de regulamentação e educação midiática. James P. Steyer, CEO da Common Sense Media, enfatizou a importância de ações coordenadas entre formuladores de políticas, educadores e os próprios jovens para pressionar as grandes empresas de tecnologia a criar um ambiente digital mais seguro e confiável. 73% dos adolescentes entrevistados expressaram o desejo de que o conteúdo gerado por IA fosse claramente rotulado ou tivesse uma marca d’água para facilitar a identificação entre o conteúdo genuíno e o produzido por máquinas.
Com a evolução rápida das tecnologias digitais e da inteligência artificial, torna-senecessário implementar estratégias eficazes para educar os jovens sobre como avaliar criticamente o conteúdo digital e navegar com segurança no ambiente online. A construção de uma cultura digital mais saudável depende do fortalecimento da confiança nas informações e na promoção da transparência nas interações digitais.