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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Semipresidencialismo

Três décadas depois mudança de sistema de governo volta a ser debatida no Brasil

Proposta de semipresidencialismo, protocolada na Câmara, tem sinal verde para iniciar tramitação na Casa. No entanto, Congresso não tem pressa na discussão

Bruno Goulartpor Bruno Goulart em 9 de fevereiro de 2025
Três décadas depois mudança de sistema de governo volta a ser debatida no Brasil
Foto: Agência Brasil

Após 30 anos, o Congresso Nacional retoma o debate sobre uma possível mudança no sistema de governo do Brasil. A discussão gira em torno da PEC do semipresidencialismo, proposta pelo deputado Luiz Carlos Hauly (Podemos) e outros parlamentares. Em 1995, uma ideia semelhante foi discutida em Brasília, quando se cogitou a implantação do parlamentarismo, mas o projeto não avançou. Agora, a proposta ressurge com o objetivo de modernizar o sistema político brasileiro, segundo alguns parlamentares, reduzindo a concentração de poder nas mãos do presidente da República e evitando crises institucionais como as que antecederam os impeachments de Fernando Collor e Dilma Rousseff.

A proposta ganhou impulso com o futuro presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que, em seu discurso de vitória, manifestou simpatia pelo modelo semipresidencialista. No entanto, o atual presidente da Casa, também Hugo Motta, afirmou que não há urgência em pautar a matéria. “Nós vamos discutir essa proposta, há interesse de partidos em debater o tema. Mas não temos compromisso de pautá-la de forma urgente”, declarou.

Entenda o projeto

No modelo proposto, o presidente da República, eleito por voto popular direto, atuará como chefe de Estado e comandante supremo das Forças Armadas, responsável pela defesa nacional e pela garantia da unidade e independência do país. Já o primeiro-ministro, nomeado pelo presidente após consulta aos partidos com maior representação na Câmara, chefiará o governo junto com o conselho de ministros. O primeiro-ministro deverá apresentar um programa de governo ao presidente e ao Congresso, além de comparecer mensalmente ao Legislativo para prestar contas sobre a execução das políticas públicas. O sistema prevê ainda a possibilidade de destituição do governo por meio de voto de censura na Câmara, caso o primeiro-ministro perca o apoio da maioria parlamentar.

Leia mais: Semipresidencialismo: Lula e Bolsonaro contra, Temer a favor

A PEC também propõe mudanças no sistema eleitoral, instituindo o voto distrital misto para a Câmara dos Deputados. Nesse modelo, o eleitor terá dois votos: um para escolher um candidato de seu distrito eleitoral e outro para indicar sua preferência partidária. A combinação busca equilibrar a representação local com a proporcionalidade na distribuição de vagas entre os partidos. Além disso, a proposta elimina a figura do vice-presidente, estabelecendo que, em caso de impedimento ou vacância do presidente, a sucessão caberá aos presidentes da Câmara, do Senado e do Supremo Tribunal Federal, nessa ordem.

Próximos passos

Nesta quinta-feira (6), a proposta foi protocolada na Câmara dos Deputados, com o apoio de 181 parlamentares, número que supera as 171 assinaturas necessárias para sua apresentação oficial. Com isso, o projeto está apto a iniciar sua tramitação na Casa. O próximo passo será a análise pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ), que avaliará a admissibilidade da proposta. Caso aprovada, seguirá para uma comissão especial e, posteriormente, será submetida a votação em dois turnos no Plenário. Para ser promulgada, a PEC precisará do apoio de três quintos dos deputados e senadores.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) já se manifestaram contra a mudança, enquanto Michel Temer se coloca como entusiasta do novo regime. O PT não assinou o requerimento da proposta, e Lula já expressou oposição, especialmente em meio a um mandato com chances de reeleição. O PL apoiou a iniciativa com 33 assinaturas, uma minoria em sua bancada de 92 deputados. No passado, Bolsonaro chamou a ideia de “besteira” e “idiota”.

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