Crianças indÃgenas morrem mais de câncer no Brasil: falta de acesso ao tratamento agrava desigualdade
Estudo revela que a mortalidade por câncer infantil entre indÃgenas é quase o dobro da registrada entre crianças brancas, expondo falhas no sistema de saúde

A mortalidade por câncer infantil entre crianças indÃgenas no Brasil escancara uma realidade que preocupa: elas morrem quase duas vezes mais do que crianças brancas. Segundo o Panorama da Oncologia Pediátrica, publicado pelo Instituto Desiderata, a taxa de mortalidade entre indÃgenas é de 76,9 óbitos por milhão de crianças e adolescentes, enquanto entre brancos o Ãndice é de 42,6. O estudo aponta que o principal fator para essa disparidade é a dificuldade de acesso ao diagnóstico precoce e ao tratamento adequado, comprometendo as chances de sobrevivência.
A desigualdade regional na distribuição de hospitais especializados agrava ainda mais a situação. O Sudeste conta com 36 unidades de oncologia pediátrica, enquanto a Região Norte, onde vive quase metade da população indÃgena do paÃs, tem apenas três. Esse cenário obriga muitas famÃlias indÃgenas a percorrerem longas distâncias para buscar tratamento, o que muitas vezes atrasa o inÃcio da terapia. Como o câncer infantojuvenil tende a ser agressivo, qualquer atraso reduz drasticamente a possibilidade de cura.
Além das barreiras geográficas, aspectos culturais e estruturais também dificultam o acesso dos indÃgenas ao tratamento oncológico. A falta de campanhas especÃficas de conscientização e prevenção voltadas para essa população contribui para o diagnóstico tardio da doença. Muitas comunidades enfrentam ainda um atendimento precário, com poucos profissionais capacitados para reconhecer os sinais do câncer infantil e encaminhar rapidamente os pacientes para centros especializados.
Os dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) e do Ministério da Saúde mostram que as regiões Norte e Nordeste, que concentram a maior parte da população indÃgena, apresentam as menores taxas de novos casos da doença, mas as maiores taxas de mortalidade. No Norte, por exemplo, são registrados 111,1 casos por milhão de crianças e adolescentes, mas a taxa de óbitos chega a 47,5. No Nordeste, a taxa de incidência é de 138,1, enquanto a mortalidade atinge 44,5 por milhão.