Beber no Carnaval pode ser divertido, mas a ressaca cobra seu preço
Pesquisa revela os hábitos de consumo durante a folia e médica alerta para os efeitos do excesso de bebida no organismo

Bebidas alcoólicas são a categoria de consumo mais popular no Carnaval, segundo um levantamento da Wake Creators, representando 59% das escolhas dos foliões. Mas se a festa é regada a álcool, o dia seguinte pode ser de ressaca. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que não há um nível seguro para o consumo de álcool, e especialistas explicam que os efeitos no organismo vão além do simples mal-estar.
A endocrinologista Nathalia dos Santos detalha o impacto do álcool no corpo. ‘‘A ressaca é um conjunto de sintomas da intoxicação que acontece quando é ingerida alta quantidade de álcool’’, explica. Os sintomas mais comuns são dor de cabeça, desidratação, enjoo, diarreia, cansaço extremo e hipoglicemia. Mas por que o álcool provoca essas reações?
‘‘Nosso fígado não produz uma enzima que neutralize diretamente o álcool. Ele primeiro o transforma em acetaldeído e, depois, em ácido acético, que é um metabólito não ativo e não tóxico. O problema é que o acetaldeído é uma substância ainda mais tóxica que o próprio álcool. Portanto, até que o fígado o transforme em ácido acético, o organismo lida com duas substâncias tóxicas ao mesmo tempo’’, detalha a especialista.
Para quem quer aproveitar o Carnaval sem sofrer tanto no dia seguinte, Nathalia dá algumas orientações. ‘‘O ideal é comer antes de começar a beber. Beber devagar e só depois de ingerir alimentos ricos em proteínas e carboidratos, o que diminui a velocidade de absorção do álcool, dando tempo para o fígado metabolizar o álcool que vai sendo consumido’’, recomenda. Além disso, ela reforça a importância da hidratação. ‘‘Beber muita água antes, durante e depois de consumir álcool. Não se esqueça de intercalar a bebida alcoólica por uma não alcoólica (água, refrigerante, suco)’’, acrescenta.
Outra dica é evitar o consumo contínuo. ‘‘Se bebeu um dia, no outro deixe o fígado descansar’’, orienta a endocrinologista. Sobre produtos que prometem prevenir a ressaca, ela alerta: ‘‘É importante ressaltar que não existe remédio que impeça a intoxicação causada pela ingestão de álcool. Os analgésicos, antiácidos ou anti-histamínicos só ajudam a diminuir o mal-estar’’.
O Carnaval é um período de festas e excessos, mas entender os efeitos do álcool no corpo pode ser o primeiro passo para curtir a folia com mais consciência e menos arrependimento no dia seguinte.