Números da possível federação UB/Progressistas empolgam
Deputados do UB comentaram a possibilidade. Zacharias Calil é contrário, mas admite que a junção criaria uma bancada forte; José Nelto afirma que a maioria vai decidir

Os números da possível federação União Brasil/Progressistas empolgam. Caso a união se concretize, a junção vai liderar o Senado com 14 senadores (mesmo número do PSD) e 109 deputados federais, maior representação na Câmara Federal. Em Goiás, não há representantes na Casa Alta do Congresso, mas na Casa Baixa são quatro (Silvye Alves, Zacharias Calil e José Nelto, do UB, e Adriano do Baldy, do PP).
A situação, contudo, não está pacificada. Em Estados como a Bahia, tanto deputados federais como estaduais do PP são próximos ao PT e resistem à federação. No local, o União Brasil faz oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). É possível, inclusive, que haja debandada da legenda, caso a junção se concretize.
Já em Goiás, o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) também tem resistência. Um dos pontos é que o gestor goiano tem o plano de disputar a presidência da República, em 2026, o que pode ser frustrado por uma federação. Não se sabe qual seria a posição majoritária do grupo.
De fato, dentro do próprio União Brasil, o governador enfrenta dificuldades. O partido ocupa três ministérios do governo Lula e a ala ligada a eles defende aliança com o presidente. Outra, ainda, é favorável a seguir o que definir o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Com o PP, haveria novas ideias.
O deputado federal Zacharias Calil afirmou que as conversas continuam e que ainda não há definição pelo União Brasil. Ele, contudo, admite que os números empolgam. “É um número muito forte. A federação terá condição de negociar muita coisa. Comissões, regimes, uma série de situações. Seria uma bancada muito forte”, avalia.
Ele, contudo, afirma ser contra, pois segue o partido em Goiás. “Eu sigo o governador [que é o presidente do partido no Estado]. Para o Caiado é prejudicial, pois tem o projeto da presidência. Ficaria mais difícil de viabilizar, apesar de manter o comando em Goiás. Então, hoje estamos contra. Temos que seguir nosso partido em Goiás.”
Questionado sobre a possibilidade da federação acontecer, ele diz que a maioria vai decidir. “Mas ainda vai amadurecer a ideia. O Ciro Nogueira [presidente do PP] já conseguiu as autorizações com os deputados, mas o União Brasil ainda vai conversar. Nós, deputados, ainda não fomos chamados.”
Também em entrevista ao O HOJE, o deputado federal José Nelto disse que a maioria vai decidir. “O União Brasil e o PP conversam. O PP já aprovou, mas existem alguns obstáculos nos Estados. Em Goiás, Caiado é contra. Mas a decisão será da maioria”, resume. O veículo de comunicação também procurou a parlamentar Silvye Alves, mas não teve retorno até o fechamento da matéria.
Lançamento da pré-candidatura
Caiado lança sua pré-candidatura à presidência em 4 de abril, em Salvador (BA). O local, contudo, mudou do Centro de Convenções para o estacionamento da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba). A alteração teria ocorrido, justamente, por divisões no partido.
Nesta semana, o governador chegou a emitir uma nota reforçando o lançamento da pré-candidatura. “Sei que minha postura de oposição ao governo do PT incomoda aqueles que estão no poder, mas isso não abala minhas convicções. Estou determinado a apresentar uma plataforma de mudança para o Brasil. O debate político e o contraditório são pilares da democracia, e o país não pode adiar uma discussão séria sobre seu futuro”, afirmou no texto.
Federações
Sobre as federações, elas devem ser formadas por dois ou mais partidos que se juntam para atuar como um só. Elas são submetidas às mesmas regras que são aplicadas aos partidos políticos.
Por isso, elas podem formar coligações com outras legendas para cargos majoritários, por exemplo. Neste ano, em Goiânia, a federação do PT, PCdoB e PV se coligou com o PSB e também com outros federados, o PSOL e a Rede.
As federações existem desde 2021, quando foram aprovadas por uma reforma eleitoral do Congresso Nacional. A atuação, contudo, passou a valer em 2022.
E se alguém sair?
Caso haja o desligamento de uma legenda da federação antes do prazo, ela continua a existir, desde que sobrem, pelo menos, dois partidos. Aquele que saiu terá como punições: proibição da utilização do fundo partidário até a data fim da federação e não fazer coligação pelas próximas duas eleições.