MST investe contra Lula por ‘omissão’ em relação à Reforma Agrária
Movimento dos Trabalhadores Sem Terra ocupa superintendência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária em Goiás

O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) ocupa, desde segunda-feira (7), a superintendência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Goiás. A ação faz parte da Jornada Nacional de Lutas “Ocupar para o Brasil Alimentar” e integra mobilizações em todo o País por Reforma Agrária Popular, enfrentando a fome, a desigualdade e a crise climática. Conforme o coordenador nacional do MST, Gilvan Rodrigues Moreira, mesmo no governo Lula (PT), o Incra tem sido moroso.
Conforme a organização estadual, famílias goianas estão acampadas há 8 e 9 anos e aguardam a regularização de territórios consolidados e produtivos. Elas pedem a regularização de áreas ocupadas há quase uma década; a desapropriação de terras de grandes devedores da União; destinação de áreas improdutivas do Banco do Brasil; vistoria e expropriação de fazendas com trabalho escravo; bem como o fortalecimento de políticas de infraestrutura, crédito, assistência técnica, moradia e educação nos assentamentos.
“A Jornada reafirma o compromisso do MST com a produção de alimentos saudáveis, com a educação do campo e a função social da terra. Seguiremos mobilizados até que o Incra e o Governo Federal respondam com medidas concretas”, informa o movimento, em nota.
Coordenação
Em entrevista ao O HOJE, o coordenador nacional do MST, Gilvan Rodrigues Moreira, afirma que a expectativa dos atos é que o Incra saia da morosidade para realizar a reforma agrária. “Mesmo no governo Lula, a reforma agrária está andando a passos lentos. Temos sentido inoperância do Incra nacional e em Goiás.”
Ele revela que, na segunda-feira, o MST entregou a pauta ao superintendente do Incra. A expectativa é de uma reunião com a presença do representante nacional do Instituto. Até o fechamento, não havia atualização sobre este encontro.
Leia mais: Desidratação de Lula pode abrir espaço para o crescimento da direita no Nordeste
Já acerca da regularização de áreas, Gilvan explica que são sete fazendas em Goiás que estão pendentes. Uma delas é a Fazenda Curral de Pedras – Assentamento Paulo Gomes, em Itapuranga. “A área está em posse do Incra desde 2016, mesmo período que as famílias estão no local e ainda não houve a legalização. Desta forma, elas não têm acesso à infraestrutura, crédito, nada…”
O HOJE procurou o Incra para comentar sobre as pautas do MST, mas não teve retorno até o fechamento.
Jornada
Desde o começo de abril, o MST realiza a Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária em todo o País. São 21 ações em 10 estados, que mobilizam cerca de 10 mil famílias que reivindicam o direito à reforma agrária e ao fomento para a produção da agricultura familiar.
As ações seguem até 17 de abril, Dia Internacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária. A data marca os 29 anos do Massacre de Eldorado do Carajás, quando autoridades, a mando do fazendeiro Ricardo Marcondes de Oliveira, deixando 21 trabalhadores Sem Terra assassinados, e 69 pessoas mutiladas, durante uma marcha na BR-155, no Pará.
“Anunciar a Reforma Agrária Popular como alternativa à crise ambiental e climática, como também solucionar os problemas sociais que o nosso país vive, com o nosso lema, ocupar para o Brasil alimentar, compreendendo que através da ocupação de terra, podemos fazer o enfrentamento à concentração de terra no Brasil, mas também produzir comida, comida saudável para o povo brasileiro, comida com preço justo para que todas as pessoas possam ter acesso à alimentação”, afirma Margarida Silva, da direção nacional do MST.