O que é distensão abdominal, condição que levou Bolsonaro à cirurgia de 12 horas
Ex-presidente foi internado após fortes dores e passou por procedimento para tratar obstrução no intestino delgado

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) segue internado em uma unidade de terapia intensiva em Brasília após ser submetido a uma cirurgia de emergência no domingo (13), para tratar um quadro de distensão abdominal associado a uma obstrução intestinal. O procedimento, que durou 12 horas, ocorreu no Hospital DF Star, onde ele permanece em observação, recebendo suporte clínico, nutricional e medidas de prevenção de infecções.
Segundo o boletim médico divulgado nesta segunda-feira (14), a equipe responsável conseguiu liberar “aderências” no intestino delgado, que dificultavam a passagem de conteúdo intestinal. A intervenção foi necessária após o ex-presidente apresentar fortes dores abdominais durante agenda política no interior do Rio Grande do Norte, na última sexta-feira (11).
Dores e emergência: o que motivou a internação
Durante visita à cidade de Tangará (RN), Bolsonaro sentiu dores intensas na região abdominal e precisou ser levado às pressas ao Hospital Municipal Aluízio Bezerra, no município vizinho de Santa Cruz. De lá, foi transferido de helicóptero para Natal, onde recebeu os primeiros cuidados no Hospital Rio Grande. No sábado (12), ele foi transportado em uma UTI móvel para Brasília, onde foi internado no DF Star.
Ainda no domingo, a equipe médica optou por uma laparotomia exploratória — procedimento cirúrgico utilizado tanto para investigar quanto para tratar causas internas de dor abdominal. No caso do ex-presidente, o objetivo era identificar e remover as obstruções intestinais associadas à distensão.
De acordo com os médicos, a origem do problema foi uma dobra no intestino delgado, que impedia o trânsito intestinal normal. A causa da obstrução foi atribuída a aderências formadas por cicatrizes de cirurgias anteriores, consequência das operações feitas após o atentado a faca sofrido por Bolsonaro durante a campanha eleitoral de 2018.
A operação deste domingo incluiu etapas como a abertura da cavidade abdominal, análise das estruturas internas, liberação das aderências e reconstrução da parede abdominal. Uma coletiva de imprensa está prevista para ocorrer ainda nesta segunda-feira, às 9h, com detalhes do procedimento.
Entenda a distensão abdominal
A distensão abdominal é um sintoma caracterizado pelo inchaço da região do abdômen, que pode ser visível ou apenas sentido pelo paciente. Essa condição é provocada por diversos fatores — de acúmulo de gases e má digestão até obstruções mais graves, como no caso do ex-presidente.
De forma geral, a distensão pode ser dividida em duas categorias: aguda e crônica. A forma aguda, como a que acometeu Bolsonaro, surge de maneira repentina e pode estar associada a bloqueios no intestino, infecções ou inflamações internas. Já a forma crônica ocorre repetidamente e tende a ter causas mais funcionais, como intolerâncias alimentares e síndrome do intestino irritável.
Especialistas da Cleveland Clinic, nos Estados Unidos, apontam que a distensão abdominal é um dos sintomas gastrointestinais mais comuns. Pode ocorrer tanto por causas orgânicas — como obstruções, hemorragias internas e inflamações — quanto funcionais, relacionadas ao funcionamento inadequado dos órgãos envolvidos na digestão.
No caso do ex-presidente, as aderências intestinais causadas por cicatrização de cirurgias anteriores resultaram em uma dobra no intestino delgado, impedindo a passagem de fezes e gases. Isso levou à dor intensa e ao inchaço, exigindo intervenção médica urgente.
Os médicos explicam que essas aderências funcionam como travas que limitam o movimento normal dos órgãos internos, especialmente do intestino. Quando há obstrução parcial, os sintomas incluem cólicas, distensão e náusea. Se não tratada, pode evoluir para um quadro mais grave, com risco de necrose intestinal.
Estado de saúde de Bolsonaro e próximos passos
De acordo com o boletim médico divulgado nesta segunda-feira (14), Bolsonaro está clinicamente estável, sem dor e se recuperando na UTI. Ele permanece sob monitoramento, e a alimentação segue sendo controlada. A cirurgia, apesar de longa, foi considerada bem-sucedida pela equipe médica.
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro utilizou as redes sociais para informar que a operação foi concluída com sucesso. Ela afirmou que a equipe já havia sinalizado que o procedimento seria demorado devido à quantidade de aderências presentes no intestino do ex-presidente.
Desde o atentado de 2018, Jair Bolsonaro já foi submetido a diversas cirurgias, sendo esta a mais longa até o momento. A avaliação da equipe médica, segundo relato de um dos médicos pessoais, é de que esse foi o quadro mais grave desde aquele episódio.
A expectativa é de que Bolsonaro continue internado nos próximos dias, com acompanhamento clínico intensivo. O hospital deve divulgar novos boletins médicos conforme a evolução do quadro.
