Deputados voltam a disparar contra secretário de Saúde
Insatisfação dos deputados com o secretário não é recente, mas ganhou contornos mais graves no início deste ano

Durante o Pequeno Expediente da última segunda-feira, 14, o deputado Amauri Ribeiro (UB) fez uso da tribuna para comentar o cancelamento da audiência pública com o secretário de Estado da Saúde, Rasivel dos Reis, por iniciativa do representante da pasta. Na oportunidade, Amauri relembrou o período em que foi prefeito do município de Piracanjuba e da relação que tinha com os vereadores da cidade.
“Fui prefeito e vereador, e, enquanto eu fui vereador, eu convoquei um prefeito para explicar seus erros. Virei prefeito e qualquer acusação que tivesse com meu nome eu ia à câmara municipal, porque quem não deve, não teme. E o secretário de Saúde, se não tem o que temer, não vejo o porquê da negativa em estar aqui prestando esclarecimento”, afirmou Ribeiro.
Amauri declarou ainda que não consegue contato com o secretário nem por telefone e que, embora seja da base governista, tem questionamentos a fazer: “Eu sou base, mas não vou me calar no que eu vejo e no que me parece que não está correto”.
Supostas irregularidades
Ainda durante a sessão ordinária da última segunda-feira, o deputado Gustavo Sebba (PSDB) também usou a tribuna para lamentar a atuação do secretário da Saúde, Rasível dos Santos, e a contratação da organização social (OS) responsável pelo Hospital Maternidade Therezinha de Jesus (HMTJ).
Sebba apontou que a missão do secretário “é difundir a OS por todo o estado, tendo firmado contrato de gestão da OS para a Policlínica de Goiás, o Hospital Estadual de Jaraguá, o Hospital Estadual de Águas Lindas, o Hospital Estadual de Itumbiara, o Hospital Estadual de Aparecida de Goiânia” e, de acordo com ele, está para conseguir o de Jataí.
E foi adiante: “São mais de R$ 50 milhões de contrato por mês e, desde sua contratação, vem burlando leis e fazendo maracutaias. Isso tudo graças ao secretário Rasível. Os diretores da HMTJ são réus em ação penal por corrupção, improbidade administrativa e formação de organização criminosa. Esse é o povo que esse secretário trouxe pra cá”.
Leia mais: Líder do PL na Câmara diz ser contra cassação de Glauber Braga
Mais do mesmo
A insatisfação dos deputados com o secretário não é recente, mas ganhou contornos mais graves no início deste ano, quando Rasível foi convidado a prestar contas sobre a situação da Saúde no Palácio Maguito Vilela, sede do Legislativo estadual. Conforme mostrado pelo O HOJE, na ocasião, ele deixou a reunião antes do previsto, alegando um “compromisso inadiável”. A justificativa não colou entre os parlamentares, que se sentiram desrespeitados pela falta de tempo para questionamentos.
A gota d’água para muitos parlamentares foi a percepção de que o secretário estava evitando o diálogo e agindo com indiferença em relação ao Parlamento. Tanto que o deputado Gustavo Sebba (PSDB) chegou a protocolar um requerimento para a criação de uma CPI da Saúde, com o objetivo de investigar não apenas a falta de remédios, mas também a relação do governo com as OS – entidades que, em tese, deveriam melhorar a eficiência da gestão hospitalar, mas que muitas vezes são alvo de suspeitas.
A proposta, no entanto, não deve avançar. O principal obstáculo foi justamente o líder do governo na Alego, Talles Barreto, que fez um movimento nos bastidores para convencer Sebba a recuar. Em declaração à imprensa, Talles admitiu ter pressionado o colega: “Conversei muito com o Gustavo para não montar essa CPI. Falei que o Rasível viria e não havia necessidade de criar esse clima aqui”.
Em contato com a reportagem do O HOJE, a Secretaria Estadual de Saúde informou, via nota, que “devido a compromissos de agenda assumidos anteriormente para a mesma data, o secretário Rasível Santos ficará impossibilitado de participar da Audiência Pública da Comissão de Tributação e Finanças da Casa de Leis do Estado, agendada para esta terça-feira (15). A Pasta negocia uma nova data e horário para o cumprimento do referido compromisso”. (Especial para O Hoje)