Chocolate em excesso realmente causa espinha? Saiba o que dizem especialistas
Com a chegada da Páscoa, cresce o interesse sobre os efeitos do chocolate na pele e a relação com o surgimento de espinhas
A Páscoa está chegando e, junto com os ovos e bombons, uma velha dúvida reaparece: será que comer chocolate demais dá espinha? Para muita gente, o consumo de doces nessa época vem acompanhado de receio — principalmente entre quem tem a pele mais oleosa ou com tendência à acne.
A relação entre o chocolate e o surgimento de espinhas é um tema que desperta debates entre especialistas e costuma ser cercado por mitos. Mas o que a ciência e os dermatologistas realmente dizem sobre isso?
Chocolate, açúcar e espinha: o que pode estar por trás da inflamação na pele
Lucas Miranda, médico dermatologista e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), explica que o termo “acne” é o nome técnico para o que popularmente se conhece como “espinha”. Ambos se referem ao mesmo tipo de inflamação que ocorre nas glândulas sebáceas e folículos pilosos da pele.
Segundo o especialista, ainda não existe uma confirmação científica definitiva de que o consumo de chocolate, por si só, seja responsável pelo surgimento de espinhas. No entanto, há fatores que podem estar relacionados, como alterações hormonais, estresse, uso de determinados medicamentos, além do consumo de alimentos com alto índice glicêmico, como açúcares e produtos lácteos.
A dermatologista Paula Talvares Colpas, também membro titular da SBD, afirma que não é o chocolate em si que provoca espinha, mas sim os ingredientes adicionados na produção de alguns tipos do doce. O leite e o açúcar, presentes especialmente nos chocolates ao leite e branco, são apontados como possíveis agentes que aumentam a produção de sebo na pele, o que pode favorecer processos inflamatórios.

Como a alimentação influencia
A discussão sobre o papel dos alimentos na saúde da pele vai além do chocolate. Paula explica que carboidratos simples, como farinha branca e açúcar refinado, causam picos de glicose no sangue. Esse aumento rápido pode estimular a produção de insulina, o que influencia diretamente na produção de sebo — e isso pode contribuir para o surgimento de espinhas.
Lucas reforça que fatores como genética e alterações hormonais também desempenham um papel importante. Pessoas com pele oleosa ou histórico familiar de acne costumam ter maior predisposição ao aparecimento de espinhas, independentemente do consumo de chocolate.
Além disso, hábitos como tocar o rosto com frequência, suar excessivamente, utilizar cosméticos inadequados ou entrar em contato com certos tipos de óleo e substâncias químicas podem agravar a condição da pele.
Entre os tratamentos disponíveis, os especialistas citam opções tópicas e orais, dependendo da gravidade do quadro. Podem ser indicados ativos como ácido salicílico, peróxido de benzoíla, retinoides, antibióticos e, em casos mais severos, a isotretinoína. Também é recomendado manter a pele limpa, evitar manipular as lesões e usar produtos específicos para peles acneicas.
O açúcar também pode influenciar na espinha e no envelhecimento da pele
Além do aumento da oleosidade, o consumo excessivo de açúcar pode desencadear um processo chamado glicação. De acordo com a SBD, essa reação ocorre quando a glicose se liga a proteínas como o colágeno e a elastina, essenciais para a firmeza e elasticidade da pele. Essa alteração pode comprometer a integridade dessas estruturas, favorecendo o aparecimento de rugas e linhas de expressão, além de contribuir indiretamente para o surgimento de espinhas.
Por isso, uma das recomendações comuns entre dermatologistas é substituir carboidratos simples por integrais e moderar o consumo de doces. Produtos com ação antiglicante também podem ser inseridos na rotina de cuidados com a pele para ajudar na preservação das fibras de colágeno.
Durante a Páscoa, em especial, os ovos recheados, bombons e trufas são opções populares, mas que geralmente têm alto teor de açúcar e gordura. Ainda que o chocolate amargo contenha menos açúcar e mais cacau, com compostos antioxidantes, os efeitos sobre a pele podem variar de pessoa para pessoa.
Mesmo sem um consenso definitivo sobre a ligação direta entre chocolate e espinha, os especialistas apontam que cada pele reage de forma diferente. Observar como o corpo responde a certos alimentos pode ajudar na identificação de possíveis gatilhos.
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