Sábado de Aleluia: Entenda o que é essa tradição que mistura fé, silêncio e cultura popular
Data entre a Sexta-feira Santa e a Páscoa reúne celebrações discretas nas igrejas e manifestações populares como a malhação de Judas

O Sábado de Aleluia, celebrado neste 19 de abril, é um dia que carrega significados profundos para os cristãos e para as comunidades que mantêm vivas tradições seculares. Para os católicos, é o momento de aguardar em silêncio a ressurreição de Jesus Cristo, que será celebrada no Domingo de Páscoa. Para outros, é também dia de rituais populares como a malhação de Judas, que mistura crítica social e folclore.
Essa data marca o fim da Semana Santa e é considerada o terceiro dia do Tríduo Pascal, que começa na Quinta-feira Santa e culmina na Páscoa. Durante o Sábado de Aleluia, as igrejas permanecem em silêncio, sem celebrações eucarísticas até a noite, quando ocorre a Vigília Pascal. Essa cerimônia é considerada a mais importante do calendário litúrgico católico, simbolizando a passagem das trevas para a luz com a ressurreição de Cristo.
De Judas a fogueiras: o lado popular do Sábado de Aleluia
Em muitas cidades do Brasil, o Sábado de Aleluia é conhecido principalmente pela malhação de Judas — bonecos representando o apóstolo que traiu Jesus, feitos de palha, papel ou tecido, que são espancados e queimados em praça pública. Apesar do tom simbólico e religioso, a prática ganhou ao longo dos anos um caráter mais político e até humorístico. Os bonecos geralmente trazem o rosto de figuras públicas, alvos de protestos e críticas populares.
A tradição da malhação de Judas chegou ao Brasil por influência da Península Ibérica e foi incorporada ainda na época colonial. A prática foi retratada por Jean-Baptiste Debret em 1823 e mencionada na peça “O Judas em Sábado de Aleluia” do escritor Martins Pena, em 1840.
Em alguns lugares, como em Minas Gerais, Bahia e Pernambuco, a tradição virou até evento turístico, com cortejos, sátiras e apresentações. Já em outras regiões, como em Goiás, o foco é maior nas encenações da Paixão de Cristo, que ocorrem ao ar livre e envolvem atores amadores da própria comunidade, reforçando o caráter coletivo e educativo do período.

Jejum, silêncio e expectativa dentro das igrejas
Embora muitas manifestações populares ocorram durante o dia, o Sábado de Aleluia é, para a Igreja Católica, um momento de silêncio e oração. Nenhuma missa é celebrada antes da Vigília Pascal e o altar permanece desnudado, sem toalhas ou adornos. A recomendação aos fiéis é de meditação e recolhimento, mantendo a sobriedade da Sexta-feira Santa.
Quanto à alimentação, a abstinência de carne vermelha, que é comum na Sexta-feira Santa, pode ser estendida por muitos até o sábado, mesmo sem uma orientação obrigatória da Igreja. A ideia é manter o jejum como forma de penitência e preparação espiritual para a ressurreição.
Em algumas comunidades religiosas, o Sábado de Aleluia também é o momento para batismos e ritos de iniciação cristã, especialmente durante a Vigília Pascal. Essa celebração acontece após o pôr do sol e é marcada pela simbologia da luz: uma fogueira é acesa do lado de fora da igreja, e com ela se acende o Círio Pascal, que representa Cristo ressuscitado.
Mais do que um dia isolado, o Sábado de Aleluia carrega uma carga simbólica importante dentro do calendário cristão e também da cultura popular brasileira. É o ponto de encontro entre o recolhimento religioso e a expressão coletiva das comunidades, cada uma com seus costumes e formas de vivenciar a espera pelo Domingo de Páscoa.

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