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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Alimentação

Alergias alimentares em bebês podem causar reações graves

Estudo aponta que o abacate na dieta de gestantes pode reduzir alergias alimentares em bebês

Leticia Mariellepor Leticia Marielle em 7 de maio de 2025
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Alergias alimentares em bebês podem causar reações graves. | Foto: Reprodução

Reações alérgicas provocadas por alimentos são cada vez mais frequentes entre bebês e podem provocar desde manifestações leves, como coceira e diarreia, até quadros graves, como anafilaxia. O sistema imunológico dos pequenos responde de forma exagerada a determinados alimentos, desencadeando sintomas logo após a ingestão.

Entre os principais causadores estão leite e seus derivados, ovos, peixe, soja e, em alguns casos, alimentos consumidos pela mãe, especialmente se o bebê estiver em fase de amamentação. Segundo especialistas, os sinais mais comuns incluem manchas avermelhadas na pele, inchaço nos lábios, rosto ou língua, vômitos, diarreia, presença de sangue ou muco nas fezes, além de sintomas respiratórios como tosse, chiado no peito e dificuldade para respirar.

Os sintomas geralmente surgem poucos minutos ou até algumas horas após o contato com o alimento. Casos que envolvem sonolência excessiva, fraqueza ou batimentos cardíacos acelerados exigem atenção imediata, pois podem indicar uma reação alérgica grave, como a anafilaxia, condição que requer atendimento médico urgente.

Abacate na dieta

Um estudo publicado em março pela revista Pediatric Research indica que a inclusão de abacate na dieta de gestantes pode reduzir significativamente o risco de alergias alimentares nos bebês durante o primeiro ano de vida. A pesquisa foi conduzida por especialistas da Universidade do Leste da Finlândia, com base em dados do Kuopio Birth Cohort, um projeto de longo prazo que acompanha mães e filhos na cidade finlandesa de Kuopio, com o objetivo de analisar os efeitos de fatores ambientais, genéticos e de estilo de vida sobre a saúde materno-infantil.

Foram analisadas informações de 2.272 gestantes entre março de 2013 e novembro de 2022. As participantes foram divididas em dois grupos: as que consumiam abacate em qualquer quantidade e aquelas que não incluíam a fruta na alimentação. Os pesquisadores acompanharam os bebês até o primeiro ano de vida, monitorando a ocorrência de quadros alérgicos como alergias alimentares, eczema, rinite e episódios de chiado no peito.

Os resultados apontaram que os filhos das mulheres que consumiram abacate apresentaram uma redução de 43,6% no risco de desenvolver alergias alimentares, em comparação com os demais. Entre esses bebês, a taxa de ocorrência de alergia alimentar ou chiado foi de 2,6%, enquanto no grupo sem consumo da fruta, o índice chegou a 4,2%. O estudo, no entanto, não identificou relação significativa entre o consumo da fruta e outras formas de alergia, como asma ou dermatite atópica.

De acordo com os autores, o abacate é fonte de antioxidantes, vitaminas e minerais com potencial para fortalecer o sistema imunológico e favorecer a saúde metabólica, atributos alinhados à dieta mediterrânea, reconhecida por seus efeitos positivos na prevenção de doenças crônicas. Os pesquisadores também destacaram que há evidências prévias de que esse tipo de alimentação durante a gestação pode oferecer proteção contra reações alérgicas na infância.

Apesar das descobertas, os próprios autores alertam que o abacate não deve ser encarado como um “alimento milagroso”. O estudo não determinou a quantidade nem a frequência ideal de consumo da fruta e baseou-se em dados autorreferidos, coletados por telefone, sem confirmação médica dos diagnósticos infantis.

O número de crianças com alergias alimentares tem aumentado nas últimas décadas, segundo especialistas. Diversos fatores são apontados como causas potenciais: a menor exposição a antígenos bacterianos, a urbanização crescente, dietas maternas com excesso de oxidantes e a curta duração do aleitamento materno.

A ingestão excessiva de determinados alimentos durante a gestação, como carnes processadas, tem sido associada a um risco maior de desenvolvimento de alergias alimentares em bebês, conforme apontam estudos recentes. Segundo a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), cerca de 8% das crianças brasileiras apresentam algum tipo de alergia alimentar, enquanto entre os adultos o índice é de aproximadamente 2%. Especialistas atribuem a maior incidência na infância à imaturidade do sistema imunológico.

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Os alérgenos mais comuns na infância incluem leite de vaca,. | Foto: Reprodução

Os alérgenos mais comuns na infância incluem leite de vaca, clara de ovo, soja, amendoim, castanhas, frutas, peixes e crustáceos. Em muitos casos, as alergias alimentares se manifestam em conjunto com condições respiratórias, como asma e rinite, ou com doenças de pele, como a dermatite atópica. Embora algumas dessas reações diminuam com o avanço da idade, os quadros alérgicos exigem acompanhamento médico, principalmente nos primeiros anos de vida.

Tratamento

O tratamento mais eficaz para a alergia alimentar em bebês consiste na exclusão dos alimentos que desencadeiam os sintomas, sempre com orientação de um alergista pediátrico. Quando o bebê ainda está em fase de amamentação exclusiva, é comum que o profissional recomende também à mãe a retirada desses mesmos alimentos da própria dieta, já que proteínas alergênicas podem ser transmitidas pelo leite materno.

Em casos leves, o médico pode prescrever medicamentos antialérgicos para controlar manifestações como coceira, vermelhidão ou desconfortos gastrointestinais. No entanto, quando ocorrem reações graves como inchaço intenso, dificuldade para respirar ou anafilaxia, o atendimento hospitalar se torna necessário. Nesses casos, o tratamento pode incluir a administração de epinefrina (adrenalina) e de medicamentos injetáveis diretamente na veia para estabilizar o quadro clínico.

Especialistas também destacam a importância de distinguir alergia alimentar de intolerância alimentar, duas condições distintas, embora frequentemente confundidas. A alergia é provocada por uma reação do sistema imunológico, que passa a identificar uma substância inofensiva, como uma proteína do leite. Essa resposta resulta na produção de anticorpos do tipo IgE e pode desencadear sintomas imediatos e intensos.

Já a intolerância alimentar está relacionada a uma falha na digestão de certos componentes dos alimentos, geralmente devido à deficiência de enzimas digestivas. Um exemplo típico é a intolerância à lactose, em que a ausência da enzima lactase leva a sintomas como dor abdominal, gases e diarreia. No entanto, é fundamental que esses quadros não sejam confundidos: oferecer leite sem lactose a uma pessoa com alergia à proteína do leite, por exemplo, pode provocar uma reação alérgica grave.

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