Goiás lidera mortes por choque elétrico no Centro-Oeste, com 38 óbitos em 58 acidentes
Trabalhador morre eletrocutado em obra e tragédia expõe falhas na segurança da construção civil; Caso levanta alerta sobre a necessidade de reforçar normas de segurança em obras próximas à rede elétrica urbana

Diogo da Rocha Ferreira, de 30 anos, morreu após sofrer um choque elétrico enquanto trabalhava em um canteiro de obras no Setor Vila Alto da Glória, em Goiânia. O acidente ocorreu na tarde da sexta-feira, 2 de maio, quando a vítima montava uma estrutura metálica e encostou em uma fiação elétrica, segundo informações do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás (CBM-GO).
A fatalidade evidencia a urgência em reforçar medidas de segurança em ambientes de trabalho da construção civil, setor que lidera os índices de acidentes com eletricidade no estado.
De acordo com testemunhas ouvidas pelos bombeiros, o jovem estava posicionado próximo à rede elétrica no momento do choque. Quando os militares chegaram ao local, ele já não respirava mais. Foram feitas manobras de ressuscitação por cerca de 30 minutos, mas a morte foi confirmada ainda no canteiro de obras.
Setor lidera índices de acidentes com eletricidade no Estado
O acidente reacendeu o alerta sobre os riscos do contato com fiações elétricas, especialmente em obras localizadas próximas à rede urbana de energia. Segundo dados da Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel), divulgados durante a campanha Abril Verde, 734 pessoas morreram por choque elétrico no Brasil somente em 2024. O Centro-Oeste concentra 104 desses casos, sendo Goiás o estado com o maior número de mortes: foram 38 óbitos registrados em 58 acidentes.
A Equatorial Goiás, distribuidora responsável pelo fornecimento de energia em 237 cidades do estado, reforça que medidas simples podem evitar tragédias como a citada acima. “Em obras, é fundamental manter pelo menos três metros de distância da rede elétrica, instalar andaimes de forma segura e ter muito cuidado ao manusear estruturas metálicas”, explica Carlos Duarte, engenheiro de Segurança do Trabalho da empresa.
A distribuidora mantém treinamentos, boletins técnicos e promove o uso obrigatório de Equipamento de Proteção Individual (EPIs), como parte de uma política de segurança contínua voltada tanto para empregados quanto para terceiros.
Em nota exclusiva ao jornal O Hoje, o Sindicato da Indústria da Construção no Estado de Goiás (Sinduscon-GO) destacou sua atuação preventiva para reduzir acidentes no setor.
A entidade, em parceria com o Seconci-GO e outras instituições como o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Goiás (CREA-GO) e SENAI-GO, promove treinamentos técnicos, palestras e ações educativas permanentes nos canteiros de obras, além de reforçar o uso da NR-10, norma que trata da segurança em instalações e serviços com eletricidade.
“A segurança dos trabalhadores é fundamental para o Sinduscon-GO. Mantemos o compromisso de orientar, capacitar e amparar as empresas na criação de uma cultura de prevenção e cuidado”, afirma a entidade.
Com a morte de Diogo, o Estado soma mais um caso trágico às estatísticas de acidentes fatais no setor da construção. O episódio reforça a importância de ações integradas entre empresas, sindicatos, poder público e distribuidoras de energia para garantir ambientes de trabalho mais seguros.
A Equatorial Goiás alerta que a prevenção começa com atitudes simples: não sobrecarregar tomadas, evitar o uso de eletrônicos com as mãos molhadas e manter distância segura da rede elétrica em qualquer intervenção.
Além disso, especialistas afirmam que a conscientização dos trabalhadores sobre a utilização correta de equipamentos de proteção individual (EPIs) e a importância de inspeções periódicas nas instalações elétricas são fundamentais para evitar acidentes. Segundo a NR-10, por exemplo, todos os trabalhadores que executam atividades com eletricidade devem ser devidamente treinados e qualificados para identificar e corrigir possíveis riscos antes que ocorram incidentes.
As mortes por choques elétricos em canteiros de obras não são casos isolados, e a situação exige uma abordagem urgente por parte de todas as partes envolvidas. Enquanto o setor da construção civil continua sendo um dos mais afetados por acidentes com eletricidade, a luta pela vida e pela segurança dos trabalhadores depende de um esforço contínuo para promover mudanças significativas em todos os níveis de gestão e operação, desde os responsáveis pelos projetos até os profissionais no dia a dia da obra.
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