Dengue faz novas vítimas entre idosos em Goiânia e acende alerta sobre letalidade
Capital registra nove mortes em 2025 — todas entre pessoas acima de 50 anos com comorbidades

O avanço da dengue em Goiânia em 2025 tem atingido de forma mais severa a população idosa. Segundo o boletim epidemiológico nº 18 da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), divulgado em maio, nove pessoas já morreram em decorrência da doença na capital, todas com mais de 50 anos e com histórico de comorbidades, como hipertensão, dislipidemia e doenças hematológicas.
Embora o número de casos prováveis tenha reduzido em comparação ao mesmo período do ano passado, os dados confirmam que os efeitos continuam graves, sobretudo entre os mais velhos.
Até a 18ª semana epidemiológica, a capital registrou 15.596 casos prováveis de dengue, 11.656 confirmações e 33 ocorrências de dengue grave. A taxa de letalidade alcança 27,3% entre os casos classificados como graves — uma proporção elevada, considerando o perfil das vítimas.
No mesmo período de 2024, a capital enfrentou um surto com mais de 64 mil notificações, 116 casos graves e 74 mortes confirmadas. Em 2025, apesar da redução no número absoluto, a letalidade específica revela um agravamento preocupante entre grupos de risco.
A faixa etária mais impactada pela doença concentra-se entre os idosos acima de 60 anos, conforme identificado pela Vigilância Epidemiológica. Esse público, além de ser mais vulnerável a evolução graves, frequentemente apresenta quadros clínicos que dificultam o tratamento e comprometem a recuperação, mesmo com atendimento médico. Ainda segundo o boletim, o perfil masculino tem predominância entre os casos fatais.
Noroeste e Campinas Centro lideram em casos e mortes
Em termos geográficos, os distritos sanitários Noroeste e Campinas Centro são os mais afetados. A região Noroeste lidera em número de casos prováveis, com uma taxa de 1.524,1 casos por 100 mil habitantes, número que ultrapassa com folga a média municipal.
Já Campinas Centro aparece como a região com maior número de mortes confirmadas, o que reforça a necessidade de atenção aos indicadores locais e às especificidades da população residente em áreas historicamente vulneráveis.
O sorotipo viral mais presente em 2025 é o DENV-2, responsável por 96,6% das amostras positivas testadas no Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen). Esse tipo de vírus é reconhecido por causar quadros mais agressivos e sintomáticos, com maior risco de reincidência e agravamento, especialmente em pessoas que já tiveram dengue anteriormente. O mesmo sorotipo foi predominante em 2024, quando a cidade viveu um dos períodos mais críticos da série histórica.
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Ministério da Saúde classifica Goiânia no Nível 2 de Resposta
Com base nos dados atuais, Goiânia encontra-se no Nível 2 de Resposta do Ministério da Saúde, classificado como situação de alerta. Isso significa que há óbitos confirmados e a curva de incidência ainda se mantém dentro do canal endêmico, mas com tendência de crescimento. De acordo com o monitoramento, o aumento de casos foi mais acentuado entre as semanas epidemiológicas 2 a 8 e 11, indicando risco de novos surtos com o retorno das chuvas.
Embora a Secretaria Municipal de Saúde oriente os profissionais da rede pública a priorizarem o atendimento de grupos vulneráveis, o boletim não detalha protocolos específicos voltados à população idosa, mesmo com os dados demonstrando sua maior suscetibilidade.
Segundo as diretrizes do plano de contingência, pessoas com comorbidades, gestantes, crianças e idosos devem ser alvo de atenção diferenciada, com coleta obrigatória de exames e acompanhamento clínico reforçado. No entanto, não há informação sobre medidas exclusivas voltadas à terceira idade.
Outras arboviroses monitoradas: chikungunya e febre amarela
Outro ponto que chama a atenção no relatório é o aumento da taxa de positividade: em 2025, 76,9% das amostras testadas para dengue deram resultado positivo. O número elevado indica circulação viral intensa e reforça a necessidade de vigilância constante por parte dos serviços de saúde. No total, foram analisadas 5.060 amostras até a semana 18.
Além da dengue, a capital goiana também monitora outras arboviroses, como chikungunya, zika e febre amarela. Neste ano, foram confirmados 56 casos de chikungunya e nenhum caso confirmado de zika ou febre amarela. A febre oropouche, doença em expansão no Norte do país, também está na lista de doenças com potencial epidêmico sob observação.
Diante do cenário de alerta, a situação da dengue em Goiânia reforça a necessidade de atenção permanente às populações mais vulneráveis, principalmente os idosos, que seguem como o grupo mais impactado pela doença em 2025.