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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
fotografia

Sebastião Salgado expõe 50 anos de fotografia na França

Mostra reúne imagens icônicas do brasileiro e comemora trajetória marcada por viagens extremas e defesa do meio ambiente

Luana Avelarpor Luana Avelar em 22 de maio de 2025
Foto: Tomas Arthuzzi / Divulgação
Foto: Tomas Arthuzzi / Divulgação

Poucos fotógrafos transformaram tanto a maneira como o mundo é visto quanto Sebastião Salgado. Há mais de 50 anos, o brasileiro documenta algumas das histórias mais impactantes do nosso tempo: refugiados em fuga, trabalhadores submetidos a condições extremas, comunidades indígenas à margem da modernidade e paisagens remotas preservadas da industrialização.

Sempre em preto e branco, suas imagens combinam amplitude e intimidade, mesclando humanidade crua com uma sensação atemporal de lugar. Economista de formação, Salgado se dedicou à fotografia no fim da juventude e, desde então, aborda seus temas com empatia e paciência, muitas vezes passando anos imerso em um único projeto.

Seu trabalho está em destaque no centro Les Franciscaines, na comuna francesa de Deauville, onde uma mostra aberta até 1º de junho de 2025 reúne obras de várias séries, organizada em colaboração com a Maison Européenne de la Photographie, que possui mais de 400 de suas imagens no acervo.

Em entrevista à Forbes, Salgado descreveu a exposição como um passeio pela própria vida. “Eu tive o privilégio — porque é um privilégio — de ter podido ir a todos esses lugares”, disse.

O fotógrafo rejeita a definição de artista: “Só os fotógrafos têm o direito de duvidar. Quando vamos a todas essas regiões, enfrentando todos os problemas e desafios que você pode imaginar, nos perguntamos: sobre ética, legitimidade, segurança. E cabe a nós encontrar a resposta, sozinhos.”

Ele lembra episódios marcantes da carreira, como a cobertura dos incêndios de poços de petróleo no Kuwait, durante a Guerra do Golfo. “Era noite 24 horas por dia. O medo de ser queimado vivo estava sempre presente. Hoje sou meio surdo, mas o importante é que as fotos estão lá”.

O genocídio em Ruanda foi outro momento que o afetou profundamente. “Vi 15 mil, 20 mil pessoas morrerem todos os dias. Já não era mais possível enterrá-las uma a uma. Fiquei doente — realmente doente. Tive vergonha de ser fotógrafo. Tive vergonha de fazer parte da espécie humana.”

O renascimento de sua esperança ocorreu com a recuperação ambiental do Instituto Terra, projeto de reflorestamento iniciado com sua esposa, Lélia. “Não éramos ecologistas. Queríamos simplesmente plantar uma floresta. À medida que plantávamos, vimos a vida voltar: folhas, flores, insetos, pássaros, mamíferos. Descobrimos que éramos ecologistas, porque tudo o que fazemos é pura ecologia”.

Essa experiência influenciou o projeto “Gênesis”, no qual Salgado viajou, ao longo de oito anos, para fotografar partes intocadas do planeta. “Descobri que as maiores viagens que fiz na vida foram dentro de mim mesmo. O planeta tem uma sabedoria colossal. Não sou religioso, mas acredito na evolução. É uma pena vivermos apenas 80 ou 90 anos. Se pudéssemos viver mil anos, entenderíamos nosso planeta mil vezes melhor, e viveríamos de outra forma”.

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