Vape não é só vapor: médica alerta sobre riscos e doenças causadas pelo cigarro eletrônico
Pneumologista reforça que vape não é método seguro, gera dependência e pode causar doenças graves, como DPOC e câncer de pulmão

No discurso publicitário, o cigarro eletrônico aparece como uma alternativa “moderna” e “menos prejudicial” que o cigarro tradicional. Mas, na prática, os riscos são alarmantes. A médica pneumologista Heloisa Costa é categórica: “Não é só vapor.” Segundo ela, o que parece ser apenas uma “nuvem estilosa” é, na verdade, um coquetel invisível de substâncias químicas que inflamam os pulmões, causam danos severos e, muitas vezes, deixam sequelas irreversíveis.
O uso contínuo de vapes está associado a problemas respiratórios como tosse persistente, falta de ar, chiado no peito, dor torácica e queda na performance em atividades físicas. “O cigarro eletrônico pode causar DPOC, bronquite crônica, pneumonia e até ser gatilho para asma”, explica. Além disso, uma doença específica surgiu com esses dispositivos: a EVALI, lesão pulmonar aguda associada diretamente ao uso do vape, que já atingiu milhares de jovens no mundo, segundo dados de saúde pública.
Heloisa também alerta para os riscos de longo prazo, como o desenvolvimento de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) de forma mais precoce e o câncer de pulmão. “O vape libera compostos potencialmente carcinogênicos, como formaldeído, acroleína, nitrosaminas e metais pesados, que podem causar mutações celulares e alterações no DNA pulmonar”, afirma.
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O risco não se limita aos usuários. Quem convive com fumantes de vape, principalmente em ambientes fechados, também está exposto. “O risco passivo é menor em volume, mas não é nulo. A nicotina e os compostos tóxicos podem causar irritação ocular, nasal, desencadear crises asmáticas, além de riscos para gestantes, bebês e crianças”, reforça.
A boa notícia, segundo ela, é que parte dos danos pode ser reversível, desde que o usuário pare a tempo. “Os sintomas respiratórios podem regredir e a função pulmonar melhorar em alguns meses. No entanto, danos estruturais, como cicatrizes pulmonares e alterações pré-malignas, podem permanecer”, alerta.
A mensagem da pneumologista é clara: “Se você usa cigarro eletrônico, procure ajuda para parar. Não é fácil, mas é possível. E se você não usa, não comece. O vape não é um método para parar de fumar. Pelo contrário, entrega doses altíssimas de nicotina, tão ou mais viciantes que o cigarro convencional. É uma armadilha que parece moderna, mas carrega os mesmos riscos ou até mais.”