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segunda-feira, 7 de julho de 2025
SAÚDE

Por que ficamos mais gripados no outono e inverno?

As crises respiratórias e alérgicas se intensificam no outono e inverno, afetando milhares de pessoas; entenda

Thais Airespor Thais Aires em 26 de maio de 2025

Quando o outono chega, o clima muda e, junto com ele, uma cena se repete em muitos lares: lenços de papel espalhados, espirros constantes, nariz entupido e crises de tosse. Quem convive com doenças respiratórias e alérgicas percebe rapidamente o impacto da estação. Mas o que nem todo mundo sabe é que esses sintomas vão além da friagem ou do contato com poeira.

Rinite, sinusite, asma e dermatites se intensificam no outono e no inverno. De acordo com especialistas, a razão não está apenas nos gatilhos ambientais, mas também em processos inflamatórios e imunológicos que podem ser modulados, entre outros fatores, pela alimentação e pela correção de deficiências nutricionais.

O que está por trás das alergias e doenças respiratórias nos meses frios

Com a chegada do frio no outono e no inverno, é comum manter os ambientes fechados e pouco ventilados, o que favorece o acúmulo de alérgenos como ácaros e mofo. Além disso, o ar mais seco, típico dessa época do ano, contribui para o ressecamento das mucosas, facilitando a entrada de agentes irritantes. As mudanças bruscas de temperatura também irritam as vias respiratórias, enquanto a circulação de vírus aumenta, sobrecarregando o sistema imunológico e desencadeando crises de asma, rinite e outras doenças respiratórias.

“O ambiente frio é apenas um dos gatilhos. A causa mais profunda está no estado do organismo que os recebe. Em um corpo inflamado, desnutrido ou imunologicamente vulnerável, qualquer exposição se transforma em crise”, explica o médico nutrólogo Dr. Gustavo de Oliveira Lima.

Segundo o especialista, as alergias não decorrem de uma fraqueza, mas de um sistema imunológico hiper-reativo. O organismo passa a reagir de forma exagerada a substâncias inofensivas, como poeira ou ácaros, liberando histamina e provocando sintomas como coceira, inchaço e secreção nasal. Esse quadro é ainda mais acentuado quando o corpo já vive em um estado de inflamação crônica, alimentado por fatores como dietas ricas em açúcares e ultraprocessados, consumo excessivo de laticínios industrializados e baixa ingestão de nutrientes reguladores, como vitamina D, zinco, magnésio e ômega-3.

Outono
Rinite, sinusite, asma e dermatites se intensificam no outono e no inverno

Alimentação e nutrientes como aliados da imunidade

A abordagem tradicional para o tratamento de alergias costuma focar no controle dos sintomas, geralmente com o uso de medicamentos. No entanto, a nutrologia propõe um olhar mais abrangente: tratar a base inflamatória e imunológica que sustenta esses quadros.

Entre os principais nutrientes apontados por especialistas, a vitamina D é um dos destaques. Com a redução da exposição solar no outono e no inverno, os níveis desse nutriente tendem a cair, prejudicando a eficiência do sistema imunológico. “Estudos associam a deficiência de vitamina D ao agravamento de asma, rinite e infecções respiratórias”, alerta o Dr. Gustavo. A vitamina pode ser obtida por meio da exposição solar controlada, da suplementação orientada e do consumo de alimentos como ovos e peixes de águas frias.

Outro aliado importante é o ômega-3, encontrado em peixes como salmão e sardinha. Ele tem uma ação anti-inflamatória potente, que ajuda a regular as respostas imunológicas, reduzindo episódios de broncoespasmo e a produção excessiva de muco.

Os minerais zinco e magnésio também são fundamentais. Eles participam de diversas reações bioquímicas no organismo, inclusive na regulação das células do sistema imune. A deficiência desses nutrientes pode deixar o corpo mais suscetível a reações alérgicas.

Além disso, uma alimentação rica em antioxidantes naturais — presentes em frutas vermelhas, cúrcuma, gengibre, alho, folhas verdes e azeite de oliva — contribui para combater o estresse oxidativo, um fator que pode intensificar os quadros alérgicos.

Por outro lado, certos alimentos devem ser evitados, principalmente durante as crises. Entre eles, laticínios convencionais, que aumentam a produção de muco; ultraprocessados e embutidos, que agravam a inflamação; e açúcares em excesso, que reduzem a eficiência das células de defesa.

Cuidar da microbiota é essencial para prevenir crises

O equilíbrio da microbiota intestinal, responsável por mais de 70% do sistema imunológico, também desempenha um papel decisivo na prevenção das alergias e doenças respiratórias. Quando há um desequilíbrio na flora intestinal, as barreiras naturais de defesa ficam comprometidas, tornando o organismo mais vulnerável a estímulos que, normalmente, seriam inofensivos.

Nesse sentido, a adoção de uma dieta rica em fibras e alimentos fermentados naturais é recomendada, além do uso orientado de probióticos e prebióticos. Também é indicada a redução do consumo de substâncias potencialmente inflamatórias, como glúten e corantes artificiais.

No consultório, o médico nutrólogo pode solicitar exames laboratoriais para avaliar os níveis de vitamina D, zinco, magnésio e vitamina B12, além de marcadores inflamatórios, perfil hormonal — especialmente do cortisol, que influencia diretamente a imunidade — e, quando necessário, o status da microbiota intestinal.

Com base nesses dados, é possível montar um plano de ação individualizado, que inclui reeducação alimentar, suplementação e ajustes no estilo de vida, com o objetivo de fortalecer o organismo e prevenir o surgimento ou agravamento das crises alérgicas.

“A boa notícia é que é possível modular o sistema imune, reduzir a reatividade e prevenir crises antes que elas comecem. A alergia não é destino. É um sinal. E cada sinal tem um caminho de volta ao equilíbrio”, finaliza o Dr. Gustavo.

 

 

 

Leia também: Casos de doenças respiratórias crescem 26% com a chegada do clima seco

 

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