Casos de doenças respiratórias crescem 26% com a chegada do clima seco
Baixa vacinação e circulação viral agravam cenário entre os mais vulneráveis

Com a chegada da segunda quinzena de maio e a previsão de queda nas temperaturas em junho, Goiás enfrenta um aumento expressivo nas ocorrências de doenças respiratórias, principalmente entre o público infantil. Dados da Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO) apontam que os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) subiram 26% nas últimas semanas, em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Crianças e idosos estão entre os mais vulneráveis, especialmente diante da combinação entre clima seco, baixa imunização e circulação de diversos vírus respiratórios.
Entre os principais agentes infecciosos identificados estão os vírus da Influenza A e B, o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) e o SARS-CoV-2. A bronquiolite, inflamação viral que atinge principalmente o trato respiratório inferior de crianças menores de dois anos, é uma das principais complicações associadas à SRAG.
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Em ambientes secos e fechados, a tendência é que esses vírus se espalhem com maior facilidade, ampliando o risco de agravamento de quadros gripais, especialmente entre os mais novos.
Segundo o boletim InfoGripe da Fiocruz, treze estados brasileiros estão em situação de risco elevado para SRAG, com destaque para os das regiões Norte e Centro-Oeste. Goiás apresenta uma das menores coberturas vacinais contra a gripe em 2025, com apenas 15,99% da população imunizada até o momento.
O índice está abaixo da média nacional, que chegou a 18,19% na última atualização. A meta do Ministério da Saúde é vacinar ao menos 90% do público-alvo da campanha, que inclui crianças, gestantes, idosos, pessoas com comorbidades e profissionais da saúde e educação.
A pediatra Mirna de Sousa, da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), explica que o sistema imunológico das crianças ainda está em desenvolvimento, tornando-as mais suscetíveis a infecções graves. Ela alerta para a importância da vacinação anual contra a gripe, considerando as frequentes mutações dos vírus que circulam a cada temporada. Para a médica, além da vacina, é fundamental que pais e responsáveis observem sinais de alerta como febre persistente, dificuldade para respirar, chiado no peito e tosse contínua.
A especialista também recomenda evitar exposição prolongada a ambientes fechados e mal ventilados, manter uma boa hidratação e buscar atendimento médico ao primeiro sinal de agravamento dos sintomas. Nas últimas semanas, hospitais públicos e privados da capital registraram crescimento na demanda por atendimento pediátrico e por leitos de internação.
Ampliação da rede de imunização
Em resposta ao aumento dos casos e à baixa cobertura vacinal, a Prefeitura de Goiânia anunciou a ampliação da rede de imunização. A partir deste mês, a capital conta com 64 postos fixos de vacinação contra a gripe. A vacina está liberada para toda a população com idade a partir dos seis meses e será aplicada gratuitamente enquanto durarem os estoques. A lista com os endereços das unidades está disponível no site da Prefeitura e nos canais oficiais da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
As unidades de saúde funcionam de segunda a sexta-feira, nos horários regulares de atendimento (das 8h às 18h). A orientação das autoridades é que a população busque a vacina o quanto antes, especialmente os grupos prioritários. Além da proteção individual, a vacinação ajuda a conter a transmissão dos vírus na comunidade e reduz a sobrecarga no sistema de saúde.
A expectativa é de que, com a ampliação da cobertura vacinal e a adoção de medidas preventivas, seja possível conter o avanço das hospitalizações por SRAG nas próximas semanas. Apesar do avanço da vacinação contra a Covid-19 nos últimos anos, especialistas apontam que a adesão às vacinas do calendário infantil e sazonal ainda está aquém do necessário.
A retomada da cultura vacinal é vista como essencial para proteger as crianças e prevenir surtos de doenças evitáveis. Mesmo com o alerta das autoridades, muitos pais ainda relutam em levar os filhos aos postos. Especialistas reforçam que a vacina é segura e essencial para evitar quadros graves da doença.