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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Análise

Esquerda e direita travam queda de braço pelo controle do Senado em 2026

Mais do que eleger governadores, o foco das duas maiores forças políticas do país está na formação de uma maioria no Senado, peça-chave para a aprovação de reformas, defesa de pautas ideológicas e equilíbrio entre os poderes. Em Goiás e no Distrito Federal, os bastidores já fervem com articulações e pré-candidaturas

Bruno Goulartpor Bruno Goulart em 3 de junho de 2025
Esquerda e direita travam queda de braço pelo controle do Senado em 2026
Em Goiás, direita sai na frente com nomes fortes, enquanto esquerda segue sem nome de peso. Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Bruno Goulart

A disputa entre lulopetismo e bolsonarismo tem um único objetivo: o controle do Senado Federal. Para além da corrida por governos estaduais, o centro de gravidade das articulações políticas está no Congresso, em especial na Casa revisora. A avaliação é do cientista político Felipe Fulquim, que ressalta a centralidade do Senado como espaço estratégico para aprovação de reformas, manutenção da governabilidade e fortalecimento de pautas ideológicas.

“Mais que Casa revisora de leis, o Senado é fundamental para ganhar o jogo da aprovação de projetos dentro da Câmara, por conta do rito de passagem entre as casas”, afirma Fulquim ao O HOJE. Segundo ele, a formação de uma maioria aliada ao Executivo — seja ela de esquerda ou direita — é sempre uma prioridade para qualquer presidente da República. Isso vale tanto para projetos polêmicos quanto para os de consenso.

Acordão à direita e avanço estratégico à esquerda

De um lado, o lulopetismo mira o maior número possível de cadeiras. No entanto, em Goiás, a esquerda enfrenta dificuldades para apresentar nomes competitivos à vaga. A única possibilidade cogitada até o momento é da vereadora por Goiânia Aava Santiago que, caso se confirme a especulações, deve trocar o PSDB pelo PSB para viabilizar sua candidatura.

Leia mais: “Quero sair da política para entrar para a história”, diz Kajuru ao defender fim da reeleição

Do outro lado, o bolsonarismo articula uma aliança ampla com partidos de centro, selada na lógica do “apoio o seu e você o meu”, conforme mostra a Coluna Xadrez do jornalista Wilson Silvestre. O acordo prevê que, em determinados estados, o PL e aliados apoiem candidatos de centro ao Senado — desde que o mesmo tratamento seja garantido aos nomes bolsonaristas em outras unidades da federação. A meta é ambiciosa: conquistar ao menos 50% das cadeiras com a base aliada, sendo metade dela formada por nomes puro-sangue do bolsonarismo.

Em Goiás, esse cenário já está em construção. A base do governador Ronaldo Caiado (União Brasil) prepara a chapa majoritária com Daniel Vilela (MDB) e Gracinha Caiado. O PL, por sua vez, avalia lançar apenas um nome ao Senado, caso feche apoio a Daniel ao governo – cenário que perde força diante da possibilidade de Wilder Morais sair candidato ao Palácio das Esmeraldas. No entanto, os dois nomes mais cotados para o Senado, pelo PL, são o do deputado federal Gustavo Gayer e do vereador Vitor Hugo. A outra vaga fica com Gracinha – que deve se eleger com tranquilidade. Dessa forma, a aliança garantiria força eleitoral e amplitude política na base governista.

No Distrito Federal, a disputa tende a ser polarizada e repleta de tensões internas, sobretudo no campo bolsonarista. O nome mais forte do PL é o da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que teria a preferência do eleitorado conservador. A segunda vaga tende a ficar com o atual governador Ibaneis Rocha (MDB), que encerra o segundo mandato em 2026.

Mas há resistências. A deputada federal Bia Kicis, presidente do PL no DF, é cotada para o Senado, mas aliados defendem que ela busque a reeleição, considerada mais viável que uma disputa direta com Ibaneis. Além disso, o atual senador Izalci Lucas, que se filiou recentemente ao PL, cobra o cumprimento da promessa de que seria o candidato do partido ao Governo do DF — o que pode atrapalhar a consolidação da chapa.

Na esquerda, os nomes mais fortes para o Senado são os da deputada Erika Kokay (PT) e da senadora Leila do Vôlei (PDT). Erika enfrenta dificuldades em dialogar com o eleitorado evangélico, o que limita seu teto. Já Leila, conhecida por sua postura discreta e de baixo desgaste, pode conquistar votos de todos os campos políticos, caso opte pela reeleição.

Para Fulquim, a tendência é de uma disputa amplificada pela polarização que se intensifica desde 2018. “A briga será acirrada entre todos os espectros políticos, especialmente se for aprovada a proposta de unificação das eleições (proposta do senador goiano Jorge Kajuru (PSB) que tramita em Brasília)”, pontua.

Com ou sem unificação, a disputa pelo Senado em 2026 já está posta. E mais do que um jogo de forças entre partidos, representa uma batalha pelo controle da engrenagem legislativa que sustenta — ou sabota — governos. Afinal, quem domina o Senado, domina a política.

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