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sexta-feira, 13 de junho de 2025
Saúde

Esquecer da vacina contra tétano ainda é comum — e pode ser fatal

Doença grave atinge centenas por ano no Brasil, com letalidade acima de 25%, apesar de ser totalmente evitável por vacinação

Luana Avelarpor Luana Avelar em 10 de junho de 2025
Antiviral Vaccination, Immunization. Mature medical worker sticking plaster bandage on patient's shoulder after injection in health centre. Pregnant black woman getting vaccine for Covid prevention

O tétano é uma das poucas doenças potencialmente fatais que ainda circulam no Brasil mesmo tendo vacina gratuita e disponível em todas as unidades básicas de saúde. O esquecimento ou desconhecimento sobre os reforços periódicos é o principal fator que mantém o número de casos estável e a taxa de mortalidade elevada.

De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil registrou 192 casos de tétano acidental em 2022, 222 em 2023 e 128 em 2024. Em todos os anos, a letalidade ficou acima de 26%. O dado contrasta com países desenvolvidos, onde a taxa varia entre 10% e 17%. No Brasil, a maioria dos óbitos é registrada entre idosos e trabalhadores rurais, populações que historicamente apresentam baixa cobertura vacinal de reforço.

A bactéria causadora do tétano, Clostridium tetani, está presente no solo, em fezes de animais e humanos, além de superfícies metálicas e sujas. A contaminação ocorre por meio de ferimentos na pele, especialmente perfurações, cortes ou arranhões mal higienizados. Os sintomas mais comuns são rigidez muscular, febre, dificuldade de movimentar o maxilar e contrações involuntárias, que podem evoluir para parada respiratória.

A vacina é oferecida pelo SUS desde os primeiros meses de vida. Crianças recebem três doses da pentavalente, aos dois, quatro e seis meses, seguidas de reforços aos 15 meses e aos quatro anos. A partir da adolescência, o indicado é tomar uma dose de reforço a cada dez anos com a vacina dupla adulto. Em casos de ferimentos com risco de contaminação, como lesões com metal, terra ou fezes, o intervalo entre reforços deve ser reduzido para cinco anos.

Estudo publicado pela Fiocruz em 2024 apontou que 28% dos adultos entre 30 e 60 anos não sabiam precisar a data da última vacina contra tétano. Em áreas rurais e regiões com menor acesso à saúde, a taxa chega a 40%. A ausência de sintomas específicos nas fases iniciais da doença contribui para o diagnóstico tardio e o agravamento do quadro clínico.

O tratamento exige internação em unidade de terapia intensiva, sedação contínua e uso de antitoxinas. Mesmo com suporte adequado, a reversão dos sintomas é difícil. Por isso, a prevenção por meio da vacinação é a única forma efetiva de evitar complicações graves e mortes.

Segundo o Ministério da Saúde, campanhas de conscientização têm sido reforçadas desde 2023, mas ainda enfrentam resistência e desinformação. Muitos adultos nunca completaram o esquema vacinal ou perderam o acompanhamento após a adolescência. Outro desafio é o desconhecimento sobre a necessidade de reforço em caso de ferimentos considerados simples, como arranhões com cercas, galhos ou ferramentas.

O tétano, embora negligenciado, ainda representa um risco real no Brasil. Manter a vacinação em dia é um gesto simples que pode salvar vidas.

 

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