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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Queda de braço com MP-GO

Mabel cria problema com base ao testar apoio com crédito para Seinfra

Sob pressão do prefeito e recomendação do MP-GO, vereadores travam, mais uma vez, tramitação de projeto de R$ 10 milhões para a Seinfra; oposição fala em “manobra orçamentária”

Bruno Goulartpor Bruno Goulart em 12 de junho de 2025
Mabel cria problema com base ao testar apoio com crédito para Seinfra
Sandro Mabel protagoniza queda de braço com MP-GO e enfraquece base. Foto: Reprodução

Bruno Goulart

A Câmara Municipal de Goiânia não abriu a sessão plenária desta quinta-feira (12), sob a justificativa de “problemas técnicos” com a internet do plenário. A informação foi confirmada pela vereadora Kátia (PT) ao O HOJE, que também apontou a ausência de quórum como fator determinante para o cancelamento da reunião. 

No entanto, por trás disso, há uma disputa política envolvendo um projeto do Paço Municipal que deixou claro o enfraquecimento da base do prefeito Sandro Mabel (UB). Mesmo com recomendação do Ministério Público de Goiás (MP-GO) para suspender a tramitação até que sejam fornecidos detalhes mais precisos sobre a origem e o uso dos recursos, Mabel continua a pressionar o parlamento para seguir com a votação. Mas nem todos querem comprar essa briga.

Crédito para Seinfra

A proposta em questão solicita um crédito adicional de R$ 10 milhões para a Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinfra), o que representa apenas 0,094% do orçamento anual da capital, estimado em R$ 10,6 bilhões. Ainda assim, o Executivo tratou o projeto como uma espécie de “teste de fidelidade” entre seus aliados, o que acabou gerando resistência.

Leia mais: Insatisfação com Mabel se espalha na base e na oposição

“O teste na base do Mabel falhou. Ele pressiona os vereadores, que não estão seguros para votar num projeto que traz vários questionamentos. Teve um problema técnico mesmo, mas a sessão não foi aberta por falta de quórum”, declarou Kátia ao O HOJE. Autora da ação que provocou a recomendação do MP-GO, ela ainda afirmou que a proposta “cheira a manobra orçamentária”.

A crítica foi compartilhada por outros parlamentares, como o vereador Sanches da Federal (PP), que se define como independente na Casa. “Votei a favor do pedido de vista da Kátia, que acabou sendo derrubado. O Paço quer votar com urgência para testar a base e ver quem é leal. Mas não temos que nos expor neste momento. R$ 10 milhões é um valor irrisório diante do orçamento de Goiânia”, afirmou ao O HOJE. Para ele, o baixo valor do crédito deixa evidente que se trata de um “teste de apoio”.

Para além disso, nos corredores da Câmara, fala-se que parte da base, especialmente o líder do prefeito, Igor Franco (MDB), tem sido pressionado a aprovar o projeto. A reportagem procurou o parlamentar, mas não obteve retorno até o fechamento desta.

Apesar de ter sido aprovado em primeira votação, o projeto passou a enfrentar resistências após atuação incisiva do MP-GO. A promotora Leila Maria de Oliveira recomendou a suspensão da tramitação e, conforme noticiado na imprensa, teria entrado em contato direto com vereadores por telefone para reforçar sua orientação. A reportagem ouviu alguns parlamentares, que não confirmaram essa informação.

Falta de clareza

Entre os pontos levantados pelo MP estão a mistura de despesas de capital com despesas correntes – considerada indevida e a falta de clareza sobre a origem e o destino dos recursos. O órgão solicitou especificações detalhadas das dotações anuladas, identificação das obras previstas, regiões beneficiadas e justificativas técnicas para as intervenções.

Crítica ao governo Mabel, a vereadora Aava Santiago (PSDB) também reforçou os questionamentos. “A justificativa da prefeitura é rasa e contraditória. O valor do crédito será gasto com limpeza urbana. Mas não é isso que consta no primeiro pedido. Por que não esperamos o Ministério Público arquivar o processo? Qual é a sanha e a urgência?”, questionou.

Mesmo na base do governo, o vereador Pedro Azulão Jr. (MDB), aliado de Mabel, evitou falar do crédito para Seinfra, mas fez críticas ao secretariado do Paço: “O prefeito sempre me atende, é prestativo. Mas o secretariado está pisando. Queremos ser parceiros, mas também queremos ser ouvidos. O secretário tem que respeitar o vereador”, afirmou.

Justificativa da Sefaz

Na tentativa de justificar o crédito, o secretário da Fazenda, Valdivino de Oliveira, enviou ofício à Câmara detalhando que os recursos seriam usados em ações de limpeza urbana, gestão de resíduos e urbanização, além de subvenções para empresas públicas dependentes. A explicação, no entanto, não convenceu nem os parlamentares da oposição nem o MP-GO.

Desde que foi aprovado em primeira votação, em 21 de maio, o projeto voltou à pauta diversas vezes, mas sempre houve algum pretexto para adiar a deliberação. A decisão de não abrir a sessão desta quinta-feira é interpretada como uma manobra para evitar ainda mais desgaste diante do impasse jurídico e político que se formou.

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