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segunda-feira, 7 de julho de 2025
Gestação

Pré-natal: etapa essencial para a saúde do bebê desde a gestação

O acompanhamento pré-natal é uma etapa fundamental para garantir uma gestação segura e um parto sem complicações

Leticia Mariellepor Leticia Marielle em 19 de junho de 2025
Pré-natal: etapa essencial para a saúde do bebê desde a gestação. | Foto: Reprodução/Istock

O acompanhamento pré-natal é uma etapa fundamental para garantir uma gestação segura e um parto sem complicações. Mais do que uma série de consultas, trata-se de um cuidado contínuo com a saúde da mulher e do bebê, desde a confirmação da gravidez até o momento do parto. Após esse período, inicia-se o acompanhamento puerperal, voltado ao pós-parto. 

No Brasil houve o aumento da cobertura de assistência pré-natal, 98,7 % de cobertura no Brasil sendo que 75,8% das mulheres iniciam o pré-natal antes da 16º semana gestacional e 73,1% comparecem a 6 consultas ou mais.

Durante o pré-natal, profissionais da saúde monitoram diversas mudanças fisiológicas no organismo da gestante, como a pressão arterial, o ganho de peso, a alimentação, o desenvolvimento do bebê no útero e sua movimentação. O objetivo é identificar e prevenir precocemente problemas que possam comprometer a gestação, além de orientar a mulher sobre questões importantes relacionadas à maternidade.

Existem dois tipos de pré-natal, definidos a partir das condições clínicas da gestante. O primeiro é o pré-natal de risco habitual, indicado para mulheres que não apresentam doenças pré-existentes ou fatores que possam trazer complicações durante a gravidez. Já o pré-natal de alto risco é destinado a gestantes com condições específicas, como hipertensão, diabetes gestacional ou outras patologias que exigem um olhar mais atento. Nestes casos, o acompanhamento deve ser feito por uma equipe multiprofissional, incluindo obstetras, enfermeiras obstetras, nutricionistas, psicólogos e, se necessário, fisioterapeutas. Esse grupo de especialistas atua de forma integrada, geralmente em unidades de saúde especializadas, diferentes das unidades básicas.

No caso das gestações de risco habitual, o acompanhamento pode ser feito por médicos generalistas ou enfermeiros das unidades básicas de saúde. As consultas podem ser intercaladas entre os profissionais, de modo a garantir uma atenção ampla e contínua à gestante. Já nas situações de alto risco, a complexidade do quadro clínico exige uma estrutura diferenciada e um seguimento mais rigoroso.

Atualmente, o Ministério da Saúde recomenda que toda gestante realize, no mínimo, seis consultas de pré-natal. No entanto, alcançar esse número ainda representa um desafio. Muitas mulheres iniciam o acompanhamento tardiamente, já com a gravidez em estágio avançado, entre a 18ª e a 20ª semana, o que compromete a qualidade do cuidado oferecido e limita as possibilidades de prevenção. O início precoce do pré-natal é crucial para detectar alterações e intervir a tempo.

Profissionais da área destacam que, muitas vezes, há uma preocupação maior com o parto em si do que com o processo de acompanhamento da gestação. Embora o nascimento seja um momento decisivo, é durante o pré-natal que se constrói a segurança para esse desfecho. Há relatos de partos em que a mulher não realizou nenhuma consulta ao longo da gravidez, o que obriga a equipe médica a agir sem informações básicas sobre a saúde da gestante ou do bebê, uma situação considerada de alto risco. Em contrapartida, uma mulher que recebeu acompanhamento adequado tende a ter um parto mais tranquilo e um bebê mais saudável.

Durante o pré-natal, são monitoradas condições como hipertensão, que pode evoluir para pré-eclâmpsia ou eclâmpsia se não for controlada. A partir de exames laboratoriais e clínicos, também é possível identificar e tratar infecções urinárias, obesidade, diabetes gestacional e outras complicações que podem surgir ao longo da gestação. Com o acompanhamento correto, a equipe de saúde consegue intervir com medicamentos, orientações sobre alimentação e prática de atividades físicas, promovendo uma gestação mais saudável e um parto com menos riscos.

O impacto do pré-natal ultrapassa o momento do nascimento. Ele interfere diretamente na qualidade de vida da criança ao longo da infância e contribui para reduzir índices de mortalidade materna e infantil. Por isso, o cuidado com a gestante deve começar cedo, ser contínuo e envolver profissionais preparados para oferecer orientação, escuta e segurança ao longo de toda a gestação.

Cardiopatia congênita

O exame mais eficaz para diagnosticar cardiopatia congênita no pré-natal é a ecocardiografia fetal, com mais de 90% de chance de detecção. Esse exame deve ser incluído na rotina do pré-natal.

A cardiopatia congênita é uma anomalia estrutural do coração que se forma ainda durante a vida intrauterina. Segundo o Ministério da Saúde, a condição afeta um a cada 100 recém-nascidos vivos e figura entre as principais causas de mortalidade na primeira infância no Brasil. Embora nem sempre apresente sintomas nos primeiros dias de vida, o diagnóstico precoce, realizado por meio de exames pré-natais, pode ser decisivo para o prognóstico da criança.

Em muitos casos, essas alterações cardíacas comprometem o desenvolvimento físico, o ganho de peso e a capacidade respiratória do bebê. Crianças com cardiopatias também apresentam maior risco de infecções pulmonares e, nas situações mais graves, podem sofrer prejuízos no desenvolvimento neurológico e de outros órgãos. Quando não diagnosticada ou tratada a tempo, a condição pode levar ao óbito.

As causas da cardiopatia congênita são múltiplas. As malformações podem estar ligadas a alterações genéticas, como síndromes cromossômicas, ou a fatores externos, como doenças pré-existentes da mãe, a exemplo do diabetes, além do uso de certos medicamentos durante a gestação. Apesar dos avanços na medicina, em grande parte dos casos não é possível identificar um fator causal específico.

Os sinais clínicos mais frequentes em bebês com cardiopatia incluem cianose, coloração azulada na pele e nos lábios devido à baixa oxigenação do sangue, palidez e respiração acelerada. A suspeita de alguma alteração pode surgir ainda durante a gestação, por meio do ultrassom obstétrico. No entanto, o sucesso dessa identificação depende de fatores como a qualidade do equipamento, a experiência do profissional e até mesmo a posição fetal no momento do exame. A obesidade materna também pode dificultar a visualização adequada do coração do bebê.

A identificação precoce, associada a um tratamento adequado, pode mudar radicalmente o curso da doença e oferecer melhores perspectivas de vida para as crianças que nascem com essa condição. Por isso, a atenção à saúde cardiovascular fetal deve ser uma prioridade no pré-natal e nas primeiras semanas de vida.

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