Ortobiológicos ganham destaque como alternativa menos invasiva no tratamento de lesões
Os ortobiológicos buscam atuar diretamente na causa do problema
As condições musculoesqueléticas vêm recebendo atenção crescente na medicina esportiva, na ortopedia e em diversas especialidades clínicas. Nesse contexto, os tratamentos ortobiológicos têm se destacado por utilizar substâncias obtidas do próprio corpo do paciente para estimular a regeneração de tecidos lesionados. A proposta representa uma alternativa menos invasiva em relação às abordagens terapêuticas convencionais.
Diferentemente dos métodos convencionais, que muitas vezes apenas aliviam sintomas ou recorrem à substituição de estruturas lesionadas, os ortobiológicos buscam atuar diretamente na causa do problema. Esses tratamentos baseiam-se em princípios biológicos, como a modulação da inflamação e a estimulação da regeneração celular, com foco em articulações, tendões, músculos e ossos.
As terapias utilizam materiais derivados do próprio paciente, como sangue, gordura ou medula óssea, ou biomateriais com propriedades regenerativas. A aplicação é feita por meio de injeções guiadas por imagem, dispensando a necessidade de procedimentos cirúrgicos complexos. Embora não substituam totalmente a cirurgia em casos graves, os ortobiológicos têm se mostrado eficazes como alternativa ou complemento, especialmente nas fases iniciais de doenças articulares.
Estudos já demonstram que, em quadros de osteoartrite leve a moderada, esses tratamentos podem proporcionar alívio da dor e até adiar a necessidade de artroplastias por até cinco anos. Lesões parciais de ligamentos e tendões também vêm sendo tratadas com bons resultados, sem a necessidade de intervenção cirúrgica. Em situações mais avançadas, como osteoartrite grau IV ou rupturas completas, os ortobiológicos ainda podem ser utilizados como suporte à recuperação pós-cirúrgica.
Plasma Rico em Plaquetas (PRP)
Obtido por meio da centrifugação do sangue do próprio paciente, o PRP concentra plaquetas e proteínas responsáveis pela regeneração tecidual. A substância, quando injetada na região lesionada, estimula a formação de vasos sanguíneos, o crescimento celular e a produção de colágeno. Os melhores resultados vêm sendo observados em pacientes com osteoartrite no joelho.
Células-Tronco Mesenquimais (MSCs)
Derivadas da medula óssea, da gordura corporal ou do cordão umbilical, essas células possuem propriedades anti-inflamatórias e imunomoduladoras. São indicadas para pacientes com osteoartrite avançada, lesões de cartilagem ou tendões, além de necrose avascular em estágios iniciais. A eficácia varia de acordo com a origem celular, a dose utilizada e o tipo de aplicação.
Concentrado de Medula Óssea (BMAC)
Extraído por aspiração da medula óssea, o BMAC é rico em células-tronco hematopoéticas, MSCs e fatores de crescimento. A diversidade celular confere um potencial regenerativo elevado, embora o procedimento seja mais invasivo. Seu uso tem sido indicado para lesões de cartilagem no joelho e tornozelo, além de fraturas com dificuldade de cicatrização.
Ácido Hialurônico
Amplamente conhecido na área estética, o ácido hialurônico também desempenha papel relevante na ortopedia. Sua aplicação intra-articular melhora a lubrificação das articulações, reduz o atrito entre os ossos e possui efeito anti-inflamatório. Os produtos de maior peso molecular apresentam os melhores resultados, especialmente em casos de osteoartrite grau I a III, com aplicações possíveis no joelho, quadril e tornozelo.
Outras alternativas
Além das técnicas ortobiológicas mais conhecidas, novas abordagens vêm ganhando espaço e despertando o interesse da comunidade médica. Uma delas é o uso de exossomos, pequenas vesículas derivadas de células-tronco, com capacidade regenerativa mesmo sem a aplicação direta de células vivas.
Outra alternativa promissora é o concentrado de tecido adiposo, também chamado de SVF, coletado por meio de lipoaspiração, que oferece uma fonte de células regenerativas com menor grau de invasividade em comparação à medula óssea.
Entre as inovações em estágio experimental, os peptídeos bioativos surgem como candidatos a acelerar processos de cicatrização, segundo estudos preliminares. Já os scaffolds biológicos, estruturas tridimensionais que funcionam como matriz para a regeneração de cartilagem e osso, têm sido empregados em conjunto com substâncias como o plasma rico em plaquetas (PRP) ou células-tronco mesenquimais (MSCs), ampliando as possibilidades de tratamento na medicina regenerativa.