SUS vai oferecer Implanon gratuitamente a partir deste ano
Contraceptivo de longa duração será distribuído a 500 mil mulheres na primeira fase e pode atingir 1,8 milhão até 2026
O Sistema Único de Saúde (SUS) passará a oferecer ainda este ano o Implanon, contraceptivo de longa duração até então restrito à rede privada e a alguns serviços estaduais. O anúncio foi feito pelo Ministério da Saúde, que prevê iniciar a distribuição gratuita do implante subdérmico no segundo semestre, com meta de alcançar 1,8 milhão de usuárias até 2026.
O Implanon é um bastão flexível, inserido sob a pele do braço, que libera continuamente o hormônio etonogestrel, impedindo a ovulação. Sua eficácia se estende por até três anos e a taxa de falha do método é de apenas 0,5 a cada mil usuárias, segundo dados do próprio Ministério. O dispositivo já é utilizado em países com políticas públicas voltadas ao planejamento reprodutivo e, no Brasil, vinha sendo oferecido de forma gratuita apenas no estado de São Paulo. Fora do SUS, seu custo pode chegar a R$ 4 mil.
O início da implementação nacional está condicionado à publicação de portaria nos próximos dias. A partir disso, o Ministério da Saúde terá até 180 dias para atualizar diretrizes clínicas, realizar compras, organizar a distribuição e treinar profissionais. A inserção e a remoção do implante só poderão ser feitas por médicos(as) ou enfermeiros(as) habilitados(as). O investimento previsto é de R$ 245 milhões.
Na primeira etapa, cerca de 500 mil implantes serão distribuídos em todo o país, priorizando serviços que já atuam com planejamento reprodutivo. A estratégia faz parte de um esforço mais amplo para ampliar o acesso a métodos contraceptivos e reduzir a mortalidade materna, especialmente entre mulheres negras — com meta de redução de 50% nesse grupo até 2027.
Além da praticidade e da longa duração, o método não exige manutenção frequente, o que o torna uma opção eficaz para pessoas com dificuldade de acesso recorrente aos serviços de saúde. A fertilidade é restabelecida rapidamente após a retirada, e a usuária pode optar por um novo implante na mesma ocasião, caso deseje seguir com o método.
O SUS já oferece atualmente outros métodos contraceptivos, como preservativos, pílulas hormonais, injetáveis, DIU de cobre, vasectomia e laqueadura tubária. No entanto, o acesso ao Implanon representa um avanço por ampliar as alternativas disponíveis, respeitando diferentes perfis e necessidades.
Entre as contraindicações ao uso estão casos de trombose, doenças hepáticas graves, cânceres hormonossensíveis e gravidez confirmada ou suspeita. Algumas condições, como histórico de câncer de mama ou lúpus, exigem avaliação médica individualizada. Alterações no ciclo menstrual, dores de cabeça e variações de humor estão entre os possíveis efeitos colaterais.