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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Ciência e comportamento

A biologia de Ozzy Osbourne intriga a ciência

Sequenciamento do DNA do cantor revelou mutações genéticas raras que podem ter protegido seu corpo dos danos causados por décadas de vício

Luana Avelarpor Luana Avelar em 23 de julho de 2025
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Foto: Instagram

Ozzy Osbourne, ícone do heavy metal e figura central do Black Sabbath, morreu aos 76 anos na última terça-feira (22). Seu corpo resistiu por décadas a um histórico de abusos que, em outros, teriam causado colapsos prematuros. Para a ciência, ele era mais do que um artista de excessos: era um enigma genético. Em 2010, seu DNA foi completamente sequenciado por uma empresa americana especializada em genômica humana. O objetivo era compreender como o organismo do cantor permaneceu funcional após anos de consumo extremo de álcool, cocaína, morfina e outras drogas.

A análise revelou mutações raras, entre elas uma variante do gene ADH4, responsável pelo metabolismo do álcool. Essa alteração poderia explicar por que o organismo do cantor era capaz de processar substâncias com mais eficiência do que a média da população. Além disso, os cientistas identificaram variantes ligadas à regulação da dopamina, neurotransmissor associado ao prazer e à compulsão, e mutações que afetam a produção de proteínas essenciais para a comunicação entre neurônios.

Os dados genéticos foram apresentados durante uma conferência internacional, com a presença de Osbourne e de sua esposa, Sharon. O cantor, inicialmente cético, demonstrou curiosidade ao tentar entender por que havia sobrevivido quando tantos outros músicos de sua geração sucumbiram. A resposta não veio em uma única fórmula, mas em um conjunto de alterações genéticas que sugerem uma estrutura biológica pouco comum.

O estudo também revelou traços de DNA herdados de ancestrais neandertais, o que surpreendeu e divertiu o artista. Embora os cientistas deixem claro que não existe um “gene Ozzy”, o conjunto de mutações detectadas indica uma biologia fora do padrão. Não se trata de invulnerabilidade, mas de uma tolerância incomum a níveis elevados de substâncias tóxicas.

Nos últimos anos, Osbourne enfrentava dificuldades de mobilidade e os efeitos do Parkinson, diagnosticado em 2020. Mesmo assim, sua trajetória se manteve relevante. Com mais de 100 milhões de discos vendidos, o “Príncipe das Trevas” deixou uma marca na história do rock. A ciência, por sua vez, reconhece nele um raro caso em que arte, comportamento extremo e genética se cruzam de maneira inédita.

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