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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Tecnologia e eleições

Qual será o tamanho do impacto do uso de IA nas eleições presidenciais

Ferramentas digitais devem ditar os rumos do cenário eleitoral do próximo ano

Marina Moreirapor Marina Moreira em 24 de julho de 2025
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Eleições são ponto de partida para se observar o quanto as estratégias digitais serão impulsionadas - Foto: Ricardo Stuckert/PR e Ton Molina/STF

O uso da Inteligência Artificial (IA) como um elemento significativo no cenário político tem gerado discussões, sobretudo quando o assunto é sobre eleições. Mesmo sendo algo muito falado e debatido, poucos sabem definir o que é essa estratégia digital amplamente utilizada por diversos setores, inclusive na política. A IA busca construir mecanismos capazes de simular ações humanas, como capacidade de pensar e tomar decisões. Assim, não é difícil pensar o quanto isso pode ser usado de forma positiva e, também, negativa na política. As eleições do próximo ano são o ponto de partida para se observar o quanto as estratégias digitais serão impulsionadas para favorecer ou não grupos, chapas e determinados membros da política nacional, assim como tem ocorrido em âmbito internacional.

O estudioso em IA e Marketing Político Marcelo Senise afirma que “o uso da Inteligência Artificial (IA) na propaganda eleitoral pode influenciar tanto a esquerda quanto a direita, a depender das circunstâncias e estratégias adotadas por cada campo. No contexto atual, em que Lula e Bolsonaro representam polos opostos e continuam a mobilizar grandes segmentos do eleitorado, a IA surge como uma ferramenta poderosa não apenas para ampliar o alcance das mensagens, mas também para personalizá-las e orientar campanhas de maneira ainda mais segmentada”, explica o comunicador. Senise diz ainda que “a direita, historicamente, demonstrou maior capacidade de mobilização digital e uso das redes sociais, o que tende a favorecer a utilização mais agressiva e criativa dessas tecnologias em campanhas ligadas ao bolsonarismo”. “Por outro lado, a esquerda tem aprimorado sua presença digital e buscado ampliar sua influência nas plataformas virtuais, reconhecendo a importância dos novos meios de comunicação na disputa pelo voto.”

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A atual gestão presidencial, representada por Lula da Silva (PT), busca investir em estratégias para fazer com que o Brasil se consolide como um importante ator, em cenário global, de IA. Para isso, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) apresentou um plano de investimentos no valor de R$ 23 bilhões que serão investidos na área até 2028.

O investimento partiria do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA) e seria direcionado a vários segmentos, o que inclui o setor da gestão governamental. “O aspecto mais importante dessa nova tecnologia é mostrar que o volume de recursos necessário para competir em IA não é inalcançável para países como o nosso”, afirmou Luciana Santos, ministra do MCTI. Para a cientista política Rejaine Pessoa, “a conjuntura atual é, sem
dúvida, um momento decisivo para o cenário eleitoral de 2026”. “Os desafios enfrentados hoje pelo presidente Lula e as
restrições impostas a Jair Bolsonaro não são meros eventos isolados, eles estão configurando um tabuleiro político e estão moldando as estratégias dos principais atores das eleições do próximo ano”, pontua.

Para Rejaine, “a crise diplomática imposta pelos EUA torna-se um fator de peso para os eleitores nos próximos eventos eleitorais”. “Além disso, nós temos a sugestão das pautas internas como economia e questões sociais que são assuntos que permanecem sobre intensa avaliação popular.” Acontecimentos recentes desencadearam um alto número de conteúdos com o uso de IA, como, por exemplo, um possível diálogo satírico (falso) entre o ex-presidente Jair Bolsonaro com o presidente norte-americano Donald Trump. Esse tipo de uso dos recursos digitais é algo novo para a esquerda brasileira e isso já antecipa como será a disputa eleitoral do próximo ano, em que a estética chamada de cheapfake (vídeo falso, mas não tão elaborado) pode ser um artifício para fugir da regulamentação legal.

Enquanto o Congresso e a Justiça buscam meios de regular o uso da IA, partidos e grupos políticos buscam brechas para continuar a atuar no meio digital, principalmente nas redes sociais como WhatsApp e Instagram. Atualmente, não há uma legislação específica para o uso de IA na propaganda partidária, o que abre espaço para a exploração dos limites entre o que é certo ou errado, ético ou legal. (Especial para O Hoje)

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