Matheus Pires inaugura primeira individual no CCUFG
Mostra “Deslocar-se na penumbra” reúne obras criadas entre 2019 e 2025, em que caminhada, política e escuta poética se cruzam como gesto estético e político
O Centro Cultural UFG abre, a partir de 5 de agosto de 2025, a exposição Deslocar-se na penumbra, primeira individual do artista visual Matheus Pires. Com curadoria de Paulo Duarte-Feitoza, a mostra reúne obras produzidas entre 2019 e 2025 e marca o retorno de Pires à Universidade Federal de Goiás, onde iniciou sua formação. A exposição é resultado de um percurso que compreende o deslocamento como gesto de fricção e como ferramenta para desestabilizar certezas, tanto na paisagem quanto na linguagem.
Entre desenhos, vídeos, fotografias, objetos e instalações, o artista formula um campo poético que atravessa geografias e tensiona discursos. “Essa exposição é uma caminhada sobre o risco. Sobre o que não foi dito, sobre o que custa ou mesmo não pode ser representado. Ela nos convida a andar devagar, como quem atravessa um terreno instável. Os trabalhos de Matheus se tornam imagens que tensionam símbolos, questionam o poder e friccionam discursos”, afirma o curador.
Graduado em Artes Visuais pela UFG e mestre pela Universidade de Brasília, Matheus Pires investiga, por meio da errância, formas de repensar os vínculos entre corpo, território e memória. A seleção de obras parte de experiências em contextos tão distintos quanto o Setor Jaó, em Goiânia, o bairro de Sachsenhausen, na Alemanha, e o monte Ararat, na fronteira da Armênia. Trata-se de uma prática artística em que o trajeto se sobrepõe à chegada e o sentido se constrói na travessia.
“O deslocamento, físico e geográfico, pode ser tomado como uma estratégia de desedentarização do pensamento, de desestabilização do ponto de vista, um modo de repensar as relações entre os elementos do mundo, em uma prática inventiva de pura atividade e imaginação política”, afirma Matheus.
Nas palavras do artista, esse movimento é também um método de escuta do espaço e de invenção de tempo. “A experiência reiterada de atravessamento de um espaço é um método de desvelamento de suas tessituras, uma busca de um tempo da experiência que permita o acesso às suas camadas, sejam elas históricas, arquitetônicas e urbanísticas, memórias, ideológicas, cotidianas, relacionais ou simbólicas. O espaço não é dado; ele aparece quando se presentifica para nós, quando nos interroga. Ao ser extraído de sua dimensão banal, procuro respondê-lo com a formulação de novas indagações”.
SERVIÇO
Quando: a partir de 5 de agosto de 2025
Onde: Centro Cultural UFG – Av. Universitária, nº 1533, Setor Leste Universitário, Goiânia/GO
Horário: 10h
Entrada gratuita