Goiás mantém status sanitário e impulsiona exportações de carne suína com alta de 36,7% em 2025
Resultado do 4º ciclo do Pivds reforça credibilidade internacional e garante competitividade à suinocultura goiana, que já exportou 7,2 mil toneladas no ano
A suinocultura goiana vive um momento de crescimento sustentado e de consolidação no cenário nacional e internacional. O desempenho recente é resultado também da manutenção do status sanitário de área livre de Peste Suína Clássica (PSC), confirmado pelo 4º ciclo do Plano Integrado de Vigilância de Doenças de Suínos (Pivds), conduzido pela Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa) entre fevereiro e junho de 2025.
As ações de campo contemplaram 346 propriedades rurais distribuídas por 106 municípios, abrangendo as 12 regionais da agência. Foram coletadas 1.711 amostras sorológicas em granjas tecnificadas e propriedades de subsistência, além de inspeções clínicas em 175 estabelecimentos.
Todos os resultados foram negativos para PSC, e nenhuma ocorrência compatível com doenças de alto impacto, como Peste Suína Africana ou Síndrome Reprodutiva e Respiratória dos Suínos (Prrs), foi registrada.
De acordo com a gerente de Sanidade Animal da Agrodefesa, Denise Toledo, o resultado é fruto do comprometimento do setor produtivo e da eficácia do trabalho de campo. “As vigilâncias clínicas e sorológicas são fundamentais para identificação precoce de doenças e prevenção de surtos que comprometam a suinocultura goiana”, afirmou.
O presidente da Agrodefesa, José Ricardo Caixeta Ramos, destacou que a manutenção do status livre de PSC é requisito básico para manter mercados internacionais abertos e garantir alimento seguro à população.
O reconhecimento como área livre de PSC é conferido pela Organização Mundial de Saúde Animal (Omsa) e tem impacto direto na economia. Em 2024, Goiás ocupou a sétima posição no ranking nacional de exportações de carne suína in natura, com 11.964 toneladas embarcadas. Em 2025, o ritmo segue positivo: entre janeiro e maio, o Estado exportou 7,2 mil toneladas, gerando receita de US$ 15,2 milhões, avanço de 36,7% em relação ao mesmo período de 2024. O preço médio pago pelo produto goiano no mercado externo chegou a US$ 2.094,03 por tonelada, alta de 18%.
O boletim Agro em Dados de julho, divulgado pela Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), destaca ainda o desempenho de maio, quando Goiás embarcou 1,2 mil toneladas de carne suína, movimentando US$ 2,8 milhões, crescimento de 53,3% na receita frente ao mesmo mês do ano anterior. A valorização do produto foi significativa: o valor por tonelada exportada subiu 39,6%, alcançando US$ 2.281,17.
A ampliação das vendas externas foi puxada por mercados estratégicos. As exportações para Singapura cresceram 49%, para a Geórgia 108%, para o Chile 200% e para o Gabão 567%, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Esses destinos, além de diversificarem a carteira comercial, reduzem a dependência de grandes compradores como a China, que apresentou retração nas aquisições no período.
No mercado interno, Goiás respondeu por 3,4% dos abates nacionais de suínos em 2024, totalizando 1,9 milhão de cabeças e 192,5 mil toneladas de carcaças. Apesar do crescimento anual de 2,6% no volume abatido, os preços domésticos registraram queda em junho. A média do suíno vivo em São Paulo, referência nacional, ficou em R$ 8,50/kg, recuo de 1,2% no mês. Ainda assim, a redução nos custos de produção, especialmente com ração, milho (-12,4%) e farelo de soja (-3,4%), melhorou a margem do produtor.
Para a coordenadora do Programa Estadual de Sanidade Suídea, Aline Barichello Cerqueira, o desafio é manter o rigor da vigilância, especialmente em propriedades não tecnificadas, que representam maior vulnerabilidade. “Esses dados ajudam o Brasil a manter sua credibilidade perante os órgãos internacionais”, afirmou.
O cenário atual mostra que o trabalho integrado entre defesa agropecuária, produtores e indústria é determinante para que Goiás mantenha sua posição de destaque. A combinação entre sanidade, qualidade e gestão de mercado tem permitido ao Estado crescer acima da média nacional, consolidando-se como um polo estratégico da suinocultura brasileira.