Arnaldo Antunes completa 65 anos nesta terça-feira (2) como um dos artistas mais inquietos da música brasileira. Poeta, cantor e compositor, ele construiu uma trajetória que atravessa diferentes linguagens: do rock contestador dos Titãs à poesia concreta, da MPB dos Tribalistas à obra solo marcada por experimentações.

Nascido em São Paulo em 1960, Antunes entrou para os Titãs ainda nos anos 1980, quando ajudou a escrever clássicos como “Bichos escrotos”, “Comida” e “Família”. Sua saída em 1992 marcou uma guinada para projetos individuais. O primeiro deles foi Nome (1993), lançado em três formatos, disco, livro e vídeo, em diálogo direto com a poesia visual.

Na carreira solo, lançou álbuns como Ninguém (1995), O Silêncio (1996) e Um Som (1998), nos quais misturou música e palavra falada. O trabalho encontrou público amplo em 2002, quando se uniu a Marisa Monte e Carlinhos Brown no Tribalistas. O álbum homônimo vendeu mais de dois milhões de cópias e venceu o Grammy Latino de Melhor Álbum Pop Contemporâneo Brasileiro.

Paralelamente, Antunes manteve intensa produção literária. Recebeu o Prêmio Jabuti de poesia em 1993, por As Coisas, e em 2016, por Agora aqui ninguém precisa de si. Também lançou ensaios e livros de artes visuais, ampliando o alcance de sua obra para além da música.

Dados do Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição) reforçam sua relevância. Antunes soma 772 obras cadastradas e 948 gravações. Entre elas, “Velha infância”, parceria com Monte, Brown, Pedro Baby e Davi Moraes, foi a canção mais tocada nos últimos cinco anos. Já “Ainda bem”, composta com Marisa Monte, lidera o ranking das mais regravadas, com 56 versões registradas.

O artista permanece ativo. Em 2025, lançou Novo Mundo, produzido por Pupillo, com participações de Marisa Monte, Ana Frango Elétrico, Vandal e David Byrne. Aos 65 anos, Antunes soma o peso de números expressivos com a permanência de uma obra difícil de rotular, que atravessa gerações sem se deixar domesticar por estilos ou modas.