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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Crime contra a saúde

Apreensões de canetas emagrecedoras ilegais crescem em Goiás

Fiscalização revela mercado clandestino de medicamentos para emagrecimento, com produtos transportados irregularmente e sem controle de temperatura

Renata Ferrazpor Renata Ferraz em 8 de setembro de 2025
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Foto: Divulgação/PRF

A corrida pelo corpo perfeito tem levado muitas pessoas a recorrerem a medicamentos potentes para emagrecimento, mas, em Goiás, esse desejo tem revelado um mercado clandestino perigoso. Nos últimos dois meses, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) apreendeu mais de 800 canetas emagrecedoras e dezenas de ampolas com o mesmo princípio ativo, todas transportadas de forma ilegal, somente em Goiás.

Segundo os agentes, os produtos chegavam ao Estado sem a refrigeração adequada, em carros de passeio, escondidos em porta-malas ou até despachados em ônibus interestaduais. “Essas canetas eram transportadas em veículos de passeio, no porta-malas, e já tivemos situações de pessoas carregando no bolso ou até despachado em ônibus, totalmente fora das condições ideais”, relatou o inspetor da PRF, Victor Rustiguel.

O uso desses medicamentos exige refrigeração de até 8°C, condição indispensável para manter a eficácia e a segurança. Sem esse cuidado, o princípio ativo pode se degradar, transformando o que deveria ser um tratamento médico em uma ameaça à saúde. O auditor-fiscal da Receita Federal em Goiás, Casimiro Neto, confirmou que toda a carga apreendida será destruída, justamente porque não é possível atestar a qualidade dos produtos após o transporte irregular.

Além do risco sanitário, há também a questão legal: quem transporta e vende essas canetas pode responder por contrabando, descaminho ou crimes contra a saúde pública. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autoriza a comercialização apenas de determinadas marcas, sob prescrição médica e para uso individual.

Apesar dos perigos, muitos consumidores ainda se arriscam. O estudante Murilo Morais, por exemplo, relatou que perdeu mais de 15 quilos usando as canetas. Porém, o resultado veio acompanhado de efeitos colaterais. “Na primeira aplicação, senti náuseas muito fortes, quase desisti. O investimento foi alto, então continuei. Sem acompanhamento do meu médico, eu teria parado no início, porque os efeitos eram assustadores”, contou.

Casos como o de Murilo revelam um dilema: embora o medicamento seja eficiente, o uso sem acompanhamento profissional pode gerar complicações sérias. Entre os relatos mais comuns estão náuseas, vômitos, falta de energia e indisposição para atividades do dia a dia. Além dos sintomas físicos, especialistas apontam que a falta de apetite provocada pelo remédio pode afetar a vida social e até emocional do paciente.

De acordo com médicos e nutricionistas, o tratamento com canetas emagrecedoras só deve ser feito sob orientação profissional. Isso porque o emagrecimento saudável não depende de uma “fórmula mágica”, mas de um conjunto de fatores: alimentação equilibrada, atividade física e acompanhamento médico.

O inspetor Victor Rustiguel reforça esse alerta: “O grande problema é que muitos acreditam que a caneta sozinha resolve. Mas, sem orientação, o risco é enorme, principalmente porque esses produtos ilegais não têm garantia de origem e nem de conservação”.

Os especialistas reforçam que não existe milagre quando o assunto é emagrecimento: medicamentos podem auxiliar, mas jamais substituem mudanças no estilo de vida. Uma dieta equilibrada, com proteínas magras, vegetais, frutas e grãos integrais, potencializa os efeitos do tratamento, mas o acompanhamento médico é indispensável, já que apenas um profissional pode definir as doses corretas, monitorar os resultados e intervir em caso de efeitos adversos. 

Além disso, alertam para o cuidado com compras ilegais, que representam não só risco de apreensão e prejuízo financeiro, mas também uma ameaça real à saúde, podendo expor o organismo a substâncias mal armazenadas, adulteradas ou falsificadas, capazes de causar complicações graves e até irreversíveis.

As apreensões da PRF em Goiás evidenciam que o comércio ilegal dessas canetas está crescendo rapidamente. Em busca de emagrecimento rápido, muitas pessoas acabam alimentando um mercado paralelo que coloca em risco tanto a saúde individual quanto a segurança coletiva.

“Estamos falando de um produto que exige controle rigoroso de temperatura, transporte e prescrição. Quando alguém compra de forma ilegal, está correndo um risco enorme de usar algo adulterado ou sem eficácia”, concluiu o auditor Casimiro Neto.

Com o aumento da fiscalização, autoridades esperam reduzir a circulação desses medicamentos ilegais. Ainda assim, o maior desafio continua sendo a conscientização da população.

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