Sintomas silenciosos de câncer ginecológico exigem atenção das mulheres
Especialistas alertam para sinais que podem indicar câncer de endométrio e ovário e destacam a relevância do diagnóstico precoce
O câncer de endométrio e o câncer de ovário estão entre as principais doenças oncológicas que afetam a saúde ginecológica. Apesar de distintas em sua origem, ambas apresentam características que exigem atenção redobrada, sobretudo pela semelhança de alguns sintomas com outras condições mais comuns.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de ovário é considerado um dos mais agressivos do sistema reprodutivo feminino, já que muitas vezes é descoberto em estágio avançado. O câncer de endométrio, que se desenvolve no revestimento interno do útero, costuma apresentar melhores índices de resposta ao tratamento quando identificado precocemente. A incidência desse último tem aumentado, principalmente entre mulheres após a menopausa.
Sinais de alerta no corpo feminino
Renata Justa, cirurgiã oncológica do Centro Regional Integrado de Oncologia (CRIO), explica que os sinais de cada doença são diferentes, mas igualmente importantes de serem reconhecidos. “No câncer de endométrio, um dos principais indícios é o sangramento uterino anormal, especialmente após a menopausa. Esse é um sinal que nunca deve ser ignorado. Já o câncer de ovário costuma se apresentar de forma mais discreta, com inchaço abdominal, dor pélvica, sensação de saciedade precoce e alterações urinárias. Por serem sintomas comuns a outras doenças, muitas vezes passam despercebidos”, afirma.
A especialista também detalha fatores de risco associados às doenças. Entre os que aumentam a probabilidade de desenvolver câncer de endométrio estão obesidade, uso prolongado de estrogênio sem progesterona, histórico familiar e síndromes genéticas, como a de Lynch. Já no caso do câncer de ovário, a predisposição genética tem impacto significativo, especialmente em mulheres que apresentam mutações nos genes BRCA1 e BRCA2.
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Diagnóstico e acompanhamento médico
O diagnóstico precoce continua sendo um dos principais recursos para tratar esses tipos de câncer de forma eficaz. No caso do endométrio, exames como a ultrassonografia transvaginal e a histeroscopia permitem detectar alterações em estágio inicial. Quanto ao câncer de ovário, não há um exame de rastreamento que seja efetivo para mulheres sem sintomas, mas a associação entre exames de imagem e análise de marcadores tumorais pode ajudar a levantar suspeitas clínicas.
“O tempo é um fator decisivo. Quanto mais cedo conseguimos identificar a doença, maiores são as chances de cura e menores os impactos do tratamento. É fundamental que as mulheres prestem atenção ao próprio corpo e procurem atendimento médico diante de qualquer alteração”, reforça a médica.
Além do cuidado individual, especialistas destacam que o acesso a consultas ginecológicas, exames de prevenção e tratamento especializado desempenha papel central na saúde feminina. “A informação é uma ferramenta poderosa. Quando mulheres entendem os sinais, conhecem seus riscos e têm acesso a atendimento adequado, conseguimos salvar vidas”, conclui Renata Justa.