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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Jogo político

Jorge Messias, nome de Lula para STF, aponta para indicação de evangélico

Aproximação de presidente com setores jurídicos e religiosos aponta arranjo político que ignora apelo por ministra mulher

Marina Moreirapor Marina Moreira em 18 de outubro de 2025
Lula
Lula tenta diálogo com grupos que resistem ao petismo e AGU, que é religioso, surge como favorito para suceder Barroso - (Créditos: Ricardo Stuckert/PR)

A disputa política é capaz de revelar até onde um líder é capaz de ir para continuar para se manter no poder. Mesmo diante de grande movimentação política por parte da esquerda para a indicação de uma mulher, sobretudo negra, para ocupar uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai na contramão ao estabelecer vínculos com setores evangélicos. Movimentação indica que a preferência do chefe do Planalto em nomear Jorge Messias, advogado-geral da União, tem relação com a forte relação do preferido com lideranças evangélicas. 

Ao O HOJE, o ex-senador, procurador da Justiça aposentado e advogado Demóstenes Torres revela seu ponto de vista em relação à possível indicação que parte do presidente Lula à Suprema Corte. “Jorge Messias tem notável saber jurídico e reputação ilibada, além do que é habilidoso o suficiente para compor o STF, um tribunal político (na acepção nobre do termo) destinado à pacificação social.” 

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Lula x Senado

Lula prefere manter sigilo quanto à publicização de sua escolha para a Corte e isso pode acarretar problemas no que tange à preferência de parte do Congresso Nacional pelo nome do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG). A demora na nomeação do próximo ministro para o Supremo terá como consequência o crescimento da campanha liderada pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), pela indicação do ex-presidente do Congresso. 

“O custo político da nomeação [de Jorge Messias] é alguma contrariedade em relação ao Senado (Alcolumbre, em particular) e a outros ministros do STF, que prefeririam Pacheco”, explica o cientista político e professor da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Goiás (UFG), Francisco Tavares. 

Lula
No Senado, o nome defendido para ocupar vaga no STF é o do senador Rodrigo Pacheco, que já comandou a Casa – (Créditos: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

O docente faz uma descrição de Messias e como isso influencia para a possível indicação do advogado-geral da União para atuar no STF. “Messias é o nome de maior confiança do presidente e, depois de todos os problemas que viveu entre 2015 e 2020, este se tornou um critério primaz na escolha. É, de qualquer modo, um técnico jurídico experimentado e com uma gestão na AGU bem reputada entre pessoas do campo”, conclui Tavares. 

Em consonância com o professor da UFG, o advogado e assessor parlamentar Camilo Bueno vê a possibilidade da indicação de Messias para a Suprema Corte como uma decisão assertiva. “Nos momentos em que a democracia esteve sob ataque, como na época do golpe contra a [ex-presidente] Dilma [Roussef (PT)], ele [Jorge Messias] demonstrou sua importância às instituições do Estado de direito. Portanto, vejo a escolha como acertada.” 

Bueno faz referência ao histórico de carreira do advogado-geral da União como algo importante a ser considerado para a indicação de Messias pelo presidente Lula. “Ele tem um vasto conhecimento técnico, é mestre e doutor em Desenvolvimento, Sociedade e Cooperação Internacional pela Universidade de Brasília (UnB), é um servidor de carreira na AGU, tendo ingressado como procurador da Fazenda Nacional.” 

Religião e política, vertentes inseparáveis

A fé também faz com que Messias seja o preferido do governo para a vaga, porque é algo que o credencia como ponte com um eleitorado no qual Lula busca reduzir resistências e garantir maior aprovação. Jorge Messias já representou o governo em eventos religiosos como a Marcha para Jesus. Nesse sentido, o filósofo e professor Guilherme Giani faz uma análise relativa à infiltração da religião no âmbito político brasileiro. 

“No Brasil, país em que historicamente setores majoritários da Igreja Católica segregaram e aniquilaram manifestações religiosas contra-hegemônicas, como as religiões de matrizes africanas e indígenas, e até expressões do catolicismo popular e seus sincretismos, acompanhamos, nas últimas décadas, a explosão do neopentecostalismo e a infiltração do fundamentalismo de matriz protestante e (ou) evangélica nos espaços políticos institucionais, além dos meios culturais e midiáticos em geral”, pontua o filósofo ao O HOJE. (Especial para O HOJE)

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