Goiás lidera alta no preço do etanol e puxa tendência nacional de aumento dos combustíveis
Estado registrou avanço de 8,25% no preço do etanol na primeira quinzena de outubro, a maior alta do País
Os motoristas goianos começaram o mês de outubro sentindo mais no bolso o impacto dos combustíveis. De acordo com a mais recente análise do Índice de Preços Edenred Ticket Log (IPTL), Goiás registrou o maior aumento do País no preço do etanol na primeira quinzena do mês: alta de 8,25%, que elevou o litro de R$ 4,24 para R$ 4,59. A gasolina também acompanhou o movimento de alta, com acréscimo de 3,37%, chegando à média de R$ 6,45.
Os dados do IPTL, que consolidam o comportamento de preços das transações nos postos de combustível em todo o território nacional, apontam que o cenário de Goiás refletiu uma tendência observada em outras regiões, mas com intensidade muito maior. No comparativo nacional, o etanol apresentou aumento médio de 1,14% (R$ 4,44) e a gasolina subiu 0,47% (R$ 6,36).
“Goiás sentiu de forma particularmente intensa os efeitos do período de entressafra da cana-de-açúcar. Com a moagem reduzida, a oferta de etanol no mercado diminui, o que pressiona os preços para cima, como registrado nesse aumento de mais de 8%. Ademais, a valorização do açúcar no mercado externo pode fazer com que as usinas priorizem sua produção, reduzindo ainda mais a disponibilidade do biocombustível. Apesar dessa disparada, o IPTL mostra que o etanol ainda é a escolha economicamente mais vantajosa no Estado. Além da análise de custo, é importante reforçar o papel do etanol como um aliado da mobilidade sustentável, por ser um combustível de fonte renovável que contribui para a redução de emissões de gases poluentes”, analisa Renato Mascarenhas, Diretor de Rede de Abastecimento da Edenred Mobilidade.
O levantamento indica ainda que o comportamento dos preços em Goiás acompanha a tendência regional do Centro-Oeste, que registrou as maiores variações do País no início de outubro. Na média da região, o etanol subiu 3,92% e foi vendido a R$ 4,51, enquanto a gasolina teve alta de 2,04%, custando R$ 6,49.
O movimento de alta verificado no Estado goiano tem relação direta com fatores sazonais e estruturais do mercado. O fim da safra da cana-de-açúcar reduz a oferta de etanol hidratado, pressionando as distribuidoras e revendas. Além disso, o aumento da demanda interna, especialmente em regiões onde o biocombustível se mostra competitivo frente à gasolina, amplia a pressão sobre os preços. No cenário internacional, a valorização do açúcar também influencia o comportamento das usinas, que podem direcionar maior parte da produção para exportação do produto, limitando o volume destinado ao combustível.
No restante do País, o Norte segue como a região com os maiores preços médios R$ 5,21 para o etanol e R$ 6,83 para a gasolina, reflexo de custos logísticos mais elevados e menor concentração de usinas produtoras. Já o Sudeste, onde se concentra a maior parte da produção nacional, mantém as médias mais competitivas: R$ 4,32 para o etanol e R$ 6,21 para a gasolina.
Etanol segue sendo a opção mais vantajosa dos combustíveis
Mesmo diante das recentes altas, o etanol segue como a opção mais vantajosa para o motorista em dez estados brasileiros, especialmente no Centro-Oeste, onde o biocombustível se mostrou financeiramente competitivo em todos os estados da região. A relação custo-benefício se mantém positiva sempre que o preço do etanol é inferior a 70% do valor da gasolina, patamar alcançado com frequência em Goiás, graças à estrutura produtiva local e à menor dependência logística.
“O etanol tem mostrado variações mais relevantes neste segundo semestre, influenciado por oscilações na oferta e pelos custos de produção e distribuição. O movimento continuou em outubro, com nova alta nas bombas. A gasolina seguiu o mesmo caminho, porém em ritmo mais moderado. Além do fator preço, o uso do etanol também representa um ganho ambiental, já que emite menos poluentes e ajuda a reduzir a pegada de carbono, fortalecendo uma mobilidade mais sustentável”, completa Mascarenhas.
A expectativa do setor é de que os preços voltem a se estabilizar nos próximos meses, conforme se inicia a nova safra da cana-de-açúcar e aumenta a disponibilidade do biocombustível no mercado. Ainda assim, o comportamento dos preços deve permanecer sensível às condições climáticas e às flutuações do mercado internacional de açúcar e petróleo.
Enquanto isso, consumidores e frotistas goianos seguem atentos às variações nas bombas, que refletem não apenas a dinâmica de oferta e demanda, mas também a importância estratégica do etanol para a economia local e para o avanço de uma mobilidade mais limpa e sustentável no Brasil.