Chegada da chuva acende alerta para aumento dos casos de dengue em Goiânia
Boletins do Cimehgo e da SMS apontam que a combinação entre chuva, calor, umidade e retorno das precipitações cria ambiente propício para o avanço do Aedes aegypti, exigindo atenção redobrada de autoridades e da população
Com a chegada do período chuvoso, o Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (Cimehgo) prevê para esta semana sol entre nuvens e pancadas isoladas de chuva em todo o Estado, com risco potencial de tempestades em 225 municípios, incluindo Goiânia. O boletim meteorológico divulgado nesta terça-feira (4) aponta que a combinação de calor e umidade deve provocar mudanças rápidas no tempo, com possibilidade de ventos fortes, raios e até granizo
Na Capital, a previsão é de pancadas isoladas de chuva, temperaturas entre 19 °C e 30 °C e umidade relativa do ar variando de 50% a 95%. Esse cenário, característico da transição entre a estiagem e o período chuvoso, cria condições favoráveis à proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya.
De acordo com o Boletim Epidemiológico Arboviroses nº 43 da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Goiânia registrou 29.958 casos prováveis de dengue em 2025, uma redução de 48,4% em relação ao ano anterior, contra 26.381 casos confirmados.
Foram confirmados 31 óbitos até outubro, o que coloca o município em nível 2 de alerta segundo os critérios do Ministério da Saúde. Apesar da queda, o documento destaca a necessidade de intensificar as ações de prevenção devido ao início das chuvas e ao aumento dos criadouros.
Em todo o País, o Brasil contabiliza 1,6 milhão de casos prováveis de dengue em 2025, uma redução de 75% em relação a 2024. São Paulo concentra 55% dos casos, seguido de Minas Gerais (9,8%), Paraná (6,6%), Goiás (5,9%) e Rio Grande do Sul (5,2%). Foram registrados 1,6 mil óbitos, queda de 72% em comparação ao ano anterior.
Ações locais e estaduais teve início antes do período da chuva

Em Goiânia, a SMS informou que mantém visitas domiciliares em todas as regiões, com orientação à população e inspeção de ambientes. O município realiza também o monitoramento da oviposição do mosquito, instalando armadilhas que permitem contar ovos e mapear áreas com maior infestação. Em imóveis abandonados ou permanentemente fechados, são feitas vistorias compulsórias para evitar criadouros.
No âmbito estadual, a Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO) alerta que o foco das ações de prevenção no período chuvoso deve estar em lotes baldios, quintais e no descarte irregular de lixo. Já na seca, os criadouros mais comuns surgem em ambientes domésticos, como vasos sanitários inutilizados, calhas entupidas e caixas-d’água destampadas.
Um dos maiores desafios, segundo a pasta, é a resistência dos ovos do Aedes aegypti, que podem sobreviver até um ano sem contato com a água, aguardando apenas as primeiras chuvas para eclodirem. Por isso, a SES orienta a população a manter quintais limpos, descartar recipientes que possam acumular água e vedar bem os reservatórios.
Embora não haja casos confirmados de febre amarela em humanos em Goiânia neste ano, o boletim da SMS registrou três epizootias, mortes de macacos, confirmadas na região Sudoeste da Capital. O monitoramento desses animais é essencial para identificar a circulação do vírus e acionar medidas preventivas, incluindo a vacinação de moradores em áreas de risco.
Mesmo com a redução significativa dos casos, o Ministério da Saúde lançou nesta segunda-feira (3) a campanha nacional “Não dê chance para dengue, zika e chikungunya”. O objetivo é reforçar o combate ao mosquito em todo o País e preparar Estados e municípios para o aumento sazonal esperado com o período chuvoso. Além disso, o Ministério organiza para o próximo sábado (8) o “Dia D da Dengue”, mobilizando agentes de saúde e a população em todo o território nacional.
Vacinação e novas perspectivas
Iniciada em 2024, a vacinação contra a dengue continua prioritária para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos em 2.752 municípios com maior risco de transmissão. Até outubro deste ano, mais de 10,3 milhões de doses foram distribuídas.
Em outubro, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, firmou parceria com a empresa chinesa WuXi Biologics para a produção em larga escala da vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan. A expectativa é que o registro da Anvisa saia até o fim de 2025 e a fabricação alcance 40 milhões de doses anuais a partir de 2026.