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domingo, 14 de dezembro de 2025
comportamento e saúde

Constelação familiar conquista cada vez mais adeptos

Por meio de dinâmicas, abordagem propõe atuar no inconsciente, romper padrões e buscar novas formas de agir

Luana Avelarpor Luana Avelar em 16 de novembro de 2025
Constelação familiar
Constelação familiar mobiliza discussões sobre pesquisa, limites terapêuticos e regulação. Foto: Geranium

A constelação familiar, antes restrita a grupos pequenos, ganhou visibilidade nas redes sociais e passou a circular com força entre conteúdos sobre comportamento e saúde. Vídeos explicativos e depoimentos se multiplicam, reforçados pela adesão de artistas como Anita, Maíra Cardi e o DJ Alok. A popularização levou o tema a novos espaços, entre eles o Congresso BiomConecta, que ocorre nesta segunda-feira (17), em formato híbrido e gratuito.

Com apoio do Conselho Regional de Biomedicina – 3ª Região (CRBM-3), a biomédica, professora universitária e consteladora Oslânia Alves participa da programação com uma abordagem voltada a relações familiares, saúde e práticas integrativas. Para ela, compreender sintomas e conflitos exige observar a trajetória familiar. “De forma simples, a constelação familiar ajuda a enxergar os problemas sob uma nova perspectiva, considerando não apenas o indivíduo, mas também a história e os vínculos de sua família”, afirma. A leitura parte da ideia de que dificuldades emocionais, relações instáveis e impedimentos recorrentes podem dialogar com lealdades herdadas.

Criada nos anos 1980 por Bert Hellinger, a constelação familiar se baseia nos princípios de Pertencimento, Equilíbrio e Ordem. Durante as sessões, representantes ou elementos escolhidos pelo participante são dispostos para reproduzir a configuração familiar. A partir dessa organização, afirma Oslânia, aspectos não percebidos no cotidiano se tornam observáveis. “Ao observar o que acontece entre eles, é possível revelar dinâmicas ocultas como exclusões, inversões de papéis ou pesos herdados e encontrar um novo lugar mais leve e saudável dentro do sistema familiar”. Ela descreve esses vínculos como uma rede contínua. “É como se cada família fosse um campo de energia e vínculos, onde todos estão conectados. Quando algo fica fora de ordem, por exemplo, alguém é esquecido, julgado ou excluído, esse desequilíbrio continua agindo nas gerações seguintes, podendo gerar um padrão familiar”.

A prática integra as Práticas Integrativas e Complementares ofertadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em Goiás, o atendimento pode ser solicitado no Centro Estadual de Referência em Medicina Integrativa e Complementar (CREMIC), sem encaminhamento. Mesmo com a expansão do método, Oslânia destaca limites. “Essa é uma prática complementar que atua em conjunto com outros cuidados de saúde e deve ser compreendida como um recurso adicional para a melhoria da qualidade de vida das pessoas consteladas”.

A formação biomédica direciona seu olhar sobre adoecimento e comportamento. “A formação biomédica, por exemplo, permite uma compreensão aprofundada sobre os mecanismos de adoecimento e o funcionamento do corpo humano. Dessa forma, esse conhecimento traz um diferencial importante para compreender os processos de adoecimento e de cura sob a perspectiva das constelações”, afirma.

Apesar do aumento da procura, a falta de pesquisas sobre constelação familiar ainda é ponto de tensão. Um dos avanços é o Mapa de Evidências sobre a Efetividade Clínica da Constelação Familiar e Sistêmica, produzido pelo CABSIN em parceria com a BIREME e a Organização Pan-Americana da Saúde. O levantamento reúne 16 estudos e aponta a necessidade de maior rigor metodológico, formação estruturada e diálogo com outras áreas.

No BiomConecta, Oslânia pretende discutir essas fronteiras sem perder de vista o impacto da constelação entre usuários, profissionais e serviços públicos. O método, que cresceu nas telas e entrou no SUS, agora reivindica espaço em debates técnicos que buscam estabelecer critérios claros e parâmetros de qualidade.

constelação familiar
Oslânia participa de atividade sobre constelação familiar e seus efeitos nas relações e na saúde. Foto: Arquivo pessoal

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