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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Imas em Crise

Sandro Mabel ameaça fechar o Imas após novo modelo de gestão: “Se não funcionar, vamos encerrar o plano”

Prefeito afirma que vai testar por um ano a terceirização da operação do plano dos servidores e admite que o modelo atual é insustentável. Dívida supera R$ 145 milhões e cobertura segue em colapso

Micael Silvapor Micael Silva em 27 de novembro de 2025
Mabel
Foto: Divulgação

O prefeito de Goiânia, Sandro Mabel (UB), afirmou nesta quarta-feira (26) que o Instituto Municipal de Assistência à Saúde dos Servidores (Imas) poderá ser fechado caso a terceirização da operação, prevista para o próximo ano, não reduza os problemas enfrentados pelo plano de saúde.

Nesta quarta-feira (26), em entrevista à TV Serra Dourada, Mabel voltou a defender a entrega da operação do Imas a uma empresa especializada por um período de um ano. Segundo ele, a terceirização será um “teste final” para avaliar a viabilidade do plano de saúde dos servidores.

O prefeito respondeu a uma telespectadora que questionou a recusa de médicos, clínicas e hospitais em atender o convênio, mesmo com os descontos mantidos na folha. Mabel negou falta de pagamento, mas afirmou que há um desequilíbrio estrutural no modelo.

“Você consegue pagar 80 reais e incluir oito membros da sua família no plano? Pois é, não dá. A prefeitura, no Imas, tem. Então o plano não subsiste”, disse o prefeito.

Segundo ele, o município não possui capacidade técnica para gerir um plano de saúde. “Unimed e outras operadoras tocam com dificuldade, mesmo sendo profissionais. Nós não somos, e queremos tocar um plano? A conta não fecha.”

Mabel disse que a gestão trabalha com duas alternativas:
— contratar uma empresa especializada para operar o Imas;
— ou extinguir o instituto e conceder auxílio financeiro para que cada servidor contrate seu próprio plano.

“Se funcionar direito e acabar a confusão, vamos manter. Se não, fecharemos o plano”, afirmou.

Reestruturação em andamento

A presidente do Imas, Gardene Moreira, afirmou que a proposta de redesenho do instituto deve ser finalizada até meados de dezembro. O texto prevê mudanças na forma de contribuição, correção de distorções históricas e adoção de valores por faixa etária com base em cálculo atuarial.

O Ministério Público de Goiás (MP-GO) acompanha o processo, diante do rombo superior a R$ 145 milhões. A expectativa da prefeitura é enviar o projeto final à Câmara no retorno do recesso, no início de 2026.

Terceirizações aceleradas na Saúde

Paralelamente à crise no Imas, a rede de Saúde viveu episódios críticos ao longo do ano. Em julho, o Hospital Municipal e Maternidade Célia Câmara (HMMCC) suspendeu partos por falta de pagamento a anestesistas, e a restrição se espalhou para outras unidades.

A prefeitura rompeu o contrato com a Fundahc no dia 28 de julho e, no mesmo dia, criou uma comissão de transição. Três dias depois, já havia definido novas organizações sociais para assumir emergencialmente as maternidades por três meses — duas de São Paulo e uma do Mato Grosso. O repasse registrado foi de R$ 38 milhões.

Apesar da intervenção, denúncias persistiram. Em novembro, a presidente do Sindsaúde, Néia Vieira, apontou insegurança profissional, incerteza salarial, equipes reduzidas e mau atendimento. Pacientes relataram demora nas emergências, sobretudo nas unidades Dona Iris e Nascer Cidadão.

As OSs negaram as acusações.
— O Instituto Patris afirmou ter realizado cerca de 80 partos na primeira semana de novembro.
— A AHBB disse não haver filas ou atrasos e pediu reformas e pagamento antecipado do piso da enfermagem.
— A Sociedade Beneficente São José destacou melhorias como laboratório próprio e reforço das equipes.

As divergências escancararam falhas de monitoramento e falta de transparência nos contratos emergenciais.

Um governo guiado por “choque de eficiência”

A estratégia de Mabel tem sido apresentada pela prefeitura como um “choque de eficiência”, diante da crise financeira que marca 2025. Além da Saúde e do Imas, o Paço encaminha:

  • estudos para terceirizar parte da Educação infantil;

  • análises para concessão de parques públicos;

  • revisão de contratos e parcerias já existentes;

  • reestruturações internas em áreas estratégicas.

O ritmo acelerado das decisões gera reações na Câmara Municipal, que cobra mais transparência, e no MP-GO, que monitora de perto cada etapa do processo.

O que vem pela frente

A prefeitura deve entregar ao Ministério Público a versão final do Plano de Transformação Estrutural do Imas até o fim de novembro. A partir de então, o novo modelo será acompanhado por um ano.

Se o desempenho não melhorar, Mabel voltou a dizer que não descarta o encerramento do instituto.

A possibilidade preocupa sindicatos e servidores, que temem perder a cobertura e não veem clareza no futuro do plano — um órgão que, mesmo em crise, atende milhares de famílias em Goiânia.

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