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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
MEIO AMBIENTE

Mobilização cresce e reacende debate sobre estacionamento no Parque das Laranjeiras

Ato deste sábado (29) reforça mobilização de moradores e ambientalistas contra proposta que transforma áreas verdes em vagas de estacionamento

Caroline Gonçalvespor Caroline Gonçalves em 29 de novembro de 2025
Mobilização
Nova mobilização neste sábado reuniu moradores em defesa das áreas verdes do Parque das Laranjeiras Foto: Rafael Freitas

A mobilização no Parque das Laranjeiras ganhou ainda mais força neste sábado (29), quando moradores, ambientalistas e voluntários participaram de uma nova manifestação organizada pelo Instituto Plantadores de Água para reforçar o abaixo-assinado contra o projeto que prevê a criação de vagas de estacionamento em áreas verdes do bairro. O ato incluiu plantio simbólico e se tornou mais um marco da mobilização iniciada desde a última terça-feira (25), quando a população tomou as ruas para protestar.

De acordo com Rafael Freitas, jornalista e coordenador de comunicação do Instituto Plantadores de Água, a mobilização deste sábado tem objetivo claro: “Hoje de manhã tivemos essa ação de plantio e assinatura de um abaixo-assinado justamente para consolidar força do movimento pelo arquivamento do projeto”. O grupo afirma que transformar áreas verdes em vagas representa uma ameaça ambiental e não atende a uma demanda real dos moradores.

Rafael destaca que a mobilização não é apenas contra o projeto, mas pela preservação de elementos essenciais da cidade. “É preciso combinar intervenções de infraestrutura com qualidade ambiental. A cidade precisa de áreas verdes. Projetos de infraestrutura para estacionamentos precisam ser elaborados em harmonia com o meio ambiente. Dar lugar a estacionamentos sem pensar a qualidade ambiental é um grande prejuízo. A população perde muito, inclusive no valor venal dos imóveis”.

O coordenador alerta que a ausência de diálogo impulsionou ainda mais a mobilização local. “A comunidade entende que a proposta de intervenção precisa ser discutida por meio de consulta pública. Moradores alegam que não foram sequer chamados para uma audiência”. Ele reforça que a proposta beneficia interesses restritos: “O projeto da vereadora Rose, ao que tudo indica, atende ao apelo de um grupo de comerciantes que, por sinal, estão mais interessados em favorecer clientela”.

Segundo Rafael, a mobilização tem crescido diariamente: “O movimento popular tem aderência de vários moradores, líderes comunitários, comerciantes e organizações não-governamentais. Um movimento que empenha esforços, representação popular e defesa pelo direito à cidade e pelo meio ambiente”. Para ele, estacionamentos não são demanda real: “Estacionamento no bairro nunca foi uma deficiência, pois há espaços livres para tal”.

Caso a proposta avance, a mobilização promete buscar novas instâncias: “O movimento tem tido força e, caso haja insistência, o próximo passo será adicionar instâncias maiores, como o Ministério Público. Vamos manter a luta e não daremos chances para retrocessos”.

Mobilização coloca pressão por mudanças no projeto

A vereadora Rose Cruvinel (UB), autora da iniciativa, defende que a Avenida das Laranjeiras sofreu mudanças e hoje exige reorganização do trânsito. Ela argumenta que a via “deixou de ser residencial e passou a ser comercial” e propõe vagas “em escama” e até 332 novas vagas em áreas municipais, além da criação da primeira Avenida Gastronômica de Goiânia.

O vereador Fabrício Rosa (PT), porém, contestou o projeto e reforçou a mobilização dos moradores. Para ele, “a falta de vagas para estacionamento de veículos não é um problema da região”. Ele afirma que não há estudos que sustentem a intervenção e alerta para “danos ambientais severos e irreversíveis” caso árvores sejam removidas. Fabrício pediu acesso ao processo e criticou o cancelamento do acesso externo concedido ao Instituto Plantadores de Água.

A mobilização atingiu seu ápice na noite de terça-feira (25), quando dezenas de moradores se reuniram na Alameda dos Flamboyants. O ato, convocado pelo mandato de Fabrício Rosa, criticou a proposta e ressaltou impactos ambientais. Moradores reivindicaram que qualquer decisão sobre as áreas verdes seja tomada coletivamente.

Em redes sociais, o Instituto Plantadores de Água reforçou a mobilização ao afirmar que a Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma) não autorizou retirada de árvores e que qualquer intervenção precisa de debate. Durante a manifestação, moradores sintetizaram o sentimento do movimento: “Defender os jardins e as árvores é defender a vida!”.

Um projeto inicial, elaborado por empresários, chegou a prever mais de 500 vagas, 330 delas em áreas verdes, mas foi negado pela prefeitura. Ainda assim, a mobilização segue preocupada com o novo desenho da proposta. Moradores listam problemas como destruição de vegetação, falta de diálogo, interesses privados sobre o coletivo e risco de alagamentos, já que a troca de áreas verdes por pavimentação reduz permeabilidade do solo e piora o microclima.

Com a mobilização fortalecida após o ato deste sábado, o mandato do vereador Fabrício Rosa convocou moradores e imprensa para participar das próximas discussões. A população afirma que continuará mobilizada para impedir que o Parque das Laranjeiras perca parte de suas áreas verdes para a construção de vagas de estacionamento.

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