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quinta-feira, 4 de dezembro de 2025
Recomendações

OMS lança guia global para diabetes na gravidez

Recomendações incluem dieta, exercícios, exames e tratamento para reduzir complicações maternas e fetais

Luana Avelarpor Luana Avelar em 2 de dezembro de 2025
diabetes
Foto: Mayo Clinic

A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou as primeiras diretrizes globais para o cuidado da diabetes durante a gestação, em um esforço para padronizar práticas em um campo marcado por lacunas históricas, diagnósticos tardios e aumento contínuo de complicações maternas e neonatais. A condição afeta uma em cada seis gestações no mundo, algo em torno de 21 milhões de mulheres por ano, e envolve tanto casos que surgem durante a gravidez quanto aqueles de mulheres que já conviviam com diabetes tipo 1 ou tipo 2.

A diabetes gestacional é a forma mais frequente, mas todas as variantes ampliam riscos como pré-eclâmpsia, parto prematuro, natimorto e traumas no nascimento. A OMS destaca que os impactos extrapolam o período gestacional. Após o parto, mãe e bebê permanecem com risco elevado de desenvolver diabetes tipo 2 ao longo da vida. O problema é agravado em países de baixa e média renda, onde a falta de insumos, de equipes treinadas e de acompanhamento especializado impede detecção precoce e favorece desfechos graves.

Alimentação e atividade física

O documento estabelece que gestantes com qualquer tipo de diabetes devem receber orientação individualizada, adaptada ao histórico clínico e às condições locais de acesso à saúde. A OMS recomenda priorizar carboidratos de fontes naturais, o consumo mínimo de 400 gramas de vegetais por dia e a redução de gorduras saturadas. O ganho de peso deve ser monitorado de acordo com cada trimestre e com o IMC pré-gestacional.

A entidade reforça a meta universal de 150 minutos semanais de atividade aeróbica de intensidade moderada, associada ao fortalecimento muscular ao menos duas vezes por semana. Caminhadas, dança e natação são consideradas seguras, desde que avaliadas pelo obstetra. A diretriz também reconhece o impacto positivo de sessões curtas distribuídas ao longo da semana, estratégia eficaz para auxiliar na estabilidade glicêmica, especialmente para mulheres com rotina limitada.

Monitoramento da glicose

A OMS passa a recomendar o autoexame da glicemia sempre que possível, ampliando a prática para todas as mulheres com diabetes na gestação. Para pacientes com diabetes tipo 1, o uso de monitor contínuo de glicose recebe indicação formal pela capacidade de aumentar o tempo dentro da faixa ideal e reduzir internações de recém-nascidos.

No caso de diabetes tipo 2, o monitor contínuo não deve ser utilizado de forma rotineira devido ao custo elevado e à falta de evidências consolidadas de benefício, mas pode ser adotado individualmente quando indicado. A OMS também evita estabelecer uma frequência padrão de testes. Segundo a entidade, a periodicidade deve refletir a gravidade do quadro, o uso de medicamentos e as condições reais de cada sistema de saúde, reconhecendo que muitos países não dispõem de recursos suficientes para monitoramento intensivo.

Tratamento medicamentoso

As recomendações orientam que mulheres com diabetes tipo 1 mantenham o esquema de insulina utilizado antes da gestação, com ajustes periódicos ao longo dos trimestres. Já para diabetes tipo 2, metformina ou insulina devem ser iniciadas quando alimentação e exercícios não são suficientes para controlar a glicose. A combinação dos dois medicamentos é permitida quando necessário.

Para casos de diabetes gestacional, os medicamentos entram apenas quando a mudança no estilo de vida não garante estabilidade. A OMS desaconselha o uso de fármacos como inibidores de GLP-1 e de SGLT2 durante a gestação, citando falta de dados de segurança para o desenvolvimento fetal e para o período neonatal.

Exames e acompanhamento clínico

Todas as gestantes com diabetes devem realizar ultrassom antes das 24 semanas. Mulheres com diabetes tipo 1 ou 2 devem antecipar esse exame e repetir a avaliação no segundo trimestre, com foco na anatomia e no crescimento fetal. Após as 24 semanas, ultrassons adicionais ajudam a monitorar situações de maior risco, especialmente quando o controle glicêmico depende de medicamentos.

A entidade recomenda ainda rastreamento de retinopatia e avaliação da função renal no início do pré-natal para todas as gestantes com diabetes pré-existente. Alterações renais exigem controle rigoroso da pressão arterial, que deve permanecer abaixo de 130 por 80 milímetros de mercúrio, com uso de anti-hipertensivos seguros para a gestação.

Desigualdade de acesso

A parte final do documento é dedicada ao que a OMS considera o maior desafio para reduzir a mortalidade materna associada ao diabetes: o acesso desigual. Não basta estabelecer novas diretrizes. A efetividade depende da capacidade dos países de garantir insumos, ampliar oferta de exames, fortalecer equipes multidisciplinares e estruturar sistemas de saúde capazes de acompanhar gestações de alto risco. Sem isso, milhões de mulheres continuarão expostas a complicações evitáveis, reforçando ciclos de desigualdade que atravessam gerações.

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Os exercícios físicos durante a gravidez podem ser feitos até o final da gestação. Porém, embora seja recomendada, a atividade física é indicada apenas para gravidez de baixo risco, e sempre com orientação médica. Foto: ABM+Saúde

LEIA MAIS: https://ohoje.com/2025/10/23/diabetes-tipo-1-pode-ser-deficiencia/

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