Com a definição do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) como pré-candidato à Presidência da República em 2026, após aval do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já conhece seu principal adversário ideológico na disputa pela a reeleição ao Palácio do Planalto. Ao menos por enquanto. O movimento, no entanto, é avaliado por aliados do petista como um fator que, além de acirrar a polarização, pode favorecer o atual presidente eleitoralmente.

Flávio venceu a disputa interna contra o irmão, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), e contra a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL-DF). Ambos eram considerados, até então, os nomes mais viáveis do núcleo familiar para herdar o capital político do bolsonarismo. Porém, o nome do senador ganhou força e se consolidou como a aposta da extrema direita.

A escolha por Flávio também afastou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), do páreo. Apontado como favorito do Centrão e da Faria Lima para ser o candidato da direita fora da família Bolsonaro, Tarcísio é visto como um nome moderado e capaz de ampliar alianças, diferente de um nome do clã Bolsonaro, cuja pré-candidatura já nasce radicalizada. 

“Principal adversário de Lula definido”

Para o vereador Edward Madureira (PT), o novo cenário tende a beneficiar Lula. “Agora o principal adversário está definido e a polarização se acentua. A direita deverá ter mais de um candidato tentando levar a eleição para o segundo turno. Já o campo progressista tende a atrair mais partidos do centro e até da centro-direita em torno da pré-candidatura do presidente Lula”, avaliou. Edward trabalha para viabilizar uma candidatura a deputado federal e é cotado para disputar o Governo de Goiás em um projeto que objetiva criar palanque para Lula no Estado.

O vereador Fabrício Rosa (PT) avalia que, embora o senador concentre o apoio formal do bolsonarismo e institucional do PL, o parlamentar enfrenta resistência no mercado e tem baixa projeção nacional. “Houve uma grande desconfiança do mercado. A bolsa caiu e o dólar subiu”, destacou o vereador. “Além disso, me parece que há uma falta de projeção nacional. Acredito que no Norte e no Nordeste o Flávio Bolsonaro não é muito conhecido”, afirmou Rosa. 

Porém, para Fabrício, o principal ponto da pré-candidatura de Flávio é a “dispersão da direita”. “Ele racha com o Tarcísio, com o Caiado, com o Zema e com o Ratinho Júnior. Essa dispersão diminui a força da direita”, disse o petista, que ainda ressaltou “as reais possibilidades” de Lula ser reeleito no primeiro turno. 

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“Amadorismo da direita”

A pré-candidatura de Flávio causou insatisfações até em aliados. No último sábado (6), o pastor Silas Malafaia disse, em suas redes sociais, que “o amadorismo da direita faz a esquerda dar gargalhadas”. Apesar da declaração, Malafaia negou que se tratava de uma crítica à escolha do ex-presidente. “Não estou falando nem contra e nem a favor de ninguém. Somente isto”, concluiu.

Após o anúncio da pré-candidatura de Flávio na sexta-feira (5), o mercado financeiro reagiu instantaneamente. O dólar comercial subiu em um intervalo de três horas. A moeda saiu de R$ 5,337 para R$ 5,429. O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, recuou 2,93 pontos percentuais. (Especial para O HOJE)