Trump Jr. sugere que EUA podem desistir de paz na Ucrânia
As falas de Trump Jr. surgem em meio ao impasse das negociações de paz e à frustração de Donald Trump com Zelensky
As negociações para um acordo de paz entre Ucrânia e Rússia continuam em um momento de impasse. Durante o Fórum de Doha, no Catar, no domingo (7), o filho mais velho do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump Jr., afirmou que o pai pode reconsiderar o empenho em busca de um entendimento para encerrar a guerra, avaliando que o tema estaria desgastando os norte-americanos. Trump Jr. afirmou que o público dos EUA “não tem apetite [para o guerra e o financiamento contínuo da defesa ucraniana]”.
A fala ocorre enquanto Washington tenta avançar em negociações que, segundo Trump Jr., caminham mais lentamente do que o governo esperava. Para ele, outras ameaças exigiriam mais atenção dentro dos EUA, como o tráfico de drogas, que classificou como “uma ameaça muito mais clara e presente aos EUA que qualquer coisa acontecendo na Ucrânia ou na Rússia”. Ao ser questionado sobre a possibilidade de Donald Trump abandonar a posição atual sobre a Ucrânia, respondeu: “Acho que sim. O que é bom no meu pai, e o que é único, é que você não sabe o que ele vai fazer. Ele é imprevisível.”
Enquanto o empresário falava no Catar, a Casa Branca tentava reduzir divergências com Kiev. Os EUA apresentaram recentemente uma proposta de paz que agradou a setores próximos a Vladimir Putin e pressionam a Ucrânia a aceitar concessões territoriais, movimento que gerou resistência, tanto de Kiev quanto da Europa, em meio às conversas. Trump Jr. acrescentou que a Ucrânia é “muito mais corrupto que a Rússia” e atribuiu a continuidade da guerra a ambições políticas de Volodymyr Zelensky.
O presidente ucraniano enfrenta críticas internas após o envolvimento do ex-chefe de gabinete Andriy Yermak em um escândalo de corrupção. Trump Jr. afirmou que Zelensky prolonga o conflito porque não ganharia uma eleição ao fim da guerra, chamando-o de “um dos grandes marqueteiros de todos os tempos” e de uma “divindade borderline, especialmente para a esquerda”. Ele ainda avaliou que as sanções da União Europeia ao petróleo russo teriam elevado o preço da commodity, sem provocar o impacto desejado em Moscou.

Donald Trump se diz “desapontado” com Zelensky
Ainda no domingo, Donald Trump declarou que estava “desapontado” com Zelensky, afirmando que o presidente ucraniano não havia lido a versão mais recente da proposta apoiada por Washington. O comentário veio após negociadores norte-americanos e ucranianos concluírem três dias de reuniões. Zelensky divulgou no Telegram que os encontros foram “substanciais” e informou o retorno de Rustem Umerov e Andrii Hnatov à Europa para atualizá-lo.

O norte-americano insistiu que Zelensky “ainda não leu a proposta” e disse ainda que “a Rússia, imagino, preferiria ter o país inteiro (…). Mas Rússia está, acredito, bem com [o acordo], mas não tenho certeza se Zelensky está. O povo dele adorou, mas ele não leu.”
A proposta norte-americana segue sem consenso. Putin afirmou na semana passada que partes do plano eram “inaceitáveis”, enquanto Zelensky declarou estar “determinado a continuar trabalhando” por um entendimento, reforçando que “tudo precisa ser viável: cada medida crucial para a paz, a segurança e a reconstrução”.
Nesta segunda-feira (8), Zelensky se reuniu em Londres com Keir Starmer, Friedrich Merz e Emmanuel Macron para discutir o plano. Em seguida, viaja a Bruxelas para encontros com Mark Rutte, António Costa e Ursula von der Leyen. O presidente continua o giro europeu nesta terça-feira (9), em Roma, onde será recebido pela premiê Giorgia Meloni.