Segundo investigação, o escritório de advocacia de Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro Alexandre de Moraes do Superior Tribunal Federal (STF) mantinha contrato de R$ 129 milhões firmado com o Banco Master. O documento, revelado nesta terça-feira (9) por O Globo, previa pagamentos mensais de R$ 3,6 milhões a partir de 2024. No mesmo caso, o ministro Dias Toffoli (STF), relator do inquérito sobre o Master, viajou em um jatinho ao Peru na companhia de um advogado do banco enquanto as apurações estavam em curso.

A Polícia Federal encontrou, durante a Operação Compliance Zero, o contrato no celular de Daniel Vorcaro, proprietário do Master, durante as diligências da operação que investiga um esquema bilionário envolvendo o banco e o BRB. O acordo previa que o escritório de Viviane Barci de Moraes representasse a instituição “onde fosse necessário”, sem detalhamento de ações específicas. Caso o acerto tivesse sido executado integralmente, o valor estipulado chegaria aos R$ 129 milhões – montante que não será pago devido à liquidação extrajudicial do Master, decretada pelo Banco Central.

Mensagens obtidas pelos investigadores mostram que os repasses ao escritório eram tratados como prioridade dentro do banco. Vorcaro orientava sua equipe a não atrasar os pagamentos “em hipótese alguma”, segundo os diálogos apreendidos.

Além do contrato, a PF aponta que o Master teria comercializado carteiras de crédito sem lastro ao Banco de Brasília, com anuência do então presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, que acabou afastado. Vorcaro foi preso durante a operação e deixou a detenção na semana passada.

Viagem de Toffoli

Paralelamente às investigações, o ministro Dias Toffoli viajou a Lima, no Peru, para acompanhar a final da Libertadores em um avião particular do empresário e ex-senador Luiz Oswaldo Pastore. No mesmo voo estavam o advogado Augusto Arruda Botelho — defensor do diretor de compliance do Master, Luiz Antônio Bull, em ações no STF — e o ex-deputado Aldo Rebello.

A viagem foi divulgada pelo colunista Lauro Jardim. Segundo interlocutores, Toffoli admitiu ter embarcado no jatinho de Pastore, a quem considera amigo, e confirmou que Botelho também estava a bordo. O ministro, porém, negou qualquer conversa sobre o caso do Master durante o trajeto.

Pedido de empréstimo superfaturado

Outro ponto identificado pela PF envolve Fabiano Zettel, cunhado de Vorcaro. Ele solicitou ao BRB um financiamento de R$ 28 milhões para adquirir um apartamento de 516 m² em Moema, zona sul de São Paulo, que havia sido negociado por R$ 10,2 milhões apenas um mês antes — valor 2,7 vezes menor. O imóvel fica no 4º andar do Edifício Palazzo Montalcino, na Rua Inhambú.

O episódio se soma às suspeitas já levantadas na Operação Compliance Zero. Em março, o BRB chegou a anunciar a compra do controle do Master, mas o Banco Central barrou a operação.