Trump chama Europa de decadente e líderes de “estúpidos”
Em entrevista o líder norte-americano insiste em críticas à Europa ao afirmar que a imigração enfraquece os países
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reforçou na terça-feira (9) uma série de críticas dirigidas a aliados históricos na Europa, retomando acusações que vem repetindo em entrevistas e documentos oficiais de seu governo. Durante conversa com o Politico, ele classificou países europeus como nações “em decadência”, atribuindo o suposto enfraquecimento do continente à chegada de imigrantes. Segundo afirmou, “a maioria” dos governos europeus está “em decadência” e “destruindo seus países” ao permitir políticas que, em sua visão, alteram de forma profunda o perfil social e político local.
Ao longo da entrevista, Trump sustentou que as nações “vão mudar sua ideologia, obviamente, porque as pessoas que estão chegando têm uma ideologia totalmente diferente”, avaliação que, segundo ele, deixará os países “muito mais fracos e muito diferentes”. A partir desse argumento, voltou-se ao prefeito de Londres, Sadiq Khan, a quem acusou de ter “uma ideologia totalmente diferente da que deveria ter”. Ele acrescentou que “ele é eleito porque muitas pessoas entraram no país”, ampliando o tom crítico que já havia dirigido a imigrantes somalis em Minnesota. Na semana anterior, o presidente chamou esse grupo de “lixo” e defendeu que deveriam “voltar para o lugar de onde vieram”.
Trump critica líderes europeus
As declarações se somaram a novos ataques a líderes europeus. Ainda ao Politico, Trump afirmou que conhece os “maus líderes, conheço os inteligentes, conheço os estúpidos. Há alguns realmente estúpidos. O que eles estão fazendo com a imigração é um desastre”. O republicano também criticou Paris, dizendo: “Eu amava Paris. É um lugar muito diferente do que costumava ser. Se você olhar para Londres, tem um prefeito chamado Khan. Ele é um prefeito horrível, cruel e repugnante”. A declaração reacende atritos marcados pelo episódio em que Khan o chamou de “racista, sexista, misógino e islamofóbico” após críticas feitas na ONU.

O presidente voltou a defender que líderes europeus cometem erros por tentar “ser politicamente corretos” e não enviar imigrantes “de volta para seus países de origem”. Ao comentar sua disposição de influenciar cenários políticos locais, mencionou apoio ao primeiro-ministro da Hungria, afirmando que Viktor Orbán “está fazendo um ótimo trabalho, de uma maneira diferente, em termos de imigração”. A Suécia também foi citada como exemplo de país que, segundo Trump, teria perdido estabilidade. “A Suécia costumava ser conhecida como o país mais seguro da Europa (…). Agora é conhecida como um país muito inseguro”, afirmou.
Nova estratégia de segurança dos EUA
O discurso do presidente se conecta a um documento divulgado na última sexta-feira (5), quando o governo apresentou uma nova estratégia de segurança nacional. O texto oficial descreve aliados europeus como enfraquecidos e causou desconforto entre parceiros de longa data na Europa ao apontar que o continente está em decadência e atravessa um “apagamento da civilização europeia”.

A avaliação no documento cita redução da participação europeia na economia mundial, excesso de regulamentação na União Europeia, instabilidade política e perda de relevância global. Entre as prioridades norte-americanas listadas estão ampliar a abertura dos mercados europeus a produtos dos EUA e transferir aos membros da Otan uma parcela maior dos custos de defesa. Para Washington, a imigração responde pela maior parte do suposto declínio europeu. O texto afirma haver “uma perspectiva real e mais sombria de um apagamento da civilização europeia”, prevendo que, se as tendências “continuarem, a Europa será irreconhecível em 20 anos ou menos”.