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quarta-feira, 17 de dezembro de 2025
GDF

Arruda retorna ao centro do jogo político e PSD afirma que “ele é o mais bem preparado para o GDF”

Com o respaldo de Gilberto Kassab, o ex-governador filia-se ao PSD e aposta na experiência de gestão, no enfrentamento direto do debate público e na retomada de políticas que marcaram administrações anteriores

Paula Costapor Paula Costa em 17 de dezembro de 2025
Arruda
Ao se filiar ao PSD, José Roberto Arruda mira 2026 com um discurso de ruptura com o atual governo do DF, critica privatizações, aponta desorganização administrativa e defende uma ampla frente política sem entreguismo. Crédito: Roberto Rodrigues.

Com clima de campanha e apoio de lideranças nacionais, o ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda oficializou sua filiação ao Partido Social Democrático (PSD) e lançou publicamente sua pré-candidatura ao Governo do Distrito Federal (GDF), na noite de segunda-feira (15), durante um evento político realizado no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília.

A filiação, conduzida por Gilberto Kassab, marca o retorno de Arruda ao cenário político após mais de uma década e aposta em um discurso de reconstrução administrativa, resgate de políticas públicas e enfrentamento direto ao atual governo do DF. O movimento consolida o PSD como força de oposição ao grupo político liderado pelo governador Ibaneis Rocha (MDB) e pela vice-governadora Celina Leão (PP), reposicionando o tabuleiro eleitoral da capital para 2026.

A filiação de Arruda foi anunciada como estratégica pelo comando nacional do partido, que aposta no retorno do ex-governador ao cenário político após mais de uma década afastado.

Arruda
“O PSD de Brasília terá à frente uma das pessoas mais bem preparadas da política brasileira”, afirmou Kassab. Crédito: Redes Sociais.

À frente do evento, o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, afirmou que a decisão foi fruto de diálogo interno e articulação política no Distrito Federal. Segundo ele, a filiação contou com o aval do presidente regional da sigla, Paulo Octávio, que defendeu a incorporação de Arruda ao projeto partidário. Kassab classificou o ex-governador como um dos quadros mais experientes da política nacional e destacou seu conhecimento sobre os desafios administrativos de Brasília. “Indiscutivelmente aquele que melhor conhece os desafios que Brasília tem pela frente, é esse querido amigo que está aqui do meu lado, o nosso Arruda”, disse Kassab durante discurso.

 

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O dirigente também fez acenos a lideranças do campo conservador presentes no evento, como o senador Izalci Lucas (PL-DF) e o deputado federal Alberto Fraga (PL-DF), reforçando o esforço do PSD para ampliar seu arco de alianças no DF. Para Kassab, a legenda inicia um novo ciclo com foco direto na disputa pelo comando do governo local.

Em seu discurso, Arruda agradeceu o apoio do comando nacional do partido e afirmou que sua volta à vida pública representa um projeto coletivo de reconstrução da capital. O ex-governador destacou a lealdade de aliados que permaneceram ao seu lado ao longo dos últimos 15 anos e adotou um tom de mobilização ao convocar apoiadores para a caminhada eleitoral.

Parlamentares presentes também utilizaram a tribuna para criticar a atual gestão do Distrito Federal. O senador Izalci Lucas afirmou que Brasília precisa “recuperar o rumo” e defendeu investimentos em educação integral e ampliação da rede de creches. Já o deputado Alberto Fraga elogiou o histórico administrativo de Arruda e declarou apoio à pré-candidatura, afirmando esperar que a disputa se concentre no voto popular.

O evento reuniu representantes de diferentes partidos. O ex-senador Gim Argello (Avante) declarou apoio ao projeto político do PSD, assim como lideranças do PSB. A senadora Liziane Gama (PSD-MA) participou do ato e afirmou que a bancada do partido no Congresso está alinhada à pré-candidatura no Distrito Federal.

Durante a cerimônia, Arruda afirmou que a disputa eleitoral será dura, diante da força política e administrativa do atual governo. Ainda assim, defendeu a necessidade de enfrentar o debate público e resgatar um projeto de cidade inspirado em administrações passadas. O ex-governador prometeu a retomada de políticas sociais associadas às gestões de Joaquim Roriz e reafirmou o compromisso com planejamento estratégico e eficiência administrativa.

Nos bastidores, o movimento do PSD ocorre em um cenário de rearranjo político no DF. O governador Ibaneis Rocha tem sinalizado apoio à vice Celina Leão como sucessora e articula sua própria candidatura ao Senado, com respaldo de setores do bolsonarismo. O PL, por sua vez, deve apostar na ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), para ocupar a primeira vaga em aberto na disputa para o Senado. Já a segunda posição tende a ser ocupada pela deputada federal Bia Kicis (PL-DF), que teve a pré-candidatura anunciada em um evento com a presença de Michelle.

Em entrevista ao Jornal O Hoje, Arruda afirmou defender um programa de governo focado na recuperação da saúde pública, reestruturação da educação, ampliação do metrô e retomada de programas sociais. O ex-governador critica privatizações realizadas pela atual gestão e garantiu que pretende construir uma ampla frente política sem “entreguismo” e com foco na eficiência administrativa.

Para Arruda, a principal credencial de sua pré-candidatura é o legado de obras e políticas públicas executadas durante sua passagem pelo governo. A aposta do PSD é transformar essa narrativa em capital político e consolidar uma alternativa competitiva ao grupo que hoje comanda o Distrito Federal.

Leia a entrevista com Arruda na íntegra abaixo:

O que motivou sua filiação ao PSD neste momento político e por que o partido foi escolhido como o espaço ideal para o seu projeto ao Governo do DF?

Precisamos afastar o DF deste governo que está gerando um desgaste enorme para a Brasília. É um governo que é entreguista, vendeu a CEB, vendeu a rodoviária, agora quer vender o Centro Administrativo e botou o BRD na maior crise da sua história. Então, o PSD não pode compactuar com isso.

O apoio público de Gilberto Kassab foi apresentado como estratégico para 2026. De que forma esse respaldo nacional se traduz, na prática, em força política e alianças para a campanha no Distrito Federal?

Eu acho que a mensagem central do PSD é uma mensagem de esperança e de resgate de Brasília. Para Brasília voltar a ser uma cidade limpa, arrumada, organizada, segura e que seja modelo de convivência urbana para as outras cidades do Brasil.

O apoio do PSD sinaliza unidade partidária, mas o DF tem um cenário político fragmentado. Como o senhor pretende construir alianças sem comprometer a identidade do seu projeto de governo?

Esse é um desafio mesmo. É fazer alianças políticas e de governabilidade sem o entreguismo que tem hoje. Sem deixar a politicagem invadir a porta dos quartéis, invadir a porta dos hospitais. Porque quando a politicagem entra, a eficiência sai pela outra porta. E é dessa forma que eu quero construir as alianças, fazendo uma grande frente a favor de Brasília, com um governo eficiente.

Como o senhor responde às críticas e ao histórico político que ainda geram resistência em parte do eleitorado? De que forma pretende reconstruir confiança e ampliar diálogo com a população?

A melhor maneira é enfrentando o debate, botar a cara a tapa e explicar tudo o que aconteceu comigo. Aliás, o que aconteceu comigo, se comparado a essa maluquice do atual governo com o Banco Master, virou juizado de pequenas causas, né? É terrível isso. Então, não há outra maneira a não ser enfrentando o debate de forma respeitosa, mas sem fugir da raia.

Saúde, educação e infraestrutura foram áreas citadas por Kassab como avanços de sua gestão passada. O que pode ser retomado, atualizado ou corrigido nesses setores diante da realidade atual do DF?

Eu acho que a principal marca é o trabalho que eu já fiz. Se em três anos eu fiz 2.300 obras. O último hospital da cidade foi o que eu construí em Santa Maria. A última linha de metrô foi eu que construí em Ceilândia. As últimas vilas olímpicas fui eu que construí. Então é voltar à Brasília que nós tínhamos no governo do Roriz e no meu governo.

O DF hoje enfrenta problemas estruturais distintos dos de outras épocas. Quais são, na sua avaliação, as três prioridades absolutas de um eventual novo governo Arruda?

A primeira prioridade é a saúde. As pessoas estão sofrendo muito, não tem médicos, não tem remédio. Tem pessoas há dois, três anos em fila de cirurgia. Nunca a saúde de Brasília foi tão precária e tão dramática. A segunda prioridade é a educação. Hoje tem mais professor temporário do que professor concursado na rede pública. As escolas estão depredadas e a nossa educação pública, que já foi modelo, está ficando em último lugar no país. Precisa recuperá-la. E, em terceiro lugar, construir novas linhas de metrô. Tem 15 anos que eu saí e não fizeram mais nada de metrô. É preciso fazer as novas linhas já projetadas.

Durante o evento, sua experiência administrativa foi destacada como um diferencial. Quais aprendizados da sua gestão anterior o senhor considera decisivos para enfrentar os desafios atuais da capital?

A situação está tão ruim que o próprio governo reconhece que virou bagunça e botou um delegado para diretor do IGES, ou seja, o IGES virou um caso de polícia. É terrível o que está acontecendo, eu nunca vi tanto desmando, tanta desorganização. Nós precisamos voltar com uma saúde pública eficiente. Eu quero voltar também com os programas sociais que davam certo, o Sexta Verde, o Mãezinha Brasiliense, a Bolsa Universitária, e quero voltar a ter um planejamento estratégico para Brasília. Não é só fazer viaduto, que é a menor distância entre dois engarrafamentos, e essas obras intermináveis. O atual governo está demorando mais para fazer o viaduto do Sudoeste do que o Juscelino demorou para construir Brasília, isso é um desastre.

 

 

 

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