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sexta-feira, 26 de dezembro de 2025
descanso não é negociável

Festas de fim de ano desregulam o sono e cobram seu preço

Mudanças bruscas de rotina afetam cérebro, humor e imunidade, e a ciência mostra por que o descanso não é negociável

Luana Avelarpor Luana Avelar em 26 de dezembro de 2025
sono
Foto: FreePik

O período de fim de ano costuma ser vivido como uma suspensão temporária das regras cotidianas. Viagens, confraternizações, noites longas e excesso de estímulos passam a ocupar o lugar da rotina estável construída ao longo dos meses. O sono, frequentemente tratado como algo secundário, é um dos primeiros a ser sacrificado. A ciência, porém, indica que essa escolha tem efeitos mensuráveis sobre o funcionamento do corpo e do cérebro.

Estudos em cronobiologia indicam que o organismo depende de regularidade para manter o ciclo sono-vigília ajustado a estímulos como luz, horários e hábitos diários. Mesmo mudanças breves já são suficientes para desorganizar esse sistema. Pesquisas publicadas na revista Sleep mostram que uma ou duas noites de sono reduzido diminuem a atividade do córtex pré-frontal, área ligada à atenção e à tomada de decisões.

Trabalhos em neurociência e medicina do sono associam a privação a maior impulsividade, lapsos de memória e oscilações rápidas de humor. Exames de imagem revelam queda na conectividade de regiões cerebrais responsáveis pela regulação emocional após períodos curtos de sono insuficiente.

Os efeitos não se restringem ao cérebro. Revisões sistemáticas reunidas pela American Academy of Sleep Medicine apontam que dormir menos do que o necessário eleva níveis de cortisol, hormônio relacionado ao estresse, reduz a eficiência do sistema imunológico e interfere no controle da glicemia e da pressão arterial. Outro impacto recorrente em períodos festivos é o aumento do apetite por alimentos calóricos. Estudos da Universidade de Chicago demonstraram que a restrição de sono altera hormônios ligados à fome e à saciedade, favorecendo o consumo de açúcares e gorduras como tentativa de compensar a falta de energia.

Cuidados com o sono

A noção de que o sono perdido pode ser totalmente recuperado depois não tem respaldo científico. Dormir mais ou cochilar alivia o cansaço, mas não recompõe plenamente funções cognitivas e metabólicas afetadas. Para reduzir os impactos nas festas, a principal recomendação é preservar alguma regularidade, sobretudo no horário de despertar, aliado à exposição à luz natural pela manhã, que ajuda a reajustar o relógio biológico.

Outros cuidados incluem moderação no consumo de álcool e cafeína e a alternância entre noites de eventos e dias de descanso. Estudos clínicos indicam que o álcool até induz à sonolência, mas compromete o sono profundo e aumenta os despertares ao longo da noite.

O conjunto dessas evidências aponta para uma conclusão: é possível aproveitar o fim de ano sem romper completamente o equilíbrio fisiológico. O sono, longe de ser um luxo dispensável, permanece como uma engrenagem central da saúde, mesmo —e talvez especialmente— nos períodos dedicados à celebração.

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Foto: FreePik

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