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terça-feira, 30 de dezembro de 2025
2º turno

Com 3 nomes da direita na disputa, esquerda pode ser fiel da balança em Goiás

Avaliação de especialistas e lideranças aponta que pulverização de votos pode levar eleição ao governo para o 2º turno

Bruno Goulartpor Bruno Goulart em 30 de dezembro de 2025
Com 3 nomes da direita na disputa, esquerda pode ser fiel da balança em Goiás
Esquerda ainda está sem palanque no Estado, enquanto direita tem Daniel, Marconi e Wilder. Fotos: Divulgação/Secom Goiás, Divulgação/PSDB e Agência Senado

Bruno Goulart

A possibilidade de a eleição para o Governo de Goiás ser definida apenas no segundo turno ganha força. Entrevistados ouvidos pelo O HOJE avaliam que a combinação entre múltiplas candidaturas no campo da direita e a tentativa de reorganização da centro-esquerda pode criar um ambiente favorável para que um nome alinhado ao presidente Lula (PT) avance na disputa, mesmo em um Estado historicamente associado ao conservadorismo.

A leitura predominante é simples: quanto mais fragmentada estiver a direita, maior a chance de a esquerda se consolidar como “maior minoria”. Nesse contexto, a divisão entre candidaturas de centro-direita, hoje representadas por figuras como o vice-governador Daniel Vilela (MDB), o ex-governador Marconi Perillo (PSDB) e, possivelmente, o senador Wilder Morais (PL), beneficiaria diretamente a esquerda.

Por outro lado, o campo progressista ainda busca um nome capaz de aglutinar forças. Entre os nomes ventilados estão o ex-governador José Eliton (PSB), o vereador Professor Edward Madureira (PT), a deputada estadual Delegada Adriana Accorsi (PT), o superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em Goiás (Iphan-GO), Gilvane Felipe, além do presidente estadual do Cidadania, Iure Castro. A grande questão é se haverá unidade ou mais uma dispersão, agora à esquerda.

Leia mais: Por que Caiado está no comando da escolha do vice de Daniel

Ao O HOJE, Edward defende que a estratégia vá além de apenas “provocar” um segundo turno, mas oferecer palanque a Lula. “Se a gente conseguisse fazer uma coalizão, diante da polarização esquerda e direita, não é nenhum delírio achar que candidatos alinhados a essas forças se aglutinassem para formar um palanque para Lula”, afirma. Segundo o vereador do PT, o cenário mais plausível seria uma disputa com “três candidatos da direita e um da esquerda”, o que abriria espaço real para a ida ao segundo turno.

Ainda de acordo com Edward, o discurso de que Goiás é um reduto exclusivamente bolsonarista perdeu força. “Isso não se sustenta mais. Pesquisas indicam Lula com 40% dos votos aqui”, destacou.

Matemática eleitoral

Essa lógica é compartilhada pelo estrategista político Marcos Marinho, ao avaliar que a matemática eleitoral favorece a esquerda caso a direita siga pulverizada. “Sempre que há pulverização em qualquer espectro político, o outro lado, se conseguir formar uma maioria, ainda que seja a minoria, leva vantagem”, explica. Marinho observa que, em Goiás, a direita reúne mais partidos e tende a dividir votos, enquanto a esquerda historicamente concentra seu eleitorado.

“Se Daniel representa a base do Caiado, Marconi entra como alternativa própria e Wilder também se coloca, é muito provável que alguém da esquerda consiga algo em torno de 30% dos votos. Com esse percentual, vai para o segundo turno”, analisa. O estrategista político lembra que o cenário foi diferente na eleição do governador Ronaldo Caiado (UB), quando uma coligação ampla reduziu a fragmentação e permitiu a vitória ainda no primeiro turno.

No entanto, Marinho pondera que nem todo nome da centro-esquerda tem o mesmo potencial de unificação. “Eu tenho dúvidas se os petistas votariam efetivamente em José Eliton. Podem usar o palanque para Lula e para as chapas proporcionais, mas não sei se haveria um engajamento”, avalia. Segundo o estrategista, há ainda setores da esquerda que mantêm boa relação com Daniel Vilela, o que poderia provocar um racha interno e permitir que o candidato governista capture parte desse eleitorado.

Dificuldade no interior

Já o sociólogo e pesquisador Jones Matos chama atenção para um desafio estrutural: a dificuldade histórica da centro-esquerda em avançar pelo interior do Estado. “Ela sempre teve melhor desempenho em Goiânia e Anápolis, mas enfrenta barreiras nos grotões”, explica. Para Matos, o grande desafio é transformar os cerca de 40% dos votos obtidos por Lula em Goiás, em 2022, em apoio efetivo a um candidato local.

O sociólogo observa que Edward Madureira tende a disputar uma vaga de deputado federal, enquanto Iure Castro tenta se apresentar como alternativa de centro-esquerda. Já José Eliton, por sua ligação com Marconi Perillo, teria dificuldade de ampliar seu eleitorado. “Por enquanto, esse campo está sem projeto claro e sem um candidato forte. Lula está, hoje, sem palanque em Goiás”, pontua. (Especial para O HOJE)

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