Investimentos em veículos elétricos deve passar de R$ 30 bi nos próximos anos
Montadoras planejam investimentos bilionários no setor, o que deve impulsionar ainda mais a tendência de eletrificação da frota brasileira
Nos próximos anos, o volume de investimentos de multinacionais ligadas à eletromobilidade no Brasil deve chegar a quase R$ 30 bilhões. Os anúncios foram feitos nas últimas semanas, e devem partir principalmente de empresas chinesas que já comercializam veículos em solo nacional, como é o caso da BYD e a GWM, mas também marcas brasileiras como a Caoa, entre outras.
No Brasil desde 2015, a BYD fechou um acordo recente com o governo do estado da Bahia, onde planeja implementar três fábricas no município de Camaçari (BA), na antiga fábrica da Ford. No local, deverá produzir chassis para ônibus e caminhões elétricos, automóveis híbridos e elétricos, e processamento de lítio e ferro fosfato para atender ao mercado externo. O investimento total do grupo chinês no Estado será de R$ 3 bilhões.
Além das fábricas, a chinesa está negociando a aquisição da Sigma Lithium, a maior mineradora de lítio do Brasil – material utilizado na fabricação de baterias para veículos elétricos. A negociação ainda corre em sigilo, mas a estimativa é que o montante envolvido nessa transação chegue a mais de R$ 14 bilhões.
Outra gigante chinesa do ramo de elétricos que tem aumentado seu interesse pelo público brasileiro é a GWM. A empresa anunciou investimento de R$ 10 bilhões no Brasil, cerca de R$ 4 bilhões de 2022 a 2025 e R$ 6 bilhões entre 2026 e 2032. Na primeira fase, a companhia comprou a fábrica que pertencia à Mercedes-Benz em Iracemápolis, no interior de São Paulo, onde planeja produzir carros híbridos e elétricos a partir de 2024.
Já a Caoa anunciou em agosto de 2023 a injeção de R$ 3 bilhões para os próximos cinco anos em sua fábrica de Anápolis, o que inclui a contratação de oitocentos funcionários diretos. A montadora segue no objetivo de eletrificar todos os seus modelos, tanto que de 2022 a 2023, boa parte dos recursos foi consumida pela eletrificação. Outras montadoras também planejam investimentos no setor, o que deve impulsionar ainda mais a tendência de eletrificação da frota brasileira.
Goiânia e Anápolis entre as cidades que mais emplacaram elétricos
O ano de 2023 foi histórico para a eletromobilidade no Brasil e, em especial, para Goiás. Conforme levantamento exclusivo do jornal O Hoje, divulgado no mês de janeiro com dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), o número de veículos eletrificados leves emplacados ao longo do ano no estado chegou a 4.225, o que colocou Goiás na 8ª posição entre as UF’s que mais comercializam elétricos.
Na análise por municípios, outro destaque para Goiás. O estado teve duas cidades no top 10 de maiores emplacamentos, feito repetido apenas por São Paulo. Anápolis ficou em 7º lugar, com 1.763 veículos emplacados no ano, e Goiânia em 8º, com 1.754. Especificamente na capital goiana, o crescimento registrado na venda dos eletrificados no último ano foi de 120,9%. Um ano antes, em 2022, o número de emplacamentos havia sido de 794.
Segundo a ABVE, o levantamento reúne automóveis e comerciais leves, não contabilizando ônibus, caminhões ou veículos elétricos levíssimos. Quanto aos tipos de tecnologias usadas nos eletrificados, o relatório reúne Veículos Elétricos Híbridos (HEV), Veículos Elétricos Híbridos Plug-in (PHEV), além dos Veículos Elétricos 100% a Bateria (BEV).
A marca preferida dos brasileiros foi a Toyota, com 21.042 unidades comercializadas, seguida pela BYD (17.943 und.), Caoa Chery (11.835), GWM (11.473) e Volvo (8.179). Na avaliação da ABVE, apesar de haver uma grande concentração da eletromobilidade nos estados da região Sudeste, os números recordes do ano de 2023 apontam para uma popularização da tecnologia também em outros estados e municípios.
Para o presidente da associação, Ricardo Bastos, o resultado de 2023 reflete um conjunto de fatores, entre eles o anunciado aumento do imposto de importação de veículos elétricos e híbridos a partir de janeiro, que provocou uma antecipação das vendas no último bimestre.
“Os números indicam principalmente uma sensível evolução desse mercado este ano, com os veículos plug-in chegando a dois terços das vendas em dezembro, confirmando a confiança e a preferência cada vez maior do consumidor pelas novas tecnologias”, avalia Ricardo Bastos.