Ala do PSD ignora Vanderlan e lança pré-campanha de Kitão à capital
Evento em hotel da capital contou com presença de Vilmar Rocha, fiador de pré-candidatura do vereador à prefeitura de Goiânia
Yago Sales e Gabriel Neves
O vereador Lucas Kitão (PSD) não economizou críticas à atual gestão municipal na tarde desta terça-feira (27) em um confortável auditório do Hotel SJ Premium, no setor Oeste, em Goiânia. Tratava-se do lançamento da sua pré-candidatura à Prefeitura de Goiânia, bancada, inclusive, por um dos ideólogos e ex-presidente do PSD, Vilmar Rocha.
A reportagem apurou que o presidente da sigla, senador Vanderlan Cardoso, e um forte nome à disputa em outubro pelo Paço, não gostou nada do evento. Embora já esperado, o anúncio desagradou a ala mais ligada ao parlamentar que estava em Brasília nesta terça.
Negada por parte de lideranças, no entanto, o clima era de racha interno, afinal, uma das estratégias do grupo é evitar que Vanderlan tome decisões monocráticas, como a ideia de embarcar em um projeto do PT, encabeçado pela deputada federal e pré-candidata à Prefeitura de Goiânia Adriana Accorsi.
O movimento que joga luz ao nome de Kitão foi chamado de Reage Goiânia e recebeu, durante a tarde, filiados e lideranças partidárias que, ao que parece, acreditam no projeto. Caso do partido Novo, que, ao falar sobre Kitão, o definiu como um “político liberal que tem projeto para debater ideias”.
Com adesivos colados ao peito, faixas espalhadas pelas paredes e ao som de jingle com palavras de ordem que pregam “mudança”, “esperança” e “transformação”, o vereador também recebeu o apoio — além de Vilmar Rocha — da vereadora Gabriela Rodart.
Rodart, inclusive, foi enviada ao evento pelo chamado Bloco Vanguarda, grupo crítico à gestão do prefeito Rogério Cruz. O grupo, como disse ela, apoia Kitão. “Este é o último ano [de Rogério Cruz como prefeito], em nome de Jesus”, disse.
Durante sua fala, Vilmar Rocha afirmou que vê com normalidade que o vereador coloque o nome à disposição da sigla em paralelo às expectativas do presidente do PSD, Vanderlan Cardoso. O partido tem histórico de protagonismo nas disputas municipais na capital.
“Em 2022 foi assim com Francisco Júnior e Virmondes Cruvinel. Antes do prazo, fizemos uma prévia e Francisco Júnior ganhou e foi o candidato. Não há uma conspiração, ele (Kitão) é vereador no segundo mandato, é do partido e quer apresentar pré-candidatura”, lembrou, como forma de defesa, Vilmar Rocha.
O ex-presidente do PSD, ao desferir elogios ao pré-candidato a prefeito, disse que Kitão é um “vereador de causas e não de casos”, o comparou com a deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP) e criticou a postura que as legendas têm adotado em Goiás com relação ao pleito deste ano. “Estão todos em um ‘nhém-nhém-nhém’, cada dia é uma coisa diferente e não definem nada”, declarou Rocha.
A indefinição é, inclusive, uma palavra recorrente dentro da base do governador Ronaldo Caiado (União Brasil), que ainda não definiu apoio a nenhum pré-candidato. Ao responder as perguntas dos jornalistas, Kitão afirmou que tem interesse em buscar apoio de Caiado e, em seguida, definiu a sua pré-candidatura como algo que não deve ser tributário do jogo político, mas sim de uma “ideia de ganhar as ruas e mudar Goiânia”.