Importação de leite aflige produtores e Goiás responde com ação paliativa
Produtores de diferentes regiões do país se queixam da situação desafiadora
A cadeia leiteira vive um momento delicado. Produtores de diferentes regiões do país se queixam da situação desafiadora em função de um significativo aumento das importações, especialmente provenientes da Argentina. A situação se estende, pelo menos, desde julho de 2022. Desde então, as projeções apontam para um aumento alarmante da importação, o que tem prejudicado a renda dos produtores brasileiros.
Na última semana, lideranças ligadas a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) estiveram em Brasília para debater o assunto. No encontro foram discutidas medidas de defesa comercial em apoio à cadeia de produção de leite no país. A reunião contou com a participação do ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Texeira, além de outros técnicos ligados à pasta, produtores, pesquisadores, especialistas do setor e representantes de entidades públicas e privadas ligadas ao agronegócio.
O vice-presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, participou do painel intitulado “O Mercado do Leite: Estratégias de Defesa Comercial”. Ele destacou a urgência do debate, considerando o impacto negativo que a importação de leite em pó vem causando há mais de 20 meses no setor.
Ma também defendeu a implementação de medidas que combatam práticas comerciais desleais e a possibilidade de adotar salvaguardas — conjunto de providências para que algo não seja colocado em perigo — imediatas. Ele enfatizou ainda a importância da cooperação entre os envolvidos para encontrar soluções eficazes.
O assessor técnico da CNA, Guilherme Dias, por sua vez, ressaltou a necessidade de apoio à cadeia em meio às dificuldades enfrentadas. Ele enfatizou a importância da assistência técnica e do acesso ao crédito rural para garantir a sustentabilidade dos produtores.
Movimento estratégico
Goiás é um dos maiores produtores de leite do país, com 8,84% do volume total de leite produzido nacionalmente. A mesorregião Centro Goiano produziu 998,92 milhões de litros de leite, 32% da produção goiana em 2021, sendo a segunda maior mesorregião produtora do Estado.
Pensando em minimizar os riscos a que os produtores goianos estão submetidos, o Estado propôs à Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) uma iniciativa ousada. A matéria visa retirar benefícios fiscais de empresas do setor lácteo que optarem pela importação de leite.
O texto foi aprovado sem dificuldades pelo Legislativo. Um dos entusiastas da ideia, o deputado Amauri Ribeiro (UB) saiu em defesa dos produtores ao discutir o assunto na Casa de Leis. Para ele, a atual crise no segmento é a maior já enfrentada não só em Goiás, mas em também em outros estados. Ribeiro destacou a importância da produção leiteira para a economia, em especial em zonas rurais, e relatou que vários desses produtores estão abandonando a atividade.
Segundo ele, dada a importância do leite para o País, é necessária uma política pública federal específica para o setor, assim como já existe para outros produtos como o milho e a soja. Ribeiro citou a questão da importação de produtos análogos que são vendidos como laticínios. “Isso está sendo vendido de forma inconsequente”, afirmou.
De acordo com o parlamentar, a iniciativa legislativa tem enfrentado resistência pela indústria leiteira em Goiás. Entretanto, afirma o parlamentar, “nós não estamos aqui para defender a indústria, estamos aqui para defender nossos produtores, que estão sendo sacrificados”, concluiu.