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domingo, 24 de novembro de 2024
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Eleições

Pesquisas eleitorais são fundamentais para desenvolvimento de estratégias, diz especialista

“Forma mais segura e científica de fazer com que os candidatos se ajustem às expectativas da população eleitoral”

Postado em 20 de março de 2024 por Francisco Costa
“Pesquisar sempre é importante

Criticadas por alguns segmentos, mas amplamente difundidas em diferentes momentos, as pesquisas eleitorais são as mais diversas e ocorrem pelos mais variados institutos. O instrumento é feito com regras e ciência e tem seus intuitos. Além disso, é de suma importância, especialmente, para os pré-candidatos e candidatos de um pleito.

Luiz Signates é doutor em Ciências da Comunicação e especialista em Políticas Públicas. Com amplo conhecimento sobre o tema (atuado nele, inclusive), ele explica que as pesquisas eleitorais servem para um conhecimento realista do eleitorado, fundamental para o desenvolvimento de estratégias de campanha.

“As quantitativas, de intenção de voto, para mensurar uma antecipação dos resultados e obter alguns indicadores de aprovação e rejeição; e as qualitativas, para verificar o humor do eleitorado, em relação aos candidatos, e as principais demandas, contribuindo, assim, para ajustar o discurso e os compromissos da candidatura”, enumera. “As pesquisas são, portanto, a forma mais segura e científica de fazer com que os candidatos se ajustem às expectativas da população eleitoral.”

O professor também discorre sobre a importância da ferramenta, mesmo em tempos distantes das eleições. É preciso dizer, já saíram, até mesmo, levantamentos sobre o pleito de 2026, quando ocorrerá uma nova corrida pelo Palácio do Planalto.

“Pesquisar sempre é importante, porque, diante de um projeto sério e dispendioso, como é uma proposição de candidatura em eleições de um País do tamanho do Brasil, saber é melhor do que não saber. Ainda que a pesquisa indique que não é preciso fazer nada, que é mais proveitoso deixar as coisas como estão – o que, aliás, dificilmente acontece”, elabora.

Para ele, a distância temporal da data das eleições só interfere na qualidade e na utilidade de cada tipo de pesquisa. Muito distantes do pleito, as pesquisas quantitativas são menos úteis e menos confiáveis, pois, fora do contexto eleitoral, quando não há candidaturas, nem propaganda eleitoral, nem gente assediando os eleitores pedindo voto, o que se pergunta ao eleitor é uma ficção: “Em quem ele votaria se a eleição fosse hoje?”, cita.

“Ora, se a eleição não é hoje, se não há candidaturas explicitadas, se o eleitor não estiver informado do que esteja acontecendo nos bastidores e, sobretudo, se ele é o tipo de eleitor que nem aprecia a política como assunto, esse entrevistado irá responder o que ele sabe, isto é, quem ele conhece, e não obrigatoriamente em quem ele votaria”, argumenta. Desta forma, Signates aponta que nesses casos, o levantamento é de popularidade e não mede, de fato, o voto. Ainda assim, reforça que é indispensável dentro do processo eleitoral e, quanto mais perto for a eleição, mais importante ela se torna.

Em relação as qualitativas, estas seguem para outro lado, conforme o especialista. Estas, segundo ele, sondam os desejos e sentimentos do eleitorado, e servem para a estruturação de compromissos e discursos, para o posicionamento de imagem dos candidatos e das gestões governamentais. Para ele, isso as torna muito úteis quando as eleições estão distantes, pois orientam aquilo que é possível mudar no ânimo do eleitorado. “Faz-se pesquisas qualitativas até a um mês do pleito. Depois, ela começa a perder finalidade, pois às vésperas do pleito já não há mais possibilidade de interferir tanto no sentimento do eleitor, para fazê-lo mudar o voto.” De acordo com ele, as candidaturas profissionalizadas pesquisam o tempo todo para errarem o menos possível e ampliar ao máximo as chances de vitória.

Impactos

“Estar na frente ou estar atrás, em uma refrega eleitoral, é uma questão de circunstância”, ressalta Signates. “A pesquisa, se for bem feita, beneficiará sempre quem a fizer e, caso as candidaturas adversárias não se abasteçam com esse tipo de informação ou, mais grave ainda, a obtenham de fontes não confiáveis, isso aumenta as chances de quem trabalha com pesquisa boa.”

O professor revela que já viu resultados de pesquisas que ele fez, bem aproveitados, mudarem o curso de processos eleitorais e, em alguns casos, reverterem derrotas tidas como certas. O impacto de pesquisas nos processos eleitorais, ele reitera, está justamente naquilo que a informação segura pode trazer às estratégias eleitorais: redução das chances de insucesso.

Questionado sobre como reconhecer uma pesquisa idônea, ele cita que se trata de uma atividade altamente especializada. Ou seja, não é qualquer um que sabe e pode fazer. “Pesquisas qualitativas devem ser feitas por pessoas com alta formação, preferencialmente com formação científica em nível de doutorado. Especialistas e mestres podem ser bons entrevistadores ou mediadores, mas a alta formação é indispensável, sobretudo nos procedimentos de análise, dificílimos de serem corretamente feitos e, se errados, podem resultar em consequências gravíssimas para a orientação da campanha.”

Já as quantitativas não exigem tanta formação, mas devem ser orientadas por profissionais que dominem, no mínimo, o conhecimento de fatores socioeconômicos da população e de princípios fundamentais da estatística aplicada. Para ele, sem uma adequada distribuição amostral (saber a quem entrevistar, dentro da população pesquisada), sem a aplicação correta dos questionários e sem o devido tratamento estatístico dos dados, os resultados podem ser falsos.

Assim, as pessoas leigas devem verificar a formação intelectual, o conhecimento metodológico e a experiência dos coordenadores dos institutos, antes de contratá-los. Trata-se de uma atividade que parece fácil, mas não é, e que, por ser originária do meio científico, demanda critérios de alta formação acadêmica, para que se possa assegurar os resultados”, arremata.

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