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sexta-feira, 22 de novembro de 2024
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Tempestade de Preços

Condições climáticas afetam oferta de frutas e hortaliças

Clima atrasou o plantio dos produtos, e com isso, a entrada da safra das águas com maior intensidade tende a ocorrer de forma tardia

Postado em 26 de março de 2024 por Alexandre Paes
Para as frutas analisadas

O aumento significativo das temperaturas em áreas estratégicas ligadas a produção de tomate, juntamente com as chuvas intensas nas regiões onde se cultiva cebola, tiveram impacto direto na disponibilidade desses alimentos nos principais centros de distribuição, resultando em uma elevação nos preços de venda no último período. Essa análise é apresentada no terceiro relatório do Programa Brasileiro de Modernização do Mercado Hortigranjeiro (Prohort), divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

O aumento da temperatura em janeiro resultou em uma aceleração do processo de amadurecimento do tomate, resultando em uma maior disponibilidade do fruto no início do ano. Como consequência, a oferta de tomate foi reduzida em fevereiro, indicando o fim da safra de verão, que é normalmente substituída pela safra de inverno apenas em março ou abril.

Em relação à cebola, espera-se um aumento nos preços devido à disponibilidade limitada do produto no mercado, sendo a maior parte proveniente do sul do país, em especial de Santa Catarina, onde a importação de cebolas também tem impacto no aumento dos preços.

O aumento da oferta de raízes nas Centrais de Abastecimento (Ceasas) analisadas é um dos motivos que justifica essa redução. Com o aumento da colheita nos estados produtores, é possível concluir que houve menos deslocamento do produto, o que resultou em redução de custos.

Já no caso da batata, os preços se elevaram, mas em menor intensidade se comparado com janeiro deste ano e dezembro de 2023. Esse arrefecimento da alta é justificado pela maior oferta do tubérculo. Vale destacar que o clima atrasou o plantio do produto e com isso a entrada da safra das águas com maior intensidade tende a ocorrer de forma mais tardia. No início de março, os preços na maioria das Ceasas analisadas, apresenta comportamento descendente, um indício de que a safra das águas tem seu ritmo de colheita acelerado, aumentando a disponibilidade do tubérculo nos mercados.

Para as frutas analisadas, a maior alta ficou para a banana, com uma elevação na média ponderada de 20,41%. Ventanias e tempestades que prejudicaram os bananais da variedade nanica nas principais regiões produtoras, do norte catarinense ao Vale do Ribeira/SP reduzindo a oferta da fruta. Já a disponibilidade da prata é afetada pela entressafra pela qual passa a produção.

Para o mercado de laranja, fevereiro foi caracterizado pela elevação das cotações e oscilação da comercialização, em meio à continuidade da escassez da fruta nos pomares. Mesmo com a desaceleração dos pedidos da indústria, a colheita de laranja para o atacado e varejo continuou baixa, pressionando ainda mais as cotações – em meio à boa demanda em virtude do calor. 

Cenário semelhante foi verificado para a maçã, com instabilidade nas vendas e alta nos preços. A colheita da variedade gala foi intensificada no mês, em meio a dificuldades, em alguns momentos, com chuvas nas regiões dos pomares, o que atrasou as atividades. Já para a variedade fuji a colheita deve ser iniciada na segunda quinzena de março.  Em março e abril espera-se que aumente a disponibilidade de frutas já classificadas e, tanto da variedade fuji quanto gala e, assim, ocorra suave queda de preços em algumas centrais de abastecimento.

Por outro lado, mamão e melancia tiveram movimento de queda nos preços. Para o mamão, a demanda esteve fraca e a oferta aumentou bastante na primeira quinzena de fevereiro. Essa maior disponibilidade pode ser explicada pelas as chuvas no sul baiano e norte capixaba, aliado ao calor na região, o que pode ter acelerado o amadurecimento da fruta. Já no pós-carnaval, a oferta diminuiu gradualmente, assim como a demanda melhorou levemente.

A melancia também registrou movimentos diferentes ao longo do mês passado. Na primeira parte de fevereiro, a colheita foi mais contida nas praças gaúchas, pois o calor causou perda de qualidade e queimadura nas cascas, aumentando a necessidade de irrigação e, assim, implicando elevação dos custos de produção. Já na segunda parte do mês as chuvas voltaram, auxiliando no desenvolvimento das frutas e aumentando a oferta.

No acumulado do de janeiro e fevereiro de 2024, foram enviadas ao exterior 156,3 mil toneladas de frutas, volume estável em relação ao registrado nos dois primeiros meses de 2023, e o faturamento foi de U$S 176,9 milhões, superior 13,7% em relação ao primeiro bimestre de 2023 e de 20% em relação ao mesmo período de 2022.

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